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Por que tanta gente tem HPV? Quem já pegou fica com o vírus para sempre?

Mais Sem Frescura
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Gabriela Ingrid

Do VivaBem, em São Paulo

07/12/2020 04h00

Você sabia que é bastante provável que já tenha tido uma infecção por HPV? Pois é, isso parece um pouco assustador, mas é algo totalmente normal.

O papilomavírus humano é relatado desde a Grécia Antiga e, geralmente, ele atinge pessoas com vida sexual ativa. Uma de suas principais características é ser bastante transmissível, tanto que no Brasil há registros de 2 milhões de casos todo ano.

Essa transmissão ocorre, principalmente, por via sexual e envolve praticamente toda modalidade, seja o sexo vaginal, anal, oral, e até mesmo ao masturbar sua parceira ou parceiro. Até mesmo aquela pegação "inocente" pode transmitir o vírus.

Uma vez em contato com vírus, a pessoa pode ter três tipos de infecção pelo HPV. Uma delas é a latente, quando se detecta o vírus, mas a sua presença não causa nenhum tipo de lesão ou percepção clínica. Um segundo tipo é a chamada subclínica, quando alterações só são descobertas por exames mais detalhados, como papanicolau e colposcopia. O último caso, mais sério, é quando há infecção clínica e lesões, que pode surgir na forma de verrugas.

As verrugas podem aparecer em diferentes lugares. Nas mulheres, é comum elas surgirem no colo do útero e nas paredes vaginais. Já nos homens elas aparecem na maioria das vezes no pênis, mas podem ocorrer no ânus, bolsa escrotal, boca ou garganta.

Independentemente do quadro clínico, o HPV é um vírus lento, o que implica que qualquer consequência da sua infecção demora para aparecer. Dependendo do caso, o tratamento será diferente e um dos principais intuitos é eliminar as verrugas. Elas podem ser tratadas através de cauterizações com substâncias químicas, eletrocautério ou laser.

O tratamento, em si, não elimina o HPV, mas na maioria dos casos o corpo da pessoa expulsa o vírus em cerca de dois anos. Acredita-se que cerca de 80% das pessoas infectadas pelo HPV são capazes de eliminar o vírus de maneira espontânea, por meio de uma resposta imunológica eficiente.

Porém em cerca de 20% dos casos a presença do vírus no organismo pode se tornar crônica e ocasionar o aparecimento de lesões de baixo grau, quando infectadas pelo grupo de baixo risco, ou lesões de alto grau, quando infectadas pelo grupo de alto risco oncogênico. Elas são chamadas de infecções persistentes.

Esses casos, inclusive, são os que demandam mais atenção, pois podem evoluir para quadros de câncer, que podem ser de colo de útero nas mulher e de pênis nos homens.

A parte boa dessa história é que, com o devido acompanhamento médico, é possível detectar o HPV e tratar suas consequências com antecedência. Outro ponto simples são as formas de se precaver da infecção.

Uma delas é a vacina, que tem distribuição gratuita pelo SUS e é mais eficiente para quem ainda não tem uma vida sexual ativa. Mas pessoas mais velhas também deveriam tomar, mesmo que o corpo não produza a mesma carga de anticorpos de quando se é mais jovem. E, claro, a mais óbvia: sempre usar preservativo em qualquer contato sexual.

Roteiro: Rodrigo Lara. Fontes: Laura de Freitas, doutora em biociências e biotecnologia pela Unesp (Universidade Estadual Paulista) e cofundadora do canal do YouTube Nunca vi 1 Cientista; Alexandre Pupo, ginecologista e obstetra do Hospital Sírio Libanês e Hospital Albert Einstein; Waldemar Carvalho, ginecologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo; Ismael Dale, ginecologista do Fleury Medicina e Saúde; Dayana Couto, ginecologista, obstetra e especialista em reprodução humana do Grupo Huntington; Juliano Naliato, médico ginecologista e obstetra da DaVita Serviços Médicos; Rogério Felizi, ginecologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.