Pizzonia revela decepção com Frank Williams e concilia pistas e triatlo
Antonio Pizzonia acredita que poderia ter tido carreira muito mais extensa e vitoriosa na Fórmula 1 se não tivesse ouvido as palavras de Frank Williams, fundador e dirigente da escuderia inglesa. O atual piloto de Endurance conta ao UOL Esporte que recebeu de Frank a promessa de que assumiria um posto de titular da Williams em 2005.
O brasileiro diz que o recado de Frank fez com que ele ignorasse propostas de outras escuderias no fim de 2004.
Apalavrado com a Williams, Pizzonia relata que às vésperas do Mundial de 2005 ele foi informado pelo dirigente de que não seria mais colocado entre os titulares da Williams.
Para Pizzonia, Frank não honrou suas palavras ditas e cedeu à pressão da BMW, que queria um alemão ao lado de Juan Pablo Montoya na escuderia.
“Depois das quatro corridas que fiz pela Williams em 2004 [substituiu Ralf Schumacher], eu recebi várias propostas. Tive ofertas da BAR, da Toyota, da Indy. Mas o Frank tinha me garantido que em 2005 que eu viraria piloto da equipe. Aceitei e deixei de lado as outras propostas. Mas às vésperas da temporada [de 2005], o Frank veio me comunicar que a BMW queria um alemão e que agiria de forma politica”.
O piloto brasileiro guardou uma carta assinada por Frank em que o ex-chefe explica o motivo que fez optar por um piloto alemão. Nick Heidfeld, portanto, começou 2006 na equipe da Williams, e Pizzonia continuou como reserva.
“Ficou uma grande decepção minha com o Frank. Fiquei sem a vaga e as portas das outras escuderias já tinham se fechado”, complementou Pizzonia.
Frank Williams, dirigente da escuderia inglesa
Eu ganhei praticamente todas do Montoya [primeiro piloto da Williams], mesmo não sendo o titular. Recebi propostas, mas o Frank disse que eu seria aproveitado na Williams em 2005. Depois que eu já tinha recusado todos os convites, o Frank veio me dizer que entraria um alemão por pedido da BMW. Fiquei muito decepcionado com ele
revela Pizzonia, que disputou 4 GPs em 2004 no lugar de Ralf SchumacherNos três anos em que esteve na Fórmula 1, Pizzonia participou de 20 provas, totalizando 8 pontos.
Aos 33 anos, Pizzonia se divide nas funções de piloto de Endurance e de triatleta. O que parecia ser apenas um desafio no triatlo acabou virando uma paixão.
Pizzonia participou do IronMan (principal competição do triatlo mundial) de 2011 e não pôde realizar as edições de 2012 e 2013 devido ao nascimento do filho e por compromissos automobilísticos.
“O triatlo não atrapalha em nada na preparação para o automobilismo. Aliás, só ajuda. Quero seguir como piloto por mais 10 anos e também continuar competindo como triatleta”.
Dinheiro move atual Fórmula 1, diz Pizzonia
Com passagens pela Fórmula 1, Indy, StockCar e outras categorias, Pizzonia entende que a Fórmula 1 foi tomada por interesses financeiros.
Ele cita o venezuelano Pastor Maldonado na Williams e o mexicano Sérgio Perez na McLaren, turbinados com patrocinadores de seus países.
“Antes, só a Minardi permitia que um piloto entrasse por dinheiro. Hoje você vê grandes equipes visando o dinheiro. O Maldonado tem apoio financeiro da Venezuela para correr na Williams. O Pérez na McLaren. Antes se chegava por méritos. Hoje o piloto na base já sabe que só vai subir se tiver ajuda. É uma pena, porque gerações boas são perdidas porque nem todos conseguem chegam só por talento”.
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