Uma fada aparece a um invejoso e diz que pode conceder a ele tudo o que quiser, com a condição de que seu vizinho ganharia o dobro do que o invejoso desejasse. Ao saber disso, o homem pede à fada que lhe arranque um olho.
É com o exemplo dessa fábula que a psicanalista Melanie Klein desenrola seu livro "Inveja e Gratidão", publicado em 1974, e que explica bem o comportamento e mentalidade do invejoso.
Presente nos livros sagrados, na mitologia e retratada na história desde as épocas mais remotas, a inveja é um sentimento inerente ao homem. Invejar é sentir raiva quando alguém tem algo que você gostaria de ter e, mais do que isso, querer que essa pessoa se dê mal. Você já deve ter ouvido falar em "olho-gordo", "seca-pimenteira" ou "mau-olhado". São termos folclóricos que se referem à inveja: o poder de levar má sorte àquele que possui algo que é objeto de desejo.
Esse é um sentimento que, em maior ou menor intensidade, todos sentimos. Isso não quer dizer que toda pessoa seja invejosa. Mas existem indivíduos que sentem a inveja de uma forma tão intensa que chega a ser tóxica e precisa de tratamento. Em muitos casos, essa pessoa sofre do transtorno de personalidade narcisista, uma condição mental em que ela superestima a sua importância, colocando-se acima das demais, sem empatia e com a necessidade de atenção, admiração e reconhecimento exagerada, o tempo todo.