Braço-direito de Ghosn é maior beneficiário da prisão do CEO brasileiro
Hiroto Saikawa agora tem caminho livre para aumentar o poder da Nissan frente à Renault
Muito antes da queda de seu mentor, Carlos Ghosn, o CEO da Nissan Motor, Hiroto Saikawa, pressionava para obter mais poder para a fabricante de automóveis japonesa em sua aliança com Renault. Agora ele tem a chance de fazer exatamente isso.
Saikawa, de 65 anos, revelou-se o principal beneficiário da surpreendente prisão de Ghosn, o presidente da Nissan, na segunda-feira, por supostos delitos financeiros. A prisão coloca-o em posição de reequilibrar o que ele e outros na empresa japonesa consideram uma parceria cada vez mais desigual. Não está claro de que modo isso poderia ocorrer, mas a ideia de uma fusão entre a Renault e a Nissan -- um acordo que Ghosn defendia em oposição a Saikawa e outros -- quase com certeza morreu.
"É um golpe. A era de Ghosn acabou", disse Tatsuo Yoshida, analista da Sawakami Asset Management e ex-funcionário da Nissan. "Saikawa está em posição de representar o sentimento anti-Ghosn que vem se acumulando há anos dentro da Nissan."
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Saikawa, que sempre trabalhou na Nissan e foi promovido a CEO quando Ghosn se afastou do cargo no ano passado, tem a reputação de ser um feroz defensor dos interesses da Nissan em seus negócios com a Renault. As empresas são parceiras há quase 20 anos, unidas por uma rede complexa de participações cruzadas e plataformas de fabricação conjunta - mas, acima de tudo, por Ghosn, um carismático cidadão do mundo que, até esta semana, era frequentemente citado como o executivo estrangeiro mais bem-sucedido na história do Japão.
Mas, a partir do momento em que Ghosn foi levado sob custódia pela polícia japonesa na segunda-feira, Saikawa agiu rapidamente para mostrar que estava no controle. Saikawa apareceu sozinho em uma entrevista coletiva tarde da noite, poucas horas depois da prisão, ignorando o gesto de curvar-se profundamente como pedido de desculpas, que é costume quando as empresas japonesas admitem irregularidades. Em vez disso, ele condenou frontalmente o suposto comportamento de Ghosn, dizendo que este era "o lado sombrio do longo reinado de Ghosn" e lamentando que "tanto poder estivesse concentrado nas mãos de um indivíduo".
Medidas decisivas
Sob o comando de Saikawa, a Nissan tomou medidas muito mais decisivas contra Ghosn do que a Renault, onde Ghosn atuava como presidente e CEO.
Reunida na noite de quinta-feira em Yokohama, a diretoria da empresa japonesa decidiu por unanimidade demitir Ghosn do cargo de presidente, apesar dos pedidos dos líderes da Renault de esperar mais informações, segundo pessoas a par da situação.
O rápido afastamento de Ghosn pela Nissan gerou dúvidas sobre o papel de Saikawa na queda de seu chefe. Questionado diretamente na entrevista coletiva de segunda-feira se havia um "golpe" em andamento na Nissan, ele respondeu: "Esse não é meu entendimento. Não dei essa explicação e acho que você não deveria pensar dessa maneira."
Saikawa ainda não consolidou totalmente o poder. Antes da reunião do conselho na quinta-feira, foi amplamente divulgado na imprensa japonesa que ele seria nomeado presidente interino. Em vez disso, o conselho optou por criar um comitê formado por diretores independentes para escolher o próximo presidente. Saikawa será um candidato, mas eles poderiam optar por dividir o cargo.
Ghosn, que não foi visto em público desde sua prisão, não comentou nenhuma das alegações. De acordo com os procuradores de Tóquio, ele é acusado de não declarar integralmente sua renda e de usar fundos corporativos de modo indevido, embora os detalhes não sejam claros. A Renault, que não havia sido informada da investigação conduzida pela Nissan e pelas autoridades japonesas, que durou meses, exigiu mais informações antes de tomar medidas para afastá-lo de seus cargos lá.
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