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Cerimônia em Sochi revolta russo rival de Guga; veja declarações polêmicas

Do UOL, em São Paulo

07/02/2014 20h00

A cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Sochi-2014 recebeu diversos elogios pelo mundo (apesar de falhas, como o anel olímpico que não acendeu), mas nem todas as pessoas curtiram o evento de quase três horas de duração. Que o diga Yevgeny Kafelnikov, astro do tênis russo e antigo rival de Gustavo Kuerten - Guga bateu Kafelnikov em suas três conquistas em Roland Garros.

O ex-tenista (aposentado desde 2003) nasceu em Sochi, sede dos Jogos, mas não foi convidado a participar da cerimônia. Sua revolta aumentou pelo fato de que ele é o único nativo da cidade a ter conquistado uma medalha de ouro olímpica para a Rússia: no tênis individual em Sydney-2000.

Sua revolta ficou clara no Twitter, em conversa com a também tenista Anastasia Pivovarova. “Me parece estranho que Kafelnikov não tenha participado da abertura dos Jogos, sendo que é um medalhista olímpico nativo de lá”, escreveu Pivovarova.

Em instantes, Kafelnikov respondeu com um tuíte: “O ÚNICO vencedor de uma medalha de ouro em Olimpíadas (nascido em Sochi)”, comentou.

A polêmica também chegou ao lado político. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, foi um dos que deu declarações que causaram alvoroço nesta sexta em Sochi.

Eledeixou que acredita que as Olimpíadas não são o lugar para se discutir a política russa para os gays (lembrando da lei anti-gay existente no país). "Eu sei que você dá muita atenção a temas humanitários e a direitos humanos", disse Putin a Mark Rutte, primeiro-ministro holandês, pouco antes da cerimônia de abertura dos Jogos.

"Estamos sempre abertos a discussão”, completou Putin. Rutte havia criticado a Rússia em relação aos direitos gays.

Presidente do COI dá indireta e cita "diversidade" em discurso

Todo o clima causado pela mistura entre esporte e política foi sentido no discurso de Thomas Bach, presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), durante a abertura. De maneira indireta, ele deixou claro que não concorda com qualquer forma de discriminação.

“Os atletas são benvindos, independentemente de onde vêm ou de sua história passada. Sim, é possível que os competidores vivam em harmonia e juntos, com tolerância e sem nenhuma forma de discriminação. É possível que todos ouçam, entendam e sejam um exemplo para a sociedade, construindo pontes para juntar as pessoas. Os Jogos Olímpicos são um festival esportivo que celebram a diversidade”, discursou Bach.

Patinadora que acendeu a tocha é lembrada por acusações de racismo

Irina Rodnina foi a responsável (junto com Vladislav Tretyak) por acender a tocha olímpica nesta sexta. Ela foi tricampeã olímpica na patinação artística e, por isso, é idolatrada na Rússia. Porém, ela já causou polêmica por postar uma foto com cunho racista de Barack Obama, presidente dos EUA – e o fato foi relembrado assim que Rodnini apareceu para acender a tocha.

Em setembro de 2013, ela divulgou uma imagem em que Obama aparece ao lado da mulher Michelle, com uma banana colocada em frente ao casal. Rodnina não escreveu nada sobre a foto, e apenas depois, quando entrevistada pelo jornal The Guardian, se pronunciou sobre a situação:

“Liberdade de expressão é liberdade de expressão”, se limitou a dizer, afirmando que não havia “nada de errado” com a imagem.

BANHEIROS SEM DIVISÓRIA SEGUEM COMO ALVOS NOS JOGOS

  • Os banheiros sem divisórias instalados em algumas cabines em Sochi seguem alvo de declarações, quase sempre com reclamações.

    Desta vez, Dmitry Kozak, vice-premiê russo, assumiu que a privacidade realmente não é uma prioridade dos russos.

    "Temos vídeos de segurança nos hotéis o tempo todo. Desde a hora em que vão tomar banho até quando deixar o quarta. É o dia todo", disse o político ao jornal The Verge.

  • Jornalistas que trabalham nos Jogos também reclamam da estrutura. O correspondente da BBC Kevin Bishop publicou no Twitter uma imagem do hotel em que está e ironizou: "Progresso na recepção: agora há uma impressora e um laptop. Mas ainda não há acabamento no chão". 

  • Julie Fondy, comentarista da ESPN dos EUA, também comentou da falta de algumas necessidades básicas: "Quando o meu secador não fica na parede, fita adesiva salva o dia. Eu sinto que muita fita adesiva ainda será usada em Sochi."