Avaliação: Citroën C4 Cactus anda bem e tem preço bom, mas não bate rivais
Motor 1.6 THP é grande destaque do SUV, que precisa lidar com concorrência forte na categoria
Demorou alguns anos, mas finalmente a Citroën entrou na briga pela liderança dos SUVs compactos. O escolhido foi o C4 Cactus, hatch de porte médio vendido na Europa desde 2014 que estreia no Brasil com status de SUV.
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A principal diferença do Cactus brasileiro para o modelo europeu está na plataforma. A versão brasileira aproveita uma versão alongada da base do Peugeot 2008. As dimensões, porém, são praticamente as mesmas, com exceção da altura: o Cactus nacional é 8 cm mais alto que o projeto original -- 1,56 metro contra 1,48 metro.
Anda bem
Após dirigir 350 quilômetros (incluindo 211 quilômetros em uma viagem combinando trechos de cidade, estrada e vias de cascalho), constatamos que o desempenho é realmente um dos principais atrativos do modelo.
Assim como acontece em outros modelos da PSA (como o Peugeot 3008), o motor turboflex de até 173 cv que equipa a versão Shine avaliada por UOL Carros é destaque, ainda que seu ronco seja até grave para o tipo de proposta. Com ajuda do bom câmbio automático de seis marchas, ele oferece respostas rápidas toda vez que solicitado e embala sem dificuldades.
Com etanol no tanque, registramos a média de 8,9 km/litro, sempre com quatro pessoas a bordo e ar-condicionado ligado.
Na prática, quem precisa de um utilitário esportivo para diferentes pisos e situações não encontra no modelo da Citroën as melhores condições para esse tipo de uso. Usamos o carro na configuração "areia" do Grip Control durante um trecho de cascalho e não sentimos diferença no comportamento do veículo, embora ele praticamente não fosse necessário. Para outros compradores do segmento, que usam carro só na cidade e na rodovia, no entanto, ele serve muito bem.
Mais altinho
De fato, o Cactus é mais alto que modelos tipicamente urbanos, mas é mais baixo que SUVs como Hyundai Creta, Jeep Renegade e Honda HR-V. A boa altura livre de 22,5 cm em relação ao solo é uma das maiores diferenças entre os projetos brasileiro e europeu. Molas e amortecedores também foram recalibrados para suportar as péssimas condições das nossas vias.
A direção é leve nas manobras, mas esse comportamento se mantém mesmo em velocidades mais altas -- ainda que não seja anestesiada, ela não será direta o bastante para agradar quem gosta de carros responsivos ao extremo.
Grande senão, porém, é a falta de sensor de estacionamento em um carro com carroceria tão "parruda". Apesar da câmera de ré, o alerta sonoro seria um grande aliado para manobrar em espaços restritos, sem risco de machucar a lataria ampla na lateral e no para-choque.
Vida a bordo
Espaço interno é bom: quatro pessoas conseguem viajar com folga por grandes distâncias, graças à boa área para pernas e cabeça. Porém, como já dissemos, isso prejudica o espaço para bagagem -- são 320 litros de volume no porta-malas, empatado com Jeep Renegade e maior apenas do que os 306 litros do Chevrolet Tracker.
Além disso, o acesso é atrapalhado pela "boca" alta demais, culpa do recorte da tampa do porta-malas que deixa o para-choque em posição mais elevada.
Por dentro, acabamento mescla plástico duro em algumas partes com painéis texturizados e apliques de tecido nos bancos de couro. O visual da cabine é bonito, apesar de certo exagero nas linhas retangulares. Já o painel digital é o mesmo do C4 Lounge, monocromático e de visual pouco elaborado, embora objetivo para exibir algumas informações.
O sistema de som é fácil de mexer e intuitivo, mas faz falta um botão principal giratório para desligar/ligar o conjunto e controlar o volume. Já a configuração via Bluetooth e o espelhamento de celulares por cabo funciona perfeitamente.
Quem gosta de dirigir estará bem servido ao volante do C4 Cactus. Além disso, o preço de R$ 98.990 pode não ser atraente (está na média dos concorrentes), mas, por outro lado, traz um bom pacote de assistências de segurança com itens como controle de cruzeiro adaptativo e frenagem de emergência.
Porém, o modelo não consegue ser acima da média nos demais quesitos. Deixando de fora o design (já que gosto é um critério pessoal), há concorrentes mais econômicos (Nissan Kicks), confortáveis (Renegade e Creta) e espaçosos (HR-V) por aí. Eles podem custar mais, mas também desfrutam de imagens consolidadas no mercado -- algo que a Citroën ainda não consegue oferecer.
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