As noitadas do passado: Pelé badalou em NY e Casão mentiu para dar festa
Boleiros fãs de baladas são comuns. Sempre foram. Boates, hotéis, bares próprios, não importa. Quando um jogador de futebol quer curtir a noite, não faltam opções. Pelé desfrutou da noite de Nova York nos tempos de Cosmos. Ronaldo rodou o mundo fazendo gols e festas. George Best virou uma lenda por isso. Até os técnicos que hoje são “linha dura” entendem e lidam com isso. Ganha quem sabe controlar o incontrolável: o apetite dos boleiros. Confira abaixo histórias marcantes de alguns craques em diversão.
Pelé, as loiras e a balada-sensação em Nova York
“Ainda lembro da cena de Pelé no Studio 54, com uma loira em cada, parecendo um imperador romano”. A cena é descrita por David Hirshey, escritor e editor norte-americano que trabalhava com Pelé para um livro de memórias do jogador nos anos de 1970, em uma entrevista para a revista GQ em 2012. “Nos olhamos nessa hora e ele disse: “Essa não é para o livro, meu amigo”, completou.
Pelé era cliente do Studio 54 na época que jogou no Cosmos, em Nova York em meados da década de 1970 (de 75 a 77). A famosa balada era o ponto alto da noite da maior cidade norte-americana. Lugares onde todos os artistas iam. De Mick Jagger e Michael Jackson a Woody Allen e Andy Warhol. A fama era de música, dança e drogas. Era um lugar de vanguarda. E até hoje é um marco da era disco. E Pelé, por ser uma das figuras do esporte que surgia nos EUA, tinha o nome na lista da casa.
Na época, era casado com Rosemeri. O filho Edinho e a filha primogênita Kelly Cristina estavam em Nova York também. O próprio Edinho relatou, em uma entrevista à revista Piauí de julho de 2009, que seus pais andavam com o relacionamento conturbado na época do Cosmos. Edinho tinha apenas seis na época. "Lembro de umas poucas discussões, porque ele geralmente chegava depois que a gente já tinha ido dormir. Aí ela ficava meio chateada, ele ficava meio sumido", afirmou.
Não se sabe quantas vezes Pelé passou pelo Studio 54, nem se isso – de fato – contribuiu para algum atrito do casal. Duas coisas, porém, marcaram sua passagem pela balada. A primeira era uso da sua fama pelos promotores. Era importante ter Pelé – já figura pública e mundialmente famosa – no recinto. A junção da balada mais cultuada do mundo e o craque do século tem imagens gravadas até hoje. A segunda é que Pelé não foi flagrado em nenhuma foto comprometedora no local (diferentemente de outras celebridades na época). Estava comportado sempre e há apenas um registro dele dançando no local.
George Best: o craque que teve 1000 garotas. Ou mais
George Best era, podemos dizer, um David Beckham da década de 1960/1970. Era o britânico (nascido na Irlanda do Norte) da moda. Jogava no Manchester United, ganhou títulos e foi campeão europeu. E a comparação acaba aí. Ele era tão famoso nos campos (chegou a ser comparado a Pelé) quanto fora deles. Era o rei das baladas e das mulheres.
Em uma das suas biografias (são várias delas), lançada em 2013, o autor Duncan Hamilton entrega que ficou surpreso ao apurar um fato da vida do jogador. “Disseram que George tinha dormido com 1000 mulheres antes de 1969. E eu achava que isso era conversa e perguntei aos amigos dele: ‘Qual é o número real?’ E eles disseram ‘bem, provavelmente, muito mais que isso’. Então, conclui que minha estimativa era conservadora”.
Best, que morreu em 2005 (por problemas após um transplante no fígado), era o terror das noites de Manchester (e depois dos EUA). Tanto que comprou uma e curtia por lá. A balada chamada Slack Alice tinha como sócio Malcolm Wagner, seu amigo.
Wagner também lançou um livro de histórias sobre Best. E um dos temas era a relação dos astros com as mulheres. “Ele era intenso nos relacionamentos. Se ele achava alguém que gostava ia para cima...Ele costumava dizer: ‘Waggy, não tem nada como desembrulhar um novo bombom’”, contou o amigo de 40 anos.
No currículo de Best, que ficou marcado por seu declínio nas bebidas e mulheres, houve alguns casamentos e muitas Miss Mundo. Loiras e champanhe estão em quase todas as fotos. Entre suas frases célebres, duas que mostram como Best priorizava o relacionamento com as mulheres e o mundo fora de campo. “Em 1969, eu abri mão de mulheres e bebidas e foram os piores 20 minutos da minha vida”. “Gastei muito dinheiro em bebida, mulheres e carros rápidos. O resto eu desperdicei”.
Heleno, o bad boy que usava Copacabana Palace para palco de suas festas
Charme, uma imagem irretocável e requinte estavam entre as artimanhas de Heleno de Freitas, o primeiro craque bad boy do futebol brasileiro. Gols e festas se alternavam em sua rotina num Rio de Janeiro efervescente. Ele era mais que um jogador conhecido. Ele inaugurou o que hoje virou lei: o boleiro garanhão que alia fama e curtição.
