O nascimento de um bebê costuma vir acompanhado de muita alegria para a família. Mas, para parte das mulheres, também pode trazer um intenso sofrimento. A depressão pós-parto acomete entre 10% e 20% das mães e, muitas vezes, tem início ainda na gestação —dados da American Psychiatric Association indicam que 50% dos casos se desenvolveram no início da gravidez. Por isso, o problema também é chamado de "depressão perinatal".
No Brasil, a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) estima que uma em cada quatro mulheres vai desenvolver o quadro —visto ainda como tabu e pouco abordado nas conversas familiares. "A mulher é muito julgada por ter esse comportamento num período que deveria ser 'mágico' na vida dela", afirma Joel Rennó Jr., diretor do Programa de Saúde Mental da Mulher do IPq-HCFMUSP (Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo). "Por isso, é comum que elas guardem os sentimentos para si."
Não à toa, a doença pode levar tempo até ser (quando é) diagnosticada, o que atrapalha a recuperação. "Se não tratado ainda nos primeiros meses, o risco de o quadro se tornar crônico aumenta bastante", diz Renata Lopes, obstetra especialista em medicina fetal e gestação de alto risco de São Paulo. "Isso eleva o sofrimento da mulher e ainda torna o tratamento mais complexo."