Nissan March 3-cilindros é esperto, mas não a ponto de incomodar líderes

No lançamento do Nissan New March com motor 1.0 3-cilindros, na semana passada, UOL Carros apontou que esta é a última cartada da marca japonesa para fazer o compacto reestilizado -- e com produção nacional, na fábrica de Resende (RJ) -- cair no gosto do público brasileiro.

Com o novo propulsor, o compacto passa a custar R$ 35.990 na versão de entrada, a Conforto, e chega a R$ 40.990 na versão 1-litro de topo, a SV. As vendas começam em março.

Quase um ano após facelift e nacionalização da produção, o New March não empolgou, e isso se reflete nas vendas: em janeiro deste ano, foram 2.670 unidades emplacadas, bem aquém do necessário para estar entre os 15 mais vendidos do país (o hatch ficou apenas em 30º). É pouco para quem -- conforme nossa reportagem ouviu de fontes durante o lançamento -- quer estar entre os líderes de mercado, perto de concorrentes como o Hyundai HB20.

Enquanto o modelo de entrada da Nissan não engrena, as metas da marca -- alcançar 5% de participação no mercado, e se aproximar da capacidade de 200 mil veículos/ano montados em Resende --, vão sendo adiadas para além de 2016, ano em que a montadora originalmente esperava "bombar" de vez no Brasil.

DESEMPENHO É BOM... E SÓ
É preciso dizer que a Nissan fez um bom trabalho ao adaptar o HR12, projeto indiano de 1,2 litro, para os padrões brasileiros. Basicamente, os engenheiros reduziram o curso do virabrequim, para deixá-lo 0,2 litro menor, e adaptaram contrapesos nas polias a fim de reduzir as trepidações.

Em breve teste de 40 quilômetros feito por UOL Carros no dia seguinte ao lançamento, com a versão SV (a 1.0 mais completa, de R$ 40.990, que inclui direção elétrica progressiva, ar-condicionado, vidros, travas e retrovisores elétricos, chave com abertura remota das portas, central com CD Player, MP3 e rádio, entradas para USB e iPhone, Bluetooth, spoiler traseiro, faróis de neblina e rodas de liga leve aro 15), deu para sentir que as soluções fizeram do propulsor (batizado de HR10) o 3-cilindros com menor vibração no mercado nacional.

Os níveis de desempenho e consumo de combustível também são satisfatórios. Como o March é um carro leve (a relação peso/potência ficou em 12,5 kg/cv), os 10 kgfm de torque são entregues de maneira quase imediata em baixas e médias rotações, e os 77 cv garantem condução tranquila na cidade, sem precisar abusar do pedal do acelerador. 

No decorrer do teste, o consumo imediato (com gasolina) chegou a ultrapassar 17 km/l no ritmo normal do trânsito urbano, caindo para 13 km/l em situações de tráfego pesado. São bons dados, sem dúvidas, mas cujos méritos são relativizados por projetos superiores já lançados por Volkswagen e Ford. Alie a isso o fato de que o visual do New March não está entre os preferidos do público, e chegamos à conclusão de que o novo motor, por si, não será suficiente para emplacar o hatch.

A Nissan, portanto, terá um trabalho árduo de divulgação para tornar verdadeiramente popular um veículo indubitavelmente bom, mas que ainda não parece empolgante o suficiente para estar onde deveria: no ranking dos dez mais emplacados do país.

Viagem a convite da Nissan