Ka se despede, Bronco vem aí: a nova cara da Ford sem fábricas no Brasil
A notícia de que a Ford vai parar de produzir carros no Brasil caiu como uma bomba no setor automotivo. Tudo bem que o fabricante norte-americano produzia apenas dois modelos na unidade de Camaçari (BA) - as linhas Ka e EcoSport -, mas qual será o futuro destes carros? E o que acontecerá com outros veículos vendidos aqui, como a Ranger e Territory? E quanto aos prometidos para os próximos anos?
UOL Carros explica para você o que vai acontecer com cada um dos veículos da Ford no Brasil e adiantar de onde virão os próximos lançamentos. Confira.
Ford Ka
Começamos pelo modelo de entrada da linha e que foi o quinto carro mais vendido de 2020, segundo dados da Fenabrave - depois de anos figurando entre os três primeiros. Dentro da já conhecida estratégia mundial da Ford de ter apenas produtos globais, o nosso Ka — que só era produzido aqui — deixará de existir. E esqueça substituto, já que um modelo compacto "similar" teria de ser importado da Europa ou Ásia, mas não conseguiria preço competitivo aqui.
No ano passado, o Ka hatch anotou 67.491 unidades comercializadas e o sedã, 25.743. A gama tinha passado por uma remodelação em 2018, como linha 2019, quando ganhou um face-lift, câmbio automático de seis marchas e novo acerto da suspensão. Em comunicado, a Ford diz que os modelos da linha serão vendidos até se encerrarem os estoques.
Em tempo, o hatch é vendido em sete versões, com preços entre R$ 51.990 e R$ 69.990. Já o sedã é ofertado em seis configurações, com valores de R$ 57.590 a R$ 80.990. Os modelos são negociados com motores três-cilindros 1.0 e 1.5, e opções de transmissão manual de cinco marchas ou a automática já citada.
EcoSport
Outro que só vive enquanto durarem os estoques no Brasil. Porém, o alento poderá vir da Argentina, já que a fábrica de General Pacheco continuará a pleno vapor. É que uma terceira geração do SUV compacto já é preparada para o mercado europeu e, se quiser se manter nesse segmento por aqui, a alternativa será produzir esse futuro EcoSport no país vizinho, sobre a plataforma C2, do Focus — que era produzido lá e foi descontinuado. Mas isso é coisa para 2023...
Precursor do SUV compacto genuinamente urbano, o Eco ditou tendências e reinou absoluto por quase uma década sem ser incomodado. A primeira geração lançada em 2003 só foi ter um rival de fato em 2011, com a chegada do Renault Duster. Um ano depois ganhou a segunda geração. E continuou a dominar o segmento até a avalanche de crossovers que se seguiu após 2015.
Ironicamente, o país que projetou e idealizou o EcoSport dentro do chamado Projeto Amazon (que salvou a Ford Brasil no início do século) não terá mais o SUV, enquanto na Europa o modelo continuará a existir. Vendido em sete versões e com preço a partir R$ 69.990, o modelo usa (ou usava) motores 1.5 e 2.0.
Territory
De porte médio, o SUV foi lançado em 2020 ainda em meio à pandemia. Continuará no mercado, importado da China. A médio prazo, porém, a ideia é que seja produzido também em General Pacheco para se valer de versões mais baratas — hoje, algo na faixa dos R$ 130 mil — e ter condições reais para brigar com o Jeep Compass e os futuros Toyota Corolla Cross e Volkswagen Taos.
Porém, a pandemia e a retração do mercado brasileiro podem fazer a Ford optar por só fazer um SUV na Argentina, no caso a terceira geração do EcoSport, mantendo o modelo maior trazido da China. O Territory tem preços atuais de R$ 179.900 e de R$ 197.900 nas duas versões de acabamento importadas para cá.
Bronco Sport
A versão "civil" da nova geração do tradicional utilitário estadunidense chegará no segundo semestre importada do México. O modelo médio se posicionará imediatamente acima do Territory, com preços superiores aos R$ 200 mil, para brigar com uma turma que ficou também bastante cara, como Honda CR-V e Kia Sorento. Por aqui, deverá usar o motor 2.0 Ecoboost de 248 cv que equipava o sedã médio-grande Fusion.
Escape Hybrid
Idealizado para ser uma espécie de vitrine tecnológica, o SUV médio - que é conhecido como Kuga em outros mercados, como o argentino - viria importado da Europa apenas na versão híbrida. Lá fora, combina o 2.5 16V de ciclo Atkinson a gasolina da família Duratec de 165 cv com outro elétrico e potência combinada de 200 cv. Usa câmbio do tipo CVT e é vendido em versões com tração dianteira ou integral.
No mercado brasileiro, o Escape Hybrid, caso venha, será posicionado entre o Bronco Sport e o Edge, com preços que hoje flutuariam entre os R$ 230 mil e R$ 250 mil para brigar
especialmente com o Toyota RAV4 (outro que só chega por aqui híbrido). Mas não chega antes de 2022.
Edge
O utilitário médio-grande é importado do Canadá, mas a gente até esquece. O carro não figura nem entre os 40 SUVs mais vendidos de 2020 pelo relatório da Fenabrave. Vendido em versão única por R$ 351.950 e como uma espécie de vitrine de requinte, dificilmente será mantido no portfólio da marca no Brasil depois de 2021.
