Topo

Preconceito fez Rafael ser excluído da Democracia Corintiana, diz Wladimir

Renan Prates

Do UOL, em São Paulo

14/09/2013 06h00

Acusado pelo Rafael Cammarotta de ser um dos “quatro traíras” da Democracia Corintiana, Wladimir se defendeu ao explicar porque o ex-goleiro foi tirado do time na época. Segundo o ex-lateral esquerdo, Rafael foi preconceituoso com seu companheiro de posição, César.

“Não que não gostasse do Rafael. Ele foi campeão comigo nas categorias de base do Corinthians, quando subimos em 12 jogadores para o profissional. Tínhamos uma história juntos. Essa postura que ele adotou em relação ao César, dizendo que era preto, baixo, feio fisicamente, isso é no mínimo preconceito”, falou ao UOL Esporte.

Atualmente trabalhando como técnico do Primavera do Leste, da segunda divisão do futebol do Mato Grosso, Rafael Cammarota reduziu o movimento que marcou época na década de 1980 a quatro traíras.

"De democracia não tinha nada. Era um movimento bom para os que comandavam, mas os outros só batiam palma. A Democracia Corintiana tinha os quatro traíras: Sócrates, Wladimir e Casagrande, que era bocudo, além do Adilson Monteiro Alves", declarou.

Cammarota revelou ter se chateado com Wladimir por ele ter participado do movimento que pediu ao técnico Mário Travaglini para o ex-goleiro não entrar num jogo contra o Flamengo. O treinador viria pedir desculpas sobre o episódio 10 anos depois, segundo Rafael.

“Ele me disse que num jogo contra o Flamengo os jogadores se reuniram e pediram para eu não jogar. Conclusão: fiquei no banco. Não esperava uma atitude assim do Wladimir, que tinha sido meu companheiro nos juniores. A Democracia Corintiana só foi boa para a imprensa e para acabar com a ditadura do Vicente Matheus, mas deu abertura demais. O Mário Travaglini perdeu o comando do time".

Um dos líderes da Democracia Corintiana na época, Wladimir reconheceu as qualidades de Rafael Cammarota, mas contou que o goleiro “infernizava” a vida de Travaglini para ser titular. Além disso, tornou a disputa com César tão acirrada que fez o rival jogar machucado uma das semifinais contra o Grêmio, no Brasileirão de 1982, para não correr o risco de perder a posição.

“Rafael está falando como uma pessoa que foi banida, exilada do grupo, por conta do comportamento dele. Infelizmente o Rafael teve um comportamento pouco profissional e pouco sociável no meu ver, na medida que só pelo fato de ter estatura e porte físico, se achava melhor que o César, queria ganhar a posição no grito, sempre quis ganhar no grito”, declarou Wladimir.

“Por muitas vezes, [Rafael] desrespeitou o César né. Fazia alusão à estatura do Cesar, biotipo físico do Cesar, isso não cabe em uma equipe profissional, onde tem que prevalecer é o coletivo, entendeu? Não aconteceu só com ele, também com outros jogadores. O próprio grupo afastou o companheiro por conta disso”.