Carro ideal de 2014 teve conteúdo, e para 2015 e 16 deverá ter eficiência

Deixe de lado o fator preço, que ainda é decisivo quando o assunto é venda para frotistas e mesmo para uma parcela de pessoas comuns em busca do primeiro carro: isso ainda explica porque o Fiat Palio antigo, reforçado pela Palio de geração atual, disputa o título de mais vendido do ano com o Volkswagen Gol (neste ano, sem a ajuda providencial do Gol G4). Quem se destacou no ano pode atribuir o sucesso a uma "tendência" que vai se solidificar nos próximos anos: o brasileiro começa a decidir sua escolha pelo conteúdo (tecnológica, conforto e segurança embarcados).
Na enquete de melhores do ano proposta por UOL Carros, interessante amostra desse comportamento foi observada: lançada apenas no segundo semestre, a nova geração do compacto Ford Ka venceu como melhor carro do ano e melhor compacto, disputando na primeira com concorrentes mais caros (Toyota Corolla) e "premium" (BMW Série 3 flex).
Na lista de mais vendidos até novembro (último levantamento fechado da Fenabrave), tiveram mudança significativa de posição modelos como Fiat Strada (8ª posição para 3ª, até o momento), Chevrolet Onix (7º para 4º), Hyundai HB20 (9º para 6º), considerando os dez primeiros. Uno e Fox também sofreram reestilização (pesada em ambos), mas perderam posições. Siena e Fiesta também caíram, mas este último deixou de contar com as vendas do antigo Fiesta Rocam. Por fim, o Renault Sandero, em sua nova geração, manteve a 10ª posição.
Novo Ka, Strada, Onix e HB20 podem ter se destacado justamente por trazer conteúdo diferenciado, algo menos perceptível em Uno e Fox (ainda que tenham sofrido mudanças até que bastante significativas para um facelift de meia-vida). Se nos últimos anos o poder de compra aumentou, a qualidade e mesmo o visual de modelos se aproximou e padronizações surgiram para beneficiar o comprador (obrigatoriedade de airbag duplo e freios com ABS; índices de eficiência/consumo do Inmetro; testes de colisão do Latin NCAP), diferenciais que melhorem a experiência a bordo do carro terão cada vez mais peso.
IR ALÉM
"Não precisamos mais fazer propaganda disso, o consumidor está cada vez mais bem informado, lê tudo na internet e chega à loja sabendo o que quer. E ele quer mais conteúdo e conteúdo inteligente", apontou Oswaldo Ramos, gerente de marketing de produto da Ford. "Segurança básica todos têm, o que vale aqui é oferecer algo que vá além. Da mesma forma, todo mundo tem central multimídia, então é preciso oferecer algo mais inteligente, que poupe esforço do condutor", afirmou.
Ramos é um dos responsáveis pela propagação da ideia de que itens teoricamente mais sofisticados -- ou seja, tidos como caros -- seriam bem recebidos mesmo em modelos de entrada. O novo Ka traz, em sua versão topo de gama, controles de tração e estabilidade (que na verdade são extensões dos freios com ABS) e central multimídia mais complexa, que aceita comandos por voz, se conecta não apenas ao celular, mas aos aplicativos de internet desse aparelho, pode até reproduzir o texto de mensagens recebidas nos alto-falantes e ainda fazer ligação automática para o serviço de emergência após um acidente.
ESPELHO
Para 2015 e 2016, a aposta dos fabricantes é que a importância desses itens se eleve, no Brasil e no exterior. Com um "agravante": não bastará ter central ligada ao celular via cabo ou Bluetooth, será necessário espelhar o que o motorista vê na tela de seu smartphone.
"Até hoje, brigávamos para ter nosso sistema de conexão, mas enquanto mudamos um carro nosso a cada oito anos, o consumidor sempre terá um celular mais atual a cada dois anos", disse Ramos, da Ford. "Vamos abandonar a briga: a próxima geração do nosso sistema vai reproduzir fielmente o que o cliente vê na tela, seja Android, iPhone ou Windows."
Nos Estados Unidos, Apple e Google se esforçam para desenvolver elas próprias sistemas multifunção para carros que espelhem o que se vê na tela dos celulares já vendidos aos clientes. Ou seja, essa é mesmo a próxima onda em termos de conectividade sobre quatro rodas.
A PRÓXIMA FRONTEIRA
Nem só de gadgets vive a marca que atende ao que o cliente atual quer: a Fiat tem se especializado em antecipar tendências de mercado, ainda que isso não implique em carros que literalmente falem com seu condutor. É o caso da picape compacta Strada, que ano após ano se solidifica como líder do segmento de utilitários no país, ora com diferentes configurações de cabine e motorização, ora com inovações como a terceira porta.
"Sabemos que há cada vez menos espaço para o domínio de produtos em categorias, mas é fundamental entender o movimento do mercado, perceber o que o consumidor procura, antes mesmo que ele se dê conta disso", contou Carlos Eugênio Dutra, diretor de planejamento e estratégia de produtos da Fiat. Se domina com picapes compactas, a marca tenta de todas as formas achar uma solução entre monovolumes e carros de maior valor.
Embora ainda cara, a solução já é vista como necessária -- e mais viável que o uso do start/stop do Uno Evolution -- por diversos fabricantes, encurralados pela necessidade de maior eficiência imposta pelo Inovar-Auto (com metas válidas até 2017) e cobrada pelo Inmetro e pelo "novo cliente brasileiro". Com uso em massa, o preço tende a cair, junto com o consumo, que pode melhorar em mais de 20%. De novo, quem sair à frente ganha.
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