Durante o começo da pandemia no Brasil, em março de 2020, a estudante Maria Clara da Paixão Nogueira, na época com 13 anos, teve uma pneumonia bacteriana. Antes do diagnóstico correto, porém, a mãe da adolescente, a dona de casa Valquíria Alves da Paixão, 43, conta que os médicos afirmaram que Maria Clara estava com uma crise de ansiedade por conta das informações sobre a pandemia na TV.
"Não é nada", disseram ao mandar a jovem para casa com algumas medicações após ela ter ido duas vezes a uma UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) em Salvador. A adolescente apresentava sintomas como palidez, febre alta, diarreia, baixa saturação, cansaço e uma fraqueza que a impossibilitava de ficar em pé.
No dia seguinte, Valquíria levou a filha em outra UPA e, durante a triagem, foi levantada a suspeita de covid. Ela foi transferida para um hospital onde realizou o teste RT-PCR, que deu negativo. "Falaram que iam fazer alguns procedimentos nela e pediram para eu aguardar. Quando me chamaram algumas horas depois para vê-la na UTI, fiquei em choque, ela tinha sido intubada e estava cheia de aparelhos", conta a mãe, que ficou desesperada com a situação.
Foi nesse momento que Valquíria descobriu que a filha, hoje com 15 anos, estava com pneumonia.
Me disseram que o estado dela era muito grave, que ela corria risco de vida, mas que eles fariam de tudo para salvá-la.
Maria Clara foi transferida para outro hospital onde teve várias intercorrências e desenvolveu uma pneumonia necrosante. Esse tipo, diz a pneumopediatra Edna Lúcia Souza, decorre de uma complicação grave da pneumonia que faz com que parte do pulmão seja "destruída" e ocorre em casos causados por bactérias.