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Autores de estudo sobre hidroxicloroquina retiram artigo da The Lancet

8.abr.2020 - Farmacêutica segura embalagem de Plaquénil, hidroxicloroquina produzida pela empresa francesa Sanofi - Alain Pitton/NurPhoto via Getty Images
8.abr.2020 - Farmacêutica segura embalagem de Plaquénil, hidroxicloroquina produzida pela empresa francesa Sanofi Imagem: Alain Pitton/NurPhoto via Getty Images

04/06/2020 17h03Atualizada em 04/06/2020 19h51

Três autores de um artigo que constatou que a hidroxicloroquina aumentou o risco de morte em pacientes com covid-19 retiraram o estudo da The Lancet, onde foi publicado na semana passada, mencionando preocupações com a qualidade dos dados por trás dele.

O medicamento para tratamento da malária tem sido controverso em parte devido ao apoio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, bem como as implicações no estudo publicado na Lancet.

Os três autores afirmaram que a Surgisphere, a empresa que forneceu os dados, não iria transferir o conjunto completo de dados para uma análise independente e "não podem mais garantir a veracidade das fontes primárias de dados".

O quarto autor do estudo, o doutor Sapan Desai, CEO da Surgisphere, recusou-se a comentar sobre a retirada.

O estudo observacional analisou 96 mil pacientes hospitalizados com coronavírus, alguns tratados com a hidroxicloroquina. O artigo relatou que aqueles tratados com o remédio apresentavam maior risco de morte e problemas no ritmo cardíaco do que os pacientes que não receberam o medicamento.

Vários ensaios clínicos foram suspensos após a publicação do estudo. A Organização Mundial da Saúde (OMS), que interrompeu os testes com hidroxicloroquina após a divulgação do estudo da revista Lancet, disse na ontem que estava pronta para retomar os testes.

Muitos cientistas manifestaram preocupação com o estudo. Aproximadamente 150 médicos assinaram uma carta aberta à Lancet na semana passada, questionando as conclusões do artigo e solicitando que tornasse público os comentários de revisão dos pares, que precederam a publicação.

"Eu não fiz o suficiente para garantir que a fonte de dados fosse apropriada para esse uso", disse o principal autor do estudo, o professor Mandeep Mehra, da Harvard Medical School, em comunicado. "Por isso e por todas as interrupções —direta e indiretamente—, sinto muito."

A empresa Surgisphere não estava disponível imediatamente para comentar.

A Lancet disse em comunicado que "existem muitas questões pendentes sobre a Surgisphere e os dados que supostamente foram incluídos neste estudo".