"Conheci mulheres que perderam a juventude na porta do Copacabana Palace na ilusão de substituírem o lança-perfume nos prazeres de Heleno. Ele chegava vestido de branco, descia do Cadillac e ia sentar-se à beira da piscina, com uma garrafa do melhor uísque e um balde de gelo", relatou Moacir Japiassu, em matéria da Isto É reproduzida no livro “Nunca houve um homem como Heleno”, de Marcos Eduardo Neves.
Nos anos 1940, as trajetórias de Heleno de Freitas e do Copacabana Palace se confundiram. O ídolo do Botafogo chegou a morar no hotel e gostava de ficar no edifício anexo, onde as regras eram mais flexíveis e o acesso de cantoras, socialites e tietes, mais fácil. Heleno frequentava o cassino e a boate. Outros cassinos do Rio também o agradavam, mas, como bom galã, ele apreciava a sofisticação do Copacabana Palace.
Casagrande fingiu ser dono de apartamento para dar festa
Inferno na Torre é um capítulo da biografia (Casagrande e seus demônios, do próprio jogador e de Gilvan Ribeiro. Editora Globo) que conta umas das festas mais marcantes da carreira do jogador. E a balada começou com uma ideia entre Casão, que já era jogador famoso, com seus amigos na zona leste. O atacante do Corinthians viu um prédio recém-construído e sonhou: “Imagina só se [a festa] fosse naquela cobertura que está à venda”. Um dos amigos, Ocimar, que era corretor, disse que tinha a chave do apartamento. E tudo começou a acontecer.
Casagrande e todos amigos mentiram ao porteiro do prédio. A "desculpa" era que o centroavante tinha comprado a cobertura do prédio, que nem eletricidade tinha, e queria mostrar aos amigos naquele dia. Uma festança foi formada, então. Luz foi puxada para ligar o som e mulheres foram chamadas e chegando ao longo da noite. Drogas e bebidas também foram relatadas na biografia do jogador, que lutou contra dependência química após o fim da carreira.
No meio da festa, um problema. O síndico do prédio, que já morava no lugar, reclamou do barulho. O “corretor” Ocimar, então, intercedeu e inventou mais uma mentira. A lorota era que ele, Ocimar, tinha comprado a cobertura para a mãe, a Dona Zoca. Casagrande, nessa hora, estava em um quarto, de portas fechadas, fazendo sexo com uma garota. A loucura era tanta que Ocimar - quando soube o que Casão fazia - acreditou na própria mentira e foi correndo gritar: “Chupeta no quarto da dona Zoquinha, não”.
Ronaldo em noite fenomenal: da Europa para Presidente Prudente
Zidane já contou que se impressionava com a disposição em ir para festas de seus companheiros brasileiros de Real Madrid. Entre eles estava Ronaldo. Polêmicas não faltaram na carreira do ex-camisa 9 da seleção, mas um episódio em particular mostrou seu lado festeiro ao torcedor brasileiro. Nada das badaladas Madri ou Milão. A barulhenta algazarra ocorreu em Presidente Prudente, no interior paulista.
A famosa (e problemática) balada de Ronaldo começou em um dia de folga após jogo do Corinthians no interior. O esquenta foi um churrasco. O auge, a passagem pela boate Pop’s Drinks. Segundo funcionários do local, o Fenômeno ficou em área isolada, bebeu, fumou e se aproximou de algumas mulheres.
Empolgado, não respeitou o limite de horário para retornar e discutiu ao voltar para o hotel onde o time estava concentrado. Ficou irritado, ameaçando ir embora, mas foi demovido da ideia. No dia seguinte, faltou ao treino pela manhã e acabou multado. O episódio culminou em grande polêmica e na saída do diretor-técnico Antônio Carlos.
A festinha que separou Romário e Flamengo para sempre
As escapadas de Romário eram famosas e suas noites em boates, frequentes. E uma balada em especial marcou a trajetória do Baixinho. Ele sempre insistiu em dizer que bebia raramente e não fumava. Seu negócio eram as mulheres. Por elas, Romário fugia das concentrações até em viagens da seleção brasileira. Mas foi uma festinha em hotel usado pelo Flamengo que causou polêmica e encerrou sua história no clube, em 1999.
Logo após a eliminação no Brasileiro diante do Juventude, em Caxias do Sul, os jogadores do Flamengo foram para uma cervejaria. Depois, segundo a revista Isto É, eles voltaram ao hotel e alegaram aos dirigentes que haviam passado a noite jogando baralho no quarto do goleiro Clemer. Na verdade, estavam reunidos em outro quarto com quatro garotas. Uma delas, de acordo com a revista, ganhou R$ 5 mil e levou de brinde uma taça de champanhe usada por Romário.
Um supervisor descobriu a festança e contou o ocorrido ao então presidente Edmundo dos Santos Silva. Romário não pediu desculpas e deu a seguinte declaração, que acabou encerrando sua história no Flamengo: "Saí e continuarei saindo, porque acho muito normal as pessoas saírem para se divertir".
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