Mustang Mach-E
O presidente da Ford na América do Sul, Lyle Watters, deixou a entender, em uma coletiva virtual em dezembro do ano passado, que quer vender aqui o primeiro SUV 100% da Ford. Como ele é feito no México, a logística e os custos são até mais "simples". A questão é que o modelo faz sucesso nos EUA e o Brasil vai ter de entrar na fila. Por isso, o jipão ecologicamente correto só chegará em 2022.
Lá fora, o Mach-E é vendido em quatro opções com potências e autonomias que variam. A básica gera 259 cv e torque máximo de 59,1 kgfm, com tração traseira e integral e autonomia de até 480 km. A topo de linha GT oferece 465 cv e 84,6 kgfm, com 0 a 100 km/h em 3,5 segundos, mas alcance de 338 km com uma carga completa.
Bronco
Esse é o jipão "raiz" da linha que chegará em 2022. Feito sobre longarinas, com 4,82 m de comprimento e 2,95 m de entre-eixos e voltado mesmo para o off-road, terá a missão de brigar com outros casca-grossas do mercado, como o novo Land Rover Defender e o Jeep Wrangler.
Sua vocação fica clara na mecânica: suspensão por eixo rígido da Dana, bloqueios do diferencial traseiro e central e motores EcoBoost 2.3 de 270 cv e V6 2.7, de 310 cv, com câmbio manual de sete ou automático de 10 marchas — transmissão do novo Mustang e do Chevrolet Camaro.
Mustang
O esportivo da Ford continuará à venda, e ainda chegará ao Brasil, este ano, a versão Mach 1, que foi "ressuscitada" lá fora depois de 16 anos e já foi confirmada pela marca para cá no fim do ano passado. Por fora, o modelo tem dianteira diferente, faixas na carroceria e tomadas de ar no capô. Debaixo deste, o 5.0 de 486 cv com câmbio automático de 10 marchas.
A suspensão também tem calibragem diferente da versão GT, que continua à venda no Brasil. Além disso, o muscle car traz freios Brembo com pinças laranjas. O nome Mach 1 é uma referência à velocidade do som e a série foi lançada pela primeira vez em 1969.
Maverick
Não se anime com o nome, porque é uma picape. O legal é que é uma picape para brigar com a Fiat Toro. A Maverick que conheceremos em 2022 no Brasil já começou a ter unidades pré-série feitas no México. De acordo com os recentes flagras que pipocaram nas redes sociais, terá sempre cabine dupla, capô elevado e dianteira com grade generosa e faróis em "C", como na F-150.
A nova picape médio-compacta será importada do país latino-americano e ficará posicionada abaixo da Ranger. Além do 1.5 Ecoboost de 150 cv (mesmo motor do Territory), a Ford estuda se vai vender aqui versões com motor turbodiesel para poder concorrer com toda a gama da Toro.
Ranger
Para alívio dos picapeiros, segue em produção na Argentina. A Ranger, inclusive, terá nova versão Black em 2021, com detalhes escurecidos, muitas molduras plásticas e acabamento interno diferente do restante da linha. A nova geração da picape média, contudo, não tardará: chegará em 2023, também fabricada no país vizinho.
Esta futura Ranger será fruto de uma parceria com a Volkswagen, cuja base servirá à segunda geração da Amarok. Tratada como Projeto P703, a nova picape da Ford deverá ter design frontal que remete ao Bronco Sport.
Vendida em sete configurações, com motores 2.2 e 3.2 turbodiesel, câmbio manual ou automático de seis marchas e tração traseira ou 4x4, a Ranger foi a terceira picape média mais emplacada do país em 2020, com quase 20 mil unidades, atrás apenas de Toyota Hilux e Chevrolet S10.
SUV de sete lugares
A próxima geração da Ranger dará origem a um utilitário esportivo de sete lugares. Esse modelo, conhecido nas internas como Project U704, é tocado pelas filiais asiáticas da Ford e seria um SUV voltado para os tais mercados emergentes, com o Brasil, inclusive, nos planos. Contudo, a pandemia deixou tudo em suspense.
Se vier, esse SUV só chegaria no fim de 2022 para ficar acima do Territory e concorrer com o futuro Jeep de sete lugares que será lançado. Bom lembrar que a atual Ranger já tem o seu SUV, o Everest, que não é vendido aqui.
Transit
Pois é, o Uruguai terá produção de Ford, enquanto o Brasil? Tudo bem que a fabricação da Transit que abastecerá o Brasil em 2021 ficará a cargo da Nordex, montadora local de caminhões e de automóveis de passeio. A linha incluirá, além da van de passageiros, variantes minibus, furgão de carga e chassi-cabine, mas a Ford ainda não confirmou quais delas serão vendidas no Brasil, nem quais motores serão usados no Mercosul.
Não será a primeira vez que a Transit será vendida por aqui. A primeira vez que o modelo deu as caras no Brasil foi na forma de uma requintada van de passageiros importada da Turquia, em 2008, com motor 2.4 de 115 cv - posteriormente, substituído pelo 2.2 Duratorq de 125 cv. Deixou de ser vendida em 2014, quando mudou de geração.
Troller T4
O simpático jipe cearense é outro que dará adeus ao mercado assim que o último modelo em estoque for comercializado, e sem deixar herdeiros - até porque o Bronco Sport custará o triplo do que ele. Em 2007, a Ford comprou a Troller e sua fábrica em Horizonte (CE) e assumiu as rédeas da produção do utilitário.
Em 2014, o modelo T4 ganhou uma segunda geração já com motor 3.2 turbodiesel Duratorq e em janeiro do ano passado finalmente estreou uma versão com câmbio automático. Em 2020, foram 1.304 unidades emplacadas.
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