Carro com GNV pode economizar mais de 50%; veja cuidados com manutenção
Conversão voltou a bombar e atrai até dono de Camaro, mas se liga: motor perde até 4% de potência
Alguns meses atrás, a foto de um Chevrolet Camaro com um cilindro de gás natural no porta-malas viralizou nas redes sociais. A cena pode ser inusitada para alguns locais do Brasil, como no Estado de São Paulo, mas é cada vez mais corriqueira em outros Estados. Quem precisa rodar muito já deve ter pensado em instalar um kit GNV (gás natural veicular), independentemente do modelo de carro. E empresas já tradicionais no mercado têm atualizado suas oficinas para instalação do sistema em automóveis, chamada de conversão, de olho nesta nova onda de interesse.
Além de donos de Camaro, o grupo de interessados no GNV segue crescendo -- é formado por frotistas, taxistas e profissionais de aplicativos de transporte particular, como Uber e Cabify -- esse nicho, aliás, está em franca expansão. Com isso, UOL Carros resolveu mostrar como está o serviço atualmente. A promessa é de reduzir o consumo médio em 50%... mas há também os contras e até "manhas" e "pegadinhas".
Voltando ao assunto inicial, por que um dono de Camaro instala um cilindro de gás para abastecer seu V8? Essa é uma das manhas do GNV.
"Vários donos de modelos importados ou esportivos estão aderindo ao GNV pelo desconto no IPVA. É por isso que você vê postos nestes estados com vários carrões nas bombas de gás natural", explica Ricardo Vallejo, gerente de GNV da Comgás.
Enquanto motoristas do Paraná pagam 71,4% a menos, quem mora em Alagoas tem um desconto de 45% a 54%, dependendo da potência do carro -- a alíquota cai para apenas 1,5%, assim como no Rio de Janeiro, onde o abono chega a 75%.
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Conversões bombando
Se não há mais projetos de fábrica, como no auge do ciclo do GNV (em 2007, a Fiat lançou o Siena Tetrafuel, que aceitava gasolina pura, gasolina "brasileira", etanol, além de trazer o cilindro de GNV de série), o número de conversões realizadas está longe do marasmo -- de fato, o serviço está bombando, com o perdão de qualquer trocadilho.
Em 2017, cresceu 61% em São Paulo, comparando com o resultado de 2016. Este volume deve ser maior se o projeto nos moldes do praticado no Rio for aprovado. "Vamos propor uma iniciativa semelhante, mas com limitação de valor para carro para beneficiar quem realmente precisa do desconto", afirma Vallejo.
Mas como funciona a conversão, na prática? O serviço de conversão pode ser feito em qualquer oficina credenciada pelo Inmetro. Nossa reportagem visitou a Instala GNV, que pertence à Comgás (empresa paulistana de gás canalizado e maior distribuidora do combustível no país) e é a primeira loja deste tipo no Brasil -- de resto, o que se vê são oficinas mecânicas mais ou menos especializadas realizando a prática. Localizada no Brás, zona central de São Paulo (SP), o local possui até dinamômetro para realizar testes de rodagem antes de devolver o veículo ao cliente.
Até a localização foi escolhida a dedo: normalmente o serviço é realizado em até um dia, mas pode levar mais tempo dependendo do modelo do veículo, e a proximidade de soluções públicas de transporte é tratada como diferencial.
Nem todo serviço é rápido, já que alguns carros podem demandar pequenos serviços de funilaria para a instalação do kit de conversão para gás natural.
O que se economiza?
No cálculo inicial, sobram vantagens para quem realiza a conversão: além do IPVA menor, tem-se a promessa de aumento da autonomia do veículo, com redução do custo pago na bomba de combustível. Levantamento realizado pela Comgás explica que o custo do quilômetro rodado com GNV é de R$ 0,17, contra R$ 0,40 da gasolina e R$ 0,41 do etanol.
Considerando que cada m³ de gás natural permite rodar até 14 km, a economia pode chegar a 58% em relação à gasolina e 59% em comparação com o etanol.
Traduzindo em valores, o motorista precisa desembolsar R$ 17 para rodar 100 km em um carro movido a GNV, contra R$ 40 se o combustível for gasolina e R$ 41 com etanol. A empresa diz que é possível rodar até 181 km com GNV desembolsando apenas R$ 30 -- com o mesmo valor dá para andar 75 km com gasolina e 74 km com etanol.
O cálculo levou em consideração os seguintes valores para os combustíveis: R$ 4,189 pelo litro da gasolina; R$ 2,984 pelo litro do etanol; GNV a R$ 2,468 pelo m³. Os números, que são de janeiro de 2018, foram obtidos na ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Bicombustíveis).
Os contras
Os kits atuais são chamados de "geração 5", mais avançados. Mas nem tudo é benefício, ainda há "pegadinhas", como o sofrimento da perda de potência, na contramão da maior economia ao abastecer. Essa perda chega a 4% para os equipamentos atuais, contra até 10% dos kits anteriores.
Ou a dificuldade de adaptação -- inclusive física -- para alguns modelos. Um exemplo é a Chevrolet Spin, cujas caixas de roda precisam ser cortadas caso o cliente queira instalar os cilindros na parte inferior da minivan.
Neste caso, considerando o serviço feito pela oficina da Comgás como exemplo, o cliente é orientado a procurar um profissional de sua confiança para fazer a funilaria antes de realizar a conversão. Ou seja, gasto extra de dinheiro e tempo.
Além disso, o valor do serviço de conversão em si varia de acordo com o modelo de automóvel, mas a média é de R$ 4 mil. Levando esse valor em consideração, a Comgás afirma que um usuário que percorra 57 km por dia obtém o retorno do investimento em 12 meses.
O gás natural também enfrenta resistência de alguns motoristas, que temem pela segurança em situações como o abastecimento dos cilindros.
Vale lembrar ainda que o cilindro de gás natural pode tomar praticamente todo o espaço do porta-malas de carros compactos (que utilizam cilindros de 7,5 m³) e a conversão invalida a garantia de fábrica dada pela montadora, ainda que algumas lojas ofereçam garantia de um ano pelo serviço realizado.
Dá trabalho manter?
A Comgás sugere fazer uma revisão de redutor de pressão e bicos injetores a cada 30 mil km ou ano de uso. O equipamento em si precisa ser revisado a cada 40 mil km, quando é realizada a troca do filtro de ar e limpeza dos bicos injetores. De resto, a manutenção segue o cronograma original indicado pela fabricante.
O filtro de ar deve ser verificado e eventualmente substituído a cada 10 mil km, e velas e cabos de velas devem ser checados periodicamente, mantendo ponto e compressão regulados conforme indicação do fabricante.
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