Sem Frescura: por que me irrito tanto com barulho? Isso é um problema?
Vizinhos martelando a parede, mastigação, respiração. Esses barulhos podem ser fonte de uma irritação além do normal para algumas pessoas. E não, não é frescura. Sofrer com o som pode, sim, ser um problema de saúde.
Um deles é a chamada hiperacusia. É quando uma pessoa é mais sensível à intensidade dos sons, podendo se incomodar mais com barulhos que muitas pessoas considerariam baixos.
Além disso, há a chamada misofonia, que também é conhecida por síndrome da sensibilidade seletiva aos sons. Nesse caso, a pessoa se incomoda com o tipo específico de som, independentemente do volume.
A misofonia ocorre quando há uma conexão entre os sons e emoções desfavoráveis. Isso acontece via sistema límbico, a área do sistema nervoso que faz parte da construção das emoções.
Ao ouvir alguns tipos de barulho, o corpo libera uma descarga de neurotransmissores que resultam em alguns sintomas, entre eles as reações emocionais, como raiva, ansiedade e irritação, ou até reações físicas, como taquicardia e agressividade. Um exemplo clássico de quando isso acontece é quando alguém arranha um quadro negro.
A boa notícia é que, até certo ponto, isso é algo normal, já que uma das funções do cérebro é justamente fazer essa associação entre sons e emoções.
Agora, quando isso começa a ocorrer com vários sons "normais", como tosse, mastigação e barulho de talheres, as coisas ficam mais problemáticas. Especialmente porque isso tende a causar impactos na qualidade de vida, gerando medo, estresse e isolamento social.
O motivo exato para que esse excesso de sensibilidade ocorra ainda não é definido. Mas uma das hipóteses é que haja influência genética para a manifestação da misofonia, já que há casos relatados dentro de uma mesma família.
De qualquer maneira, mesmo sem saber o que realmente causa o problema, ele pode ser atenuado por meio de alguns tratamentos. Eles envolvem desde a uma exposição controlada aos sons que causam incômodo, para que haja uma dessensibilização, até psicoterapia e outras medidas de relaxamento, como meditação.
Um profissional de otorrinolaringologia, entretanto, é o especialista no assunto e deve ser consultado nesses casos. Dessa forma, o paciente garante o encaminhamento médico necessário para que o problema seja tratado.
Roteiro: Rodrigo Lara. Fontes: Eduardo Bogaz, otorrinolaringologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo; Elias Lobo Braga, médico otorrinolaringologista da DaVita Serviços Médicos; Fernão Costa, otorrinolaringologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo e Adriana Chaves, otorrinolaringologia do Fleury Medicina e Saúde.
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