No início da pandemia de covid-19, uma grande preocupação de psicólogos e psiquiatras era que a mudança brusca de rotina, a diminuição de renda e as medidas de isolamento social para barrar o avanço do coronavírus prejudicassem a saúde mental da população e elevassem o número de casos de depressão, ansiedade e até de suicídio.
Apesar dessa expectativa pela "quarta onda da pandemia" —chamada assim pois os problemas psiquiátricos poderiam permanecer mesmo após as três primeiras ondas de infecções pelo coronavírus—, estudos mostram que, ao longo do primeiro ano pandêmico, a covid-19 não gerou grandes prejuízos para o bem-estar mental de quem não tinha transtornos mentais diagnosticados previamente. Os sintomas, na verdade, só se agravaram em quem já sofria de doenças como depressão, ansiedade, transtorno bipolar etc.
São muitas as possíveis razões para a "quarta onda" não ter sido devastadora —na verdade, nem sabemos ao certo os números dela, já que ainda é algo raro no mundo a contabilização precisa dos transtornos mentais e de mortes provocadas por eles. Porém, com a falta de perspectiva para o fim da pandemia, especialistas temem que a situação se agrave, especialmente para os brasileiros, que nesse momento já enterraram 400 mil pais, mães, irmãos e amigos por causa da covid-19, enquanto assistiam seu governo desacreditar da doença, defender tratamentos ineficazes e, agora, impor morosidade à vacinação.