Pivô de polêmica, advogado Sestário prevê caso Lusa resolvido em 20 dias
A investigação sobre o que levou a Portuguesa a colocar o meio-campista Heverton em campo na última rodada do Campeonato Brasileiro de 2013 deve ser concluída em até 20 dias. A previsão é de Osvaldo Sestário, que trabalhava para a equipe do Canindé no Rio de Janeiro e representou o time na sessão do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) em que a suspensão do jogador foi determinada.
“Essa investigação deve se encerrar nos próximos 15 ou 20 dias”, analisou Sestário em entrevista exclusiva ao UOL Esporte. O advogado foi ouvido na última sexta-feira pelo Ministério Público de São Paulo, que tenta entender o que motivou o erro.
Heverton havia sido expulso contra o Bahia e cumprido suspensão automática diante da Ponte Preta. Na sexta-feira que precedeu o confronto entre Portuguesa e Grêmio, o STJD deu pena de duas partidas ao meio-campista. Começou então um imbróglio que se arrasta até agora e que tem papel determinante para o rebaixamento.
A Portuguesa foi punida pela escalação irregular de Heverton, que entrou no lugar de Wanderson aos 32min do empate com o Grêmio. A equipe rubro-verde perdeu quatro pontos, e isso a rebaixou para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro.
No início de janeiro, a Promotoria do Consumidor do MP-SP instaurou inquérito sobre o caso. A investigação tem sido dividida, basicamente, em duas frentes: a legalidade do dispositivo usado para punir a Portuguesa e o que levou a equipe a escalar Heverton.
O promotor Roberto Senise Lisboa já chegou a uma conclusão no primeiro caso. No entendimento dele, o artigo 133 do CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva), que foi usado para punir a Portuguesa, foi revogado em 2010 pelo Estatuto do Torcedor, que tem texto contraditório e hierarquia superior.
Na próxima segunda-feira, Senise Lisboa espera receber um representante da CBF. O promotor deve exigir a assinatura de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) em que a entidade reconheça o erro do STJD e retire a punição.
Outro caso é a investigação sobre o que levou a Portuguesa a colocar Heverton em campo. Senise Lisboa já ouviu ao menos cinco dirigentes da equipe rubro-verde e o técnico Guto Ferreira.
“Não posso falar muita coisa para não atrapalhar a investigação, mas minha posição é a mesma desde que o caso surgiu”, afirmou Sestário.
O atual presidente da Portuguesa, Ilídio Lico, foi um dos dirigentes ouvidos por Senise Lisboa. Na conversa com o promotor, o mandatário disse que as versões de duas pessoas do clube sobre o caso “não foram convincentes”.
A Portuguesa também tem conduzido sindicância interna sobre o caso. A investigação tem sido feita por um grupo mais ligado a Lico – a atual diretoria foi formada em consenso e conta com representantes de diferentes grupos políticos do clube.
Sestário é uma peça central nas investigações do MP-SP e da Portuguesa. O advogado estava no STJD na sessão em que Heverton foi suspenso. A informação nunca chegou a Guto Ferreira, técnico da equipe rubro-verde. O que está mal explicado é em que ponto o conteúdo se perdeu.
A versão de Valdir Rocha, advogado que trabalha na Portuguesa e que era o responsável por falar com Sestário, é que o jurista jamais informou sobre a suspensão de Heverton. Segundo ele, o profissional do Rio de Janeiro chegou a pedir desculpas pelo caso.
“Na terça-feira depois do jogo contra o Grêmio, o presidente Manuel da Lupa ligou para o Sestário, que disse: 'Me desculpem. Foi um lapso e eu assumo a culpa'. O filho do [então] presidente estava na sala, ouviu a conversa e pode confirmar a história”, relatou Rocha.
Sestário contesta essa história: “Esse filho do [Manuel] Da Lupa nunca esteve no local, e agora eles estão dizendo que ele estava lá. O que houve é que eu liguei para o doutor Valdir e perguntei se tinham colocado o jogador. Ele ficou apavorado, e a ligação caiu. Depois da quinta ou sexta tentativa, ele já estava na sala do presidente e falou o que aconteceu. Aí eles estão tentando colocar um terceiro na história”.
“E outra: o jogador pode pegar até quatro partidas e o treinador nem sabe que ele vai ser julgado? Eu acho que isso explica muito”, completou Sestário.
Em entrevista ao site da “ESPN”, Sestário havia dito que Manuel da Lupa e Valdir Rocha pediram para ele assumir a culpa pelo erro. Na última sexta-feira, o advogado disse que a escalação de Heverton aconteceu por “desdém” dos dirigentes da Portuguesa.
Independentemente do que realmente aconteceu, porém, uma coisa está clara para o jurista: haverá consequências na edição 2014 do Campeonato Brasileiro. “Eu espero que as pessoas tenham bom senso para fazer [a competição] com 20 times, como tem de ser. Eu torço para isso. Não acredito muito, mas torço para isso”, finalizou Sestário.
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