Um médico que se recusa a atender uma mulher durante um exame. Uma gestante que recebe menos anestesia no parto. Um homem que é questionado sobre a eficácia do xampu dermatológico por causa de seu cabelo. Todas essas histórias poderiam ser fatos isolados, mas têm algo em comum: os pacientes são negros.
O ano de 2020 teve episódios marcantes de racismo em todas as esferas. E, infelizmente, casos de violência e discriminação contra negros também são frequentes na saúde. Estudos mostram que o racismo e a desigualdade social são barreiras que dificultam o acesso a tratamentos de qualidade e medicamentos, o que afeta diretamente as condições de saúde dos negros no Brasil. Isso resulta na diminuição da expectativa de vida: estima-se que brancos vivam, em média, cerca de três anos a mais do que pretos.
Vale lembrar que o Brasil é o maior país do mundo em população afrodescendente fora da África. De acordo com o IBGE (2019), 46,8% se autodeclararam como pardos e 9,4% como pretos. A soma constitui a maioria dos brasileiros: 56,2%.
Mas como estão os cuidados com a saúde dessa população? Implantada em 2009 com o intuito de combater o racismo institucional no SUS (Sistema Único de Saúde), a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra mostra que 11,9% dos negros já se sentiram discriminados em um serviço de saúde. Aponta ainda a precocidade das mortes em negros, as doenças mais frequentes, os altos índices de violência obstétrica e mortalidade materna e infantil.