Muitos pensam que os padres são verdadeiros "super-heróis", sempre calmos e serenos. Mas os sacerdotes são como todos nós: adoecem, ficam tristes, estressados, têm depressão e podem encontrar o fundo do poço. Não há fé que os proteja disso.
Um exemplo entre muitos é Patrick Fernandes, de 35 anos. Em 2019, o padre apresentou sintomas da depressão. Não tinha vontade de fazer nada, mal queria sair da cama. Emagreceu e passou a descuidar da própria aparência.
Patrick não conseguia se concentrar nas atividades da Paróquia São Sebastião, em Parauapebas, sudeste do Pará, onde vive. Começou a faltar a compromissos e inventar desculpas para ficar cada vez mais isolado. Era um verdadeiro "sacrifício", nas palavras dele, ouvir as pessoas e até celebrar missas. Perdeu o prazer no que, antes, era motivo de alegria.
O que eu mais gostava era chegar em casa e ir para o quarto, torcendo para que não houvesse o amanhã. Assim, não precisaria enfrentar tudo de novo. Padre Patrick
Uma psicóloga que frequentava a paróquia notou que Patrick não estava bem. Ela ofereceu ajuda, mas o padre não aceitou, pois só queria ficar cada vez mais afastado das pessoas.
O sacerdote só resolveu fazer algo após o que define como "a noite mais longa" de sua vida. "A dor chegou com muita força", disse o padre.
Conversou com a psicóloga e reagiu. Recebeu o diagnóstico de depressão de um psiquiatra, começou a fazer terapia e a usar medicamentos.