Teste: Toyota RAV4 agrada e é o primeiro híbrido com preço de SUV comum
O "SUV do Corolla" jamais conseguiu emplacar tão bem quanto o sedã. O preço elevado, as poucas inovações tecnológicas e a importação a conta-gotas faziam dele, ao lado do Camry, os únicos micos que a Toyota brasileira conseguiu oferecer por aqui. Mas a vida do RAV4 ganha novos contornos, sem drama, na linha 2020. A chegada da geração híbrida, com plataforma TNGA e o conjunto de quatro motores, sendo três elétricos e um a combustão mudarão o jeito de enxergar este carro, talvez, para sempre.
A primeira prova disso é empírica, e mercadológica. Importado do Japão, ele tem uma cota restrita de importação para o Brasil - segundo a marca, serão importadas apenas 5.000 unidades por ano - contudo, logo após a primeira aparição em um lançamento na Argentina, concessionários viram a demanda subir sensivelmente.
"Não contávamos com uma procura tão rápida pelo carro que antes pouca gente queria saber", revelou um gerente de concessionária da Toyota na zona norte de São Paulo. A Toyota aumentou de R$ 165.990 para R$ 167.990 a pedida pela versão S, e de R$ 179.990 para R$ 186.990 a versão SX, a mais completa, avaliada.
Mudanças profundas
Mais do que apenas a concepção de propulsão, o RAV4 mudou também a percepção física. "Parece um Lexus", foi o que mais se ouviu durante o teste pelas ruas de São Paulo. Batizado de "Cross-Octagon" o estilo do desenho traz cortes agudos nos frisos da carroceria, uma imensa grade frontal com faróis que se estendem até um terço do para-lamas e lanternas muito bem esculpidas colocadas "nos ombros" da porção traseira.
Há proteções plásticas nas extremidades mais baixas dos dois para-choques para não perder a aceitação de quem pretende tratá-lo como um utilitário de todo-terreno.
E isso é possível devido ao esquema de propulsão do SUV. Dotado de um motor 2.5 aspirado, que funciona em ciclo Atkinson - que deixa as válvulas abertas por mais tempo durante o tempo de compressão do motor, diminuiu a capacidade de explosão e economiza combustível otimizando o consumo - que gera 178 cv e 22,4 mkgf, ele funciona com sistemas de injeções direta e indireta e combinado a mais três motores elétricos, um para o eixo dianteiro e dois colocados no eixo traseiro que produzem de 120 cv e 20,6 mkgf no total.
Como os regimes de funcionamento da parte elétrica e da porção a combustão não atingem seu ápice ao mesmo tempo, a média de potência chega a 222 cv. Já o torque não foi divulgado, pois a parte elétrica entrega o torque instantaneamente, enquanto o motor a combustão chega à sua força máxima aos 3.600 rpm. Mas o sistema permite que se tenha tração nas quatro rodas o tempo todo.
Aliado a isso, o SUV também está mais longe do chão em 1,5 cm, e essa é apenas uma parte do seu crescimento, que atingiu os 3 cm no entre-eixos, passando de 2,66 m para 2,69 m, e chegou aos 53 litros na capacidade do porta-malas: de 547 para 580 litros.
Com o RAV4 você consegue andar até os 50 km/h apenas com os motores elétricos, e ele também atua na hora de acelerar fundo. Basta acionar o modo Sport que até o pacato câmbio CVT mostra capacidade de empolgar um monge.
Segundo a Toyota, ele vai de 0 a 100 km/h em apenas 8,1 s, tempo próximo do VW Tiguan R-Line, e que com um 2.0 turbo, de 220 cv e 35,7 mkgf de torque, cumpre a prova na casa dos 7 segundos.
786 km de autonomia
Por dentro também houve redenção do conservadorismo habitual. Se você já conhecia um RAV4, vai misturar surpresa e espanto com o excelente acabamento de portas, painel e com os bancos moldados para abraçarem quem dirige como se fosse um sedã, e trazem, por exemplo, sistema de ventilação para quem viaja na frente e ajustes elétricos para o motorista.
