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Você sabe o que significa cada letra da sigla LGBTQIA+?

Bernadett Szabo/Reuters
Imagem: Bernadett Szabo/Reuters

Giacomo Vicenzo

Colaboração para Ecoa, de São Paulo

07/12/2021 12h37

A sigla LGBTQIA+ é resultado de uma evolução do movimento que, ao longo do tempo — não só no Brasil, mas também em outros países — ganhou espaço e mostrou a importância da singularidade de indivíduos que integram cada uma dessas letras e vivem experiências, preconceitos e lutas distintas.

Para entender parte dessa linha cronológica e de sua importância para o protagonismo e identificação da comunidade na sociedade, Ecoa conversou com um sociólogo e consultor de inclusão em diversidade. Acompanhe a seguir.

Como e por que nasceu a sigla LGBTQIA+?

"É a partir da década de 1970 que temos uma organização maior do então denominado movimento homossexual brasileiro, assim como em outros países", explica Fábio Mariano Borges, doutor em sociologia pela PUC-SP, consultor de Inclusão da Diversidade e professor visitante da Universidade de Nottingham (Reino Unido).

Posteriormente, empregou-se a sigla GLS (gays, lésbicas e simpatizantes), que perdurou entre as décadas de 1980 e 90 no Brasil. "Conforme o movimento foi se acirrando, por conta de debates como o HIV, percebemos que não temos que ter esse lugar do 'gay friendly'. O simpatizante não tem causa. Ele é um aliado, mas que não tem essa luta", explica Borges para Ecoa.

Foi apenas em meados de 1993 que a sigla GLBT começou a ser usada no Brasil. "Mas essa ainda era uma expressão muito de ativista. Passamos a década de 80 e 90 usando a sigla GLS no Brasil", diz ele.

Enquanto isso, nos Estados Unidos, a sigla mudava com mais rapidez. Já em 1988, o que era equivalente a GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais) passa a ser LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgênero) — e isso começa a influenciar outros países, de acordo com o sociólogo.

"Vemos que as lésbicas, esse 'L', vieram para a frente [na sigla]. Elas ganharam uma importância maior, levando-se em conta tanto a causa feminista, quanto a lésbica", esclarece.

No Brasil, foi só em 2008, depois da 1ª Conferência Nacional GLBT, que o termo LGBT começou a ser adotado. Com a adoção da sigla, outras identidades e orientações sexuais passaram a ser abraçadas ao longo dos anos, e assim, 'nasce' o emprego do LGBTQIA+.

O que significa LGBTQIA +?

Cada letra dessa sigla tem um significado e representa um grupo distinto:

  • L: Lésbica - Pessoa que se identifique como mulher e que tenha atração/preferências sexuais por pessoas que identifiquem como mulheres.
  • G: Gay - Pessoa que se identifica como homem e sente atração por outras pessoas que se identificam como homens.
  • B: Bissexuais - pessoas que sentem atração sexual por mais de um gênero (importante lembrar que não existe "proporção" nessa atração sexual e nem se deve perguntar isso a essas pessoas).
  • T: Travestis, transexuais e transgêneros - pessoas que não se identificam com o gênero atribuído no nascimento.
  • Q: Queer - termo emprestado do inglês que se refere a pessoas em não conformidade com os padrões de sexualidade ou gênero, ou seja, não se identificam totalmente com identidades masculinas e nem com femininas.
  • I: Intersexuais - pessoas que apresentam variações clínicas relacionadas aos cromossomos ou órgãos reprodutivos ou sexuais.
  • A: Assexual - Que sente pouca (a depender do contexto) ou nenhuma atração sexual por quaisquer dos gêneros.
  • +: Abarca todas as outras siglas e identidades que integram o movimento, como pessoas pansexuais, não binárias etc.

Segundo Borges, embora a sigla LGBTQIA+ seja a mais usada, há outras duas versões: uma delas com 52 letras e a outra com 33 — o que torna inviável usá-las em uma publicação ou selo de empresa, por exemplo.

Qual a importância do uso da sigla LGBTQIA+?

O sociólogo explica que a sigla não é apenas uma combinação de letras, mas vai muito além disso: "LGBTQIA+ carrega todas as possíveis manifestações de sexualidade e não é uma preocupação meramente sintética ou sonora. Antes, dá importância para a inclusão das diferentes letras e indivíduos que elas representam", reforça.

"A maternidade para lésbicas, a paternidade para gays, o acesso a tratamento clínicos e nomes sociais para transexuais. A sigla é fundamental para lembrar que, embora todos eles sejam do universo LGBTQIA+, cada uma dessas pessoas sofre preconceitos e tem demandas específicas", conclui.