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Fórmula 1

Como Massa conseguiu um contrato milionário para voltar da aposentadoria

Julianne Cerasoli

Do UOL, em São Paulo

19/01/2017 04h00

Uma das grandes discussões a respeito das negociações para o retorno de Felipe Massa é em relação ao salário que o piloto brasileiro vai ganhar para disputar a temporada de 2017 pela Williams. Os primeiros relatos dão conta de que a oferta foi de seis milhões de euros, equivalente a mais de 20,5 milhões de reais e o próprio Massa afirmou que a oferta foi tentadora. Porém, fontes ligadas ao piloto ouvidas pelo UOL Esporte insistem que as quantias divulgadas são “irreais”.

O fato é que a Williams tinha dinheiro para investir e é altamente provável que o valor esteja dentro da realidade. “No final das contas, era uma oferta que não podia recusar, afirmou Massa. “Era a Williams! Não vou discutir valores ou quaisquer detalhes da negociação. Tudo o que vou dizer é que esta foi a decisão certa e estou feliz em continuar fazendo parte da equipe.”

Como Valtteri Bottas era o primeiro da lista da Mercedes para substituir Nico Rosberg quando o alemão decidiu pela aposentadoria e demonstrava total interesse em correr pelos atuais tricampeões do mundo, o time inglês concordou em cedê-lo, mas fez suas exigências financeiras.

A Mercedes, por sua vez, tinha dinheiro para gastar. Afinal, o salário total de Nico Rosberg, especula-se, estava na casa de 22 milhões de euros anuais. Como o alemão continua ligado à marca, ainda receberá parte disso em 2017, mas a quantia também poderia ser movimentada para atender aos interesses da Williams e das próprias pretensões salariais de Bottas.

"Obviamente não poderíamos fazer pedidos sem dar algo em troca”, reconheceu Toto Wolff. “Claire Williams é uma mulher de negócios muito capaz, assim como seu pai Frank. Mas nós não falamos apenas sobre negócios. Por exemplo, a Williams precisava de um piloto com experiência, e foi preciso que Massa voltasse. Então nós todos estamos satisfeitos, obviamente nós contribuímos financeiramente para o retorno de Felipe.”

Claire, por sua vez, deixou claro que a troca de pilotos não estava nos planos da Williams e, sabendo da posição frágil em que a Mercedes se encontrava para negociar a saída de Bottas, o time "impôs algumas condições comerciais para se certificar de que a Mercedes também sofreria."

Essa contribuição veio por meio de um generoso desconto total no fornecimento de motores, o que custaria em torno de 16 milhões de euros à Williams. Wolff não costuma praticar desconto maior do que 5 milhões, como o dado à Force India pela contratação de Esteban Ocon, até por limitação imposta pelos acionistas, mas a Mercedes tinha mais dinheiro em caixa do que o normal com a saída de Rosberg e a situação era diferente. Mas o quanto disso foi destinado pela Williams à contratação de Massa?

Após muitas negociações, Massa conseguiu aumentar significativamente seus ganhos na Williams e fechou por 6 milhões para 2017, algo considerado expressivo dentro de um time famoso por não investir tanto nos vencimentos de seus pilotos. No passado, Frank Williams não pensou duas vezes em perder pilotos campeões do mundo, como Damon Hill e Jacques Villeneuve, para não aumentar seus salários.

No caso de Massa, ao final de seu contrato de três anos com a Williams, que durou entre 2014 e 2016, seu salário - que é pago em libras, e não em euros - era de 3 milhões de libras, algo em torno de 4,4 milhões de euros.

Nas entrelinhas, o piloto brasileiro deu a entender que a quantia atual é maior, o que é explicado tanto pela situação mais favorável da equipe - com o desconto dos motores e a quebra de um contrato oneroso com Bottas - quanto pela necessidade de contar com um piloto experiente e já conhecido pela equipe.

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