A obesidade é uma doença crônica (não tem cura, mas pode ser controlada) que afeta mais de 50 milhões de pessoas no Brasil. Além de prejudicar a qualidade de vida, aumenta o risco de morte precoce e favorece o desenvolvimento de condições graves como diabetes, infarto, AVC e alguns tipos de câncer.

Cada vez mais, a ciência deixa claro que o excesso de peso é um problema complexo e vai muito além dos estereótipos e preconceitos que costumam ser associados a ele. Justamente por isso, precisa ser abordado de forma aprofundada, mostrando toda a jornada dos pacientes, desde as raízes —que vão muito além da má alimentação e do sedentarismo, como muitas pessoas ainda imaginam — até o tratamento, que requer tempo, compreensão e empatia.

Foi essa a proposta do evento Obesidade: da compreensão à ação, realizado por VivaBem, plataforma de saúde e bem-estar do UOL, no último dia 17 de setembro. Ele reuniu especialistas e convidados especiais, como a atriz Cacau Protásio, para trocar conhecimentos sobre o impacto da doença e compartilhar experiências. O encontro foi apresentado pela jornalista e colunista do UOL Cris Guterres, que, inclusive, vive sua própria jornada contra a obesidade. Confira tudo o que rolou a seguir.

Obesidade: da compreensão à ação teve patrocínio de "Meu Peso, Minha Jornada", uma iniciativa Novo Nordisk, e apoio da Alice.

Com 140 kg, a atriz Cacau Protásio emagreceu 28 kg para desfilar como musa do Salgueiro no Carnaval deste ano.

Atualmente com 110 kg, ela segue firme em sua jornada contra a obesidade. Durante o bate-papo com a jornalista Cris Guterres (confira no vídeo acima), Cacau falou com bom humor e sem preconceitos sobre assuntos fundamentais para quem sofre da doença, como a importância de estabelecer metas e receber um tratamento multidisciplinar. "Procurei cinco especialistas: psiquiatra, psicóloga, cardiologista, nutróloga e nutricionista."

A humorista disse ainda que quem precisa emagrecer deve tomar uma atitude imediatamente, não dá para ficar esperando o "momento ideal", pois ele nunca chega.

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Mari Pekin/UOL


Eu sou apaixonada pelo Carnaval. Fui convidada pra desfilar e falei : 'Gente, musa gordinha, ok. Mas musa que não samba, que não tem disposição, não tem como.' E foi aí que eu decidi fazer um tratamento pra emagrecer. Para perder peso você não pode esperar o fim do mês, tem que começar agora"



Uma pesquisa recente da Fiocruz mostra que 22% da população brasileira tem obesidade e, em duas décadas, esse número chegará a 48%. É preciso, portanto, falar menos sobre estética e mais sobre questões como fatores de risco, necessidade de tratamento multidisciplinar, motivação e pressão social e ambiental.

"Obesidade não é só um número na balança, não é só uma questão de contar calorias para perder peso, mas uma doença crônica e complexa, que envolve diversos fatores", deixou claro a jornalista Lúcia Helena de Oliveira, colunista de VivaBem, moderadora do painel "A jornada na luta contra a obesidade".

Na conversa, os especialistas deixaram claro que a dificuldade em controlar o peso não tem nada a ver com preguiça ou falta de força de vontade, como muitos acreditam.

"Existe a questão da atividade física, o ambiente alimentar, a poluição do ar, situações de estresse, aspectos emocionais, características psicológicas e até a microbiota intestinal —é uma carga biológica muito grande", explicou a endocrinologista Maria Edna de Melo.

Por isso, além de contar com profissionais diversos, como endocrinologista, nutricionista, profissional de educação física, psiquiatra e psicólogo, quem começa a tratar a obesidade deve fugir de promessas milagrosas e focar nos aspectos positivos da jornada, como coisas que a pessoa consegue começar a fazer quando emagrece (brincar com o filho, subir escadas, deixar de sentir dores).

Confira no vídeo acima tudo o que foi discutido no painel, que teve a participação do influenciador e fotógrafo Matheus Granado, do médico psiquiatra Daniel Martinez e da médica Maria Edna de Melo, endocrinologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

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Vencer a obesidade é vencer milhares de microproblemas todos os dias

Matheus Granado, influenciador e fotógrafo

Não é somente o quanto de peso que você perde, mas sim o quanto de vida você ganha

Daniel Martinez, psiquiatra

Não basta só querer ou não querer, não se trata de força de vontade

Maria Edna de Melo, endocrinologista



Além de ser uma doença, a obesidade é um gatilho para o desenvolvimento de diversas outras condições, como problemas cardiovasculares (hipertensão, infarto, AVC), diabetes, vários tipos de câncer, complicações ortopédicas, apneia do sono etc.

Por isso, no painel "Obesidade e outras doenças crônicas", a endocrinologista Cintia Cercato fez questão de desbancar um dos principais mitos relacionados à obesidade: o de que o excesso de peso é inofensivo quando os exames clínicos não mostram outros problemas --como taxas de colesterol, pressão arterial ou glicemia elevadas.

"Algumas coisas chegam antes, outras depois, mas a conta vai chegar", concordou o cardiologista André Feldman. "Por isso, temos que olhar lá para frente."

Para tratar a doença e evitar complicações, os especialistas reforçaram que não é preciso chegar ao "peso normal". Quando muda hábitos e consegue emagrecer um pouco, a pessoa já colhe diversos benefícios à saúde.

O painel teve a participação de Cintia Cercato, endocrinologista do Grupo de Obesidade do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP; André Feldman, cardiologista e doutor em ciências médicas ; Caio Santiago Moisés, médico preceptor da disciplina de endocrinologia e metabologia do HC-FMUSP ; e Bruno Salomão, chef de cozinha e apresentador do canal do YouTube Cansei de Ser Chef.

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Chequei a 168 kg e sentia muitas dores, tinha insônia, pré-diabetes, pressão alta. Estava no fundo do poço quando decidi começar minha jornada de emagrecimento

Bruno Salomão, chef e youtuber

Para ganhar saúde, você não precisa chegar no peso ideal - o importante é ter um estilo de vida melhor

Cintia Cercato, endocrinologista

Não existe receita nem um método único, o tratamento deve ser individualizado

Caio Santiago Moisés, endocrinologista

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