Você abriria mão de empresa e de cafés com FHC para ser diretor do Bahia?
A primeira experiência de William Machado como dirigente de futebol não foi nada positiva. Em fevereiro de 2011, ele assumiu a gerência do departamento no Corinthians, time em que havia sido zagueiro e capitão até o término do ano anterior. Depois de alguns meses e de um desentendimento com a cúpula do clube, porém, o ex-jogador pediu demissão para se concentrar em projetos pessoais: um período de estudos na Inglaterra, a criação de uma empresa para gerenciar fortunas de atletas e uma nova agenda social, com direito a encontros com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para discutir assuntos como economia e política. Em dezembro de 2013, ele trocou tudo isso por um retorno à gestão do esporte e assumiu a direção de futebol do Bahia.
William tem trabalhado até 14 horas por dia no clube tricolor. “Eu não tenho tido tempo livre aqui. São muitas atribuições no Bahia, mas tinha ciência de que seria assim. Para você ter uma ideia, eu só consegui ir à praia em um domingo de folga, depois de um jogo que foi no sábado. Fora isso, em mais de dois meses, não sobrou tempo para muita coisa”, contou o ex-zagueiro.
No fim de 2010, quando decidiu encerrar a carreira, William tinha 34 anos. O zagueiro começou nessa época uma rotina pouco comum para ex-jogadores de futebol. O primeiro projeto pós-aposentadoria foi um intercâmbio na Inglaterra.
“Foi um período muito positivo. Fazer uma viagem, mesmo que seja um mês de férias, abre caminhos para estudar e conhecer pessoas diferentes, com menos do que a gente, que às vezes conseguem produzir mais. Do lado profissional, aprender o idioma foi muito importante. Hoje o inglês é fundamental. O crescimento foi muito grande. Óbvio que só isso não basta, mas é preciso estar sempre atualizado”, relatou William.
O aprendizado e a convivência com outras culturas serviram para consolidar outro projeto de William, que abriu em 2013 uma empresa para gerir fortunas de atletas e artistas: “O índice de esportistas e celebridades que perdem tudo num curto prazo é gigantesco. Percebi que há um grande campo em que a gestão acaba não sendo profissional”.
Além da Redoma Capital, William chegou a trabalhar como comentarista esportivo no canal fechado Bandsports. No entanto, o cargo no Bahia fez com que o ex-jogador se afastasse da empresa e dos microfones.
“A rotina que eu tenho aqui no Bahia, com 12 ou 14 horas diárias de trabalho, tem impossibilitado a condução de projetos paralelos. Meu sócio [Henning Sandtfoss, profissional do mercado financeiro] tem tocado a empresa e vai levar sozinho a partir de agora. O trabalho como comentarista também foi uma experiência muito boa. No futuro, talvez eu volte a fazer. Não tenho medo de transitar por áreas diferentes. Gosto de experimentar coisas novas”, disse o diretor da equipe baiana.
Outro aspecto que William precisou mudar na rotina foi o convívio social. O ex-jogador havia desenvolvido um círculo de amizades pouco ou nada ligadas ao meio do futebol. Um exemplo é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a quem o atual dirigente do Bahia foi apresentado em um jantar realizado na casa de Ronaldo “Fenômeno”.
“Eu gosto muito de conversar com o presidente. Ele é uma pessoa muito sábia, que tem sempre muito a oferecer. Me sinto muito leve, e isso se dá pela proximidade. Ele é meu vizinho em Higienópolis [bairro da Zona Oeste de São Paulo]. Isso facilitou o contato”, explicou William. Fernando Henrique Cardoso apresentou o ex-jogador a cientistas políticos, por exemplo: “Eles têm conhecimento e uma visão muito interessante sobre a vida. Eu acabo conversando muito com pessoas mais velhas. Isso era mais fácil quando eu estava em São Paulo, até porque o dia a dia permitia mais”.
William abriu mão de tudo isso (estudos, empresa e as amizades criadas em São Paulo) para assumir a direção de futebol do Bahia. E até aqui, a aposta ainda não se mostrou acertada – em entrevista coletiva concedida no dia 11 de fevereiro, o dirigente chegou a classificar o início de ano da equipe tricolor como “desastroso”.
O Bahia estreou no Estadual com derrota por 2 a 1 para o Galícia em casa. Depois, venceu o Jacuipense (1 a 0) e empatou com Vitória da Conquista e Vitória (ambos por 1 a 1). O grande tropeço da equipe tricolor em 2014, porém, foi a eliminação ainda na fase de grupos da Copa do Nordeste – numa chave em que CSA e Santa Cruz-PE avançaram.
“Tivemos um início aquém do que se esperava. Temos conhecimento de que podemos apresentar algo melhor, com respeito às limitações de tempo e de orçamento”, admitiu William.
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