Crise de identidade: Honda City Hatch é concorrente do Onix ou do Cruze?

O Honda Fit era um carro com transtorno de personalidade. Seus dois volumes o definiam como um hatch, mas algumas características de sua carroceria eram de monovolume - e o público acabou aceitando o modelo assim. Seu sucessor, o recém-lançado City Hatchback, resolveu parcialmente essa crise de identidade.

O carro é claramente um hatch, característica ressaltada, inclusive, em seu nome. No entanto, é difícil entender em que subdivisão dessa categoria ele está inserido. O City Hatchback é concorrente do compacto Onix (e HB20, Polo, Argo, entre outros) ou do médio Cruze Sport6?

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As dimensões do City Hatchback não são nem de compacto, nem de médio. O modelo tem 4,34 metros de comprimento e é nada menos que 18 cm maior que o Onix. Nesse aspecto, fica mais para Cruze, com uma desvantagem de apenas 10 cm.

Isso acaba se refletindo no espaço interno. O City Hatchback é bem superior a outros hatches compactos nesse aspecto. Além dos 2,60 metros de entre-eixos, tem assoalho quase plano, o que facilita a acomodação de uma pessoa no centro, se for necessário.

O que novo City tem de hatch médio

Outra característica que aproxima o City de um hatch médio é o acabamento muito bem feito. Embora não seja primoroso, é superior ao da maioria dos hatches compactos vendidos no Brasil.

O interior traz couro com costura aparente e tem plásticos menos duros que os usados em Onix, HB20, Polo e outros modelos da categoria. O City Hatback também se destaca na tecnologia. Seu painel virtual não é exclusividade na categoria. O Polo de topo já ofereceu esse item como opcional. Mas é um destaque.

Além disso, tem faróis full-LEDs antiofuscamento, uma exclusividade no segmento. Na versão topo de linha Touring há diversas tecnologias de assistência à condução, como o controlador de velocidade adaptativo e o leitor de faixas com função de centralização.

O modelo traz também uma câmera traseira com ótima resolução, além de saída de ar-condicionado para quem viaja atrás.

O que novo City tem de hatch compacto

A construção do carro, no entanto, não nega a sua origem de hatch compacto. A começar pela suspensão traseira por eixo de torção. Uma curiosidade: até a geração passada, o Corolla também usava essa solução.

A Audi, quando nacionalizou o A3 Sedan, substituiu o sistema traseiro independente pelo eixo de torção. Na prática, nem sempre é fácil sentir essa diferença no uso cotidiano - na estrada, é mais comum notar. Mas é inegável que carros mais sofisticados, atualmente, têm suspensão independente atrás.

O City Hatchback traz, como a maioria dos hatches compactos, freio de estacionamento manual. Nos médios do destaque - sejam eles hatches, sedãs ou SUVs -, o sistema elétrico é obrigatório.

Se o espaço interno é de médio, o porta-malas é de compacto. Com 268 litros, na prática é até inferior ao de alguns carros da categoria, como o Volkswagen Polo. O motor 1.5 aspirado também não empolga, com os 126 cv.

A potência está mais para compacto que para médio, e o torque de 15,8 mkgf não ajuda. O carro sofre para acelerar e fazer retomadas.

O que City Hatch é

O City Hatchback surgiu para ser nem uma coisa, nem outra. Fora do universo das marcas de luxo, os hatches médios desapareceram do mercado brasileiro. Há apenas o Chevrolet Cruze Sport6.

Por isso, o City surge como uma alternativa aos fãs da categoria. Em minha opinião, vai atingir o cliente que gosta de hatches e quer algo além do que os compactos de entrada oferecem tanto em tecnologia quanto em espaço.

Para esses, só existia o Cruze, que é bem mais caro. A alternativa? SUVs. É restrito, mas ainda existe um grupo de pessoas que não gosta de utilitários-esportivos.

O City custa entre R$ 115 mil, na versão de entrada, e R$ 123 mil, na topo de linha. O que mais se aproxima é o Polo. Ainda assim, o mais caro catálogo dos VW sai por R$ 115 mil, enquanto o Onix fica em torno de R$ 104 mil no topo da gama.

Mas o Cruze hatch, agora disponível só na versão RS, está em outro patamar de preço: R$ 154.500. Ele compensa esse extra trazendo tudo o que se espera de um hatch médio. Inclusive, as coisas que o City não tem.

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