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"De mal a pior'. Imprensa não perdoa e pega pesