Nova federação de técnicos pede álbum de figurinhas e garantias a demitidos
A reunião que marcou o lançamento da Federação Brasileira de Treinadores de Futebol nesta segunda-feira em São Paulo teve a presença de nomes como Luiz Felipe Scolari, Dorival Júnior, Vágner Mancini e Osvaldo de Oliveira. Os técnicos se organizaram para pleitear causas que vão desde o lançamento de um álbum de figurinhas até a obtenção de garantias aos que forem demitidos pelos clubes.
O evento de lançamento da federação foi bancado com recursos do Saferj (Sindicato dos Atletas Profissionais do Rio de Janeiro), presidido há 20 anos por Armando Sampaio. “Não vejo nada de errado. Uma mão lava a outra. Um dia os atletas profissionais serão treinadores de futebol e já encontrarão uma entidade estruturada para representa-los”, disse Armando, que será secretário da nova entidade. “Fui treinador por um bom tempo e não vejo nada de errado em estar em duas associações ao mesmo tempo”, completou.
O Saferj patrocinou a viagem de presidentes de cinco sindicatos de treinadores a São Paulo, a fim de concretizar a reunião que deu origem à nova federação. “Quando fundamos o sindicato dos atletas no Rio, tivemos a felicidade de contar com a estrutura do Sindicato dos Bancários. Agora, estamos ajudando os treinadores. E não é apenas dinheiro. O Armando tem muitos contatos”, comentou Zé Mario, outro técnico que marcou presença no lançamento.
ANÁLISE: JULIO GOMES
Um desses contatos é o da editora Panini, que patrocinou os crachás de jornalistas e treinadores. A empresa recebeu um pedido do técnico do Vasco, Dorival Júnior, para que lançasse um álbum de figurinhas dos treinadores brasileiros.
De acordo com os termos debatidos na reunião, a federação dos treinadores vai centrar sua atuação inicial em quatro pontos. Um deles é a exigência de contrato mínimo de três meses, com todos os direitos trabalhistas garantidos. Outro é o direito de arena para os técnicos.
Os treinadores também querem que os clubes de futebol sejam impedidos de contratar um novo treinador enquanto não pagarem a rescisão contratual do antigo. De acordo com essa proposta, os treinadores que conseguirem um novo emprego deixarão imediatamente de receber o que lhe é devido pela rescisão.
Por fim, os técnicos pretendem criar um código de ética que impeça, entre outras coisas, empresários de oferecerem profissionais a clubes que já tenham alguém contratado.
A presença mais ilustre na reunião foi a de Luiz Felipe Scolari, técnico da seleção brasileira. Ele defendeu a excelência do curso de treinadores oferecido pela CBF e pediu o reconhecimento por parte da Fifa. “Nosso nível é tão bom quanto o de treinadores estrangeiros. E muitos brasileiros como Telê Santana e Evaristo Macedo triunfaram fora do Brasil”, observou.
Ex-técnico do Chelsea, da Inglaterra, Felipão não se citou como alguém que teve sucesso fora do Brasil. “Desafio os jornalistas, que falam tanto, a mostrar o que precisamos evoluir”, acrescentou.
Além de Felipão, a reunião contou com a presença de apenas cinco treinadores da Série A: Dorival Júnior (Vasco), Caio Júnior (Vitória), Vagner Mancini (Atlético-PR), Guto Ferreira (Portuguesa) e Osvaldo de Oliveira (Botafogo).
Membro da nova diretoria, Caio Júnior assegurou que, a partir de agora, os treinadores se unirão para bancar os novos passos da entidade. “Vamos fazer um rateio para que tudo funcione a contento”, disse o treinador do Vitória.
Dorival Júnior, do Vasco pregou uma participação maior entre todas as profissões que vivem do “produto futebol” , inclusive dos jornalistas: “Criou-se no Brasil a indústria da crítica. Antigamente, quando eu era jogador, deixava o treino e conversava com todo mundo. Hoje, há uma distância muito grande. E há muitas críticas, o que leva à demissão de treinadores”.
Giba, que já foi treinador do Santos e fez seu último trabalho no Paulista de Jundiaí, explicou qual é a grande ambição dos treinadores: “Não se pode impedir os times de demitirem um profissional. Se quiserem ter dez técnicos por ano, que tenham, mas que paguem tudo conforme a lei”.
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