A posição de guiar melhorou e ele ganhou uma lista de equipamentos de série que também foge do habitual da marca. O painel de TFT com 7", o freio de estacionamento elétrico e o ar-automático bizona são alguns dos itens inéditos que vêm de série desde a versão S.
Na SX o comprador tem acesso a carregador de celular por indução, teto solar panorâmico e até tampa do porta-malas elétrica. O RAV4 também é o primeiro a propor um sistema de segurança autônomo, que permite com que o SUV mantenha a distância do carro à frente com um controlador de velocidade de cruzeiro adaptativo, controla as luzes de farol alto e baixo para não ofuscar a visão do carro à frente ou em posição contrária, indica mudança de faixa involuntária e faz pequenas mudanças no volante quando percebe a iminência de colisão. É o primeiro Toyota que traz isso ao Brasil.
A suspensão, apesar de não trazer a cremosidade de outros tempos, traduz pouco as imperfeições do solo e consegue mantê-lo firme e rígido nas curvas, adernando pouco seu conjunto de 1.730 kg. Segundo a Toyota, o consumo chega a 14,3 km/l na cidade e 12,3 km/l na estrada.
Considerando que há um tanque de 55 litros de combustível, sua autonomia supera os 786 km, no entanto a Toyota garante que alternando o uso 100% elétrico com o híbrido ele pode passar dos 1.000 km na cidade com apenas um abastecimento. Rodando pela cidade, a melhor média de consumo que conseguimos, chegou a 15,6 km/l, ou 858 km de autonomia.
Multimídia, entrada USB e o futuro
O RAV4 preza pelo silêncio a bordo quando nos modos elétricos e híbrido a baixas velocidades. Já quando o motor a combustão tem de trabalhar em rotações mais elevadas, a mudança é bem sensível e causa certa estranheza pela vibração de pedais e ruído na cabine. Outo ponto baixo do conjunto fica pela central multimídia de 7", de aparência simplória e manuseio que flerta com o difícil.
Pelo menos, ele tem 4 saídas USB com matriz de 2 ampéres para carregamento de celulares. Se você juntar isso ao carregador por indução, todos os passageiros conseguiriam carregar seus aparelhos sem briga.
Sua direção anda mais direta do que nunca, mas ainda carece de mais sensibilidade diante de certa anestesia, especialmente me manobras a baixas velocidade. Outra sensação que difere do habitual é o acionamento dos freios. Como o sistema de regeneração das baterias de íon lítio fica a cargo deles, é preciso de adaptação para entender as "alicatadas" que ele dá quando você imprime um pouco mais de força no pedal. Questão de costume.
Mas prepare-se, mais hora, menos hora você terá de se acostumar. RAV4 mostra que a tecnologia híbrida chegou para ficar e já consegue competir em pé de igualdade com os melhores da categoria, e com o mesmo preço da concorrência. Se o futuro dos carros é a eletrificação, ele obrigatoriamente passa por conhecer mais a fundo o SUV da Toyota.
Ficha técnica
Motor: 2.5, 16V, gasolina, 4 cilindros (mais 3 elétricos)
Potência: 178 cv a 5.700 rpm mais 120 cv dos elétricos.
Total combinado: 222 cv.
Torque: 22,5 kgfm a 3.600 rpm mais 20,6 kgfm do elétrico
Câmbio: automático CVT Aceleração de 0 a 100 km/h: 8,1 s
Velocidade máxima: 180 km/h
Tanque: 55 litros Dimensões: 4,60 m de comprimento, 1,85 metro de largura, 1,68 metro de altura, 2,69 m de entre-eixos
Porta-malas: 580 litros
Preços: R$ 167.990 (Versão S) a R$ 186.990 (SX)
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