'Favela venceu': festa da Imperatriz tem 15 mil cervejas, brinde e lotação
Não era fácil entrar na quadra da escola de samba Imperatriz Leopoldinense na noite desta quarta de cinzas. Após 22 anos, a verde e branco de Ramos, na Zona Norte do Rio, soltou o grito de campeã entalado na garganta.
Às 19h já não cabia mais ninguém na quadra visualmente. O empurra-empurra da entrada, que causou um princípio de confusão e banhos de cerveja involuntários, era superado pelo samba no pé da comunidade dentro da quadra. Até brindes, com camisas, eram jogadas do palco.
No total, 15 mil latinhas de cerveja a disposição da comunidade garantem levar a festa até o dia raiar ou até "eles aguentarem cantar o samba", disse a presidente Catia Drumond.
"O trabalho foi bem feito, a gente estava há 22 anos sem o título para Ramos e Complexo do Alemão", continuou.
Catia destacou a participação da comunidade no título e dedicou a festa ao pai, Luizinho Drumond, que morreu em julho de 2020.
"Titulo entalado na garganta há muito tempo, mas hoje a gente esta feliz porque o título representa demais para gente e para mim, esse título é para o meu pai. É a volta por cima da escola", completou.
Agradecimentos
Ao chegar na quadra, o UOL observou uma chuva de agradecimentos. Diferentes alas da escola foram citadas pelo vice-presidente, Vinicius Drumond.
"Tinha gente dizendo que a Imperatriz era feia e desorganizada. Feia é o caralh* é a maior do Rio? Obrigado, (carnavalesco) Leandro Vieira. Você é foda e vamos ser bi ano que vem", disse o vice-presidente.
E, claro, a comunidade foi reverenciada. "Vocês compraram briga pela gente quando a gente caiu, ano passado fomos injustiçados. Esse ano a favela venceu", completou ele.
O palco ainda era usado para anunciar celulares perdidos, incluindo o da rainha de bateria, Maria Mariá.
"Perderam um celular. Está aqui no palco para o dono desbloquear? A nossa rainha também perdeu o dela, quem encontrar, por favor, deixe ma secretária. Vamos continuar com essa festa linda", disse um dos mestres da cerimônia.
Festa do povo
Carnavalesco, rainha de bateria, presidente e vice estavam lá, mas a festa era da comunidade de Ramos e do Complexo do Alemão.
O samba no pé esconde as muitas histórias que eles têm com a agremiação. A aposentada Nanci Venerotti, 61, integrante da velha guarda da escola, descreveu o título como "uma sensação muito gostosa".
Ela mostrava com orgulho a bandeira que ganhou de Maria Helena, porta-bandeira que ajudou a levar o titulo em 2001, o ultimo antes do jejum quebrado hoje.
"Essa bandeira é da Maria Helena, ela quem me deu. Venho aqui desde 2001, eu sou da Velha Guarda"
"Mais que uma cala boca em quem criticou a Imperatriz, nosso desfile foi perfeito, nós acreditamos na nossa escola, é uma família"
A festa ficou pequena e até um puxadinho foi improvisado em uma laje vizinha. O importante era aproveitar a festa!
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