Coronavírus: EUA recrutam cientistas brasileiros para testes de vacina
O projeto de vacina contra coronavírus do governo Trump está recrutando cientistas da África do Sul e da América Latina, entre eles brasileiros, para ajudar a testar possíveis vacinas em testes clínicos apoiados pelos Estados Unidos, prometendo facilitar o acesso de seus países a quaisquer produtos bem-sucedidos, segundo informações obtidas na Reuters.
Moncef Slaoui, ex-executivo da indústria de remédios que lidera a Operação Warp Speed (velocidade de dobra, em uma tradução livre), uma colaboração multibilionária entre o governo federal e farmacêuticas, assumiu o compromisso com cientistas internacionais no final do mês passado, disseram duas pessoas a par do assunto.
Pesquisadores da África do Sul, México, Brasil, Peru e Argentina estão conversando para se unirem às suas contrapartes norte-americanas na realização de testes de larga escala de uma vacina experimental da Johnson & Johnson em humanos no começo de setembro, de acordo com meia dúzia de autoridades governamentais e cientistas com conhecimento da iniciativa.
No caso do Brasil, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) está em negociações para participar do estudo da J&J, disse à Reuters Marco Krieger, vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz. Ele disse, no entanto, que ainda não há garantias sobre o possível acesso à vacina.
Até agora, o governo dos EUA comprometeu quase 11 bilhões de dólares com o custeio do desenvolvimento, dos testes, da fabricação e do armazenamento de centenas de milhões de doses de vacina contra a covid-19. Além da J&J, ele está trabalhando com farmacêuticas como Moderna Inc, Novavax Inc e AstraZeneca PLC para coordenar testes clínicos de estágio avançado de larga escala.
Dezenas de milhares de voluntários precisam ser recrutados, e cientistas envolvidos disseram que faz sentido testar as vacinas para verificar sua segurança e eficiência em populações diversificadas, inclusive em outros países. Autoridades de saúde dos EUA acreditam que uma vacina bem-sucedida será identificada até o início de 2021.
Não ficou claro quais compromissos específicos foram assumidos com a África do Sul e com países latino-americanos, se é que foram. A vantagem de trabalhar com a Operação Warp Speed, que está apoiando ao menos meia dúzia de vacinas em potencial, é que ela aumenta as chances de parceiros internacionais receberem um produto eficiente.
O presidente dos EUA, Donald Trump, aventou a possibilidade de compartilhar o suprimento de vacinas de seu país ao anunciar a formação da operação em maio, mas sem dar detalhes. No início desta semana, o secretário de Saúde, Alex Azar, disse que qualquer vacina contra a covid-19 norte-americana será compartilhada "justamente" em todo o mundo depois que as necessidades dos EUA forem supridas.
Os cientistas internacionais que se preparam para participar trabalham com pesquisadores de vacinas dos EUA há anos e querem garantias de que seus países terão acesso às vacinas da Operação Warp Speed.
Uma porta-voz da Secretaria de Saúde dos EUA, que ajuda a supervisionar a operação, não respondeu a perguntas sobre o trabalho do projeto com nenhum país em particular, mas confirmou que Slaoui está comprometido em garantir que os parceiros estrangeiros tenham acesso a vacinas.
Agências de saúde globais lamentaram a pressa dos EUA e de outros países ricos para assegurar doses de vacinas antecipadamente por meio de acordos diretos com farmacêuticas. As agências dizem que deveria haver uma distribuição mundial de vacinas com base no risco de infecção e querem fazer com que nações mais pobres tenham acesso.
O coronavírus já infectou cerca de 21 milhões de pessoas e matou quase 750 mil em todo o mundo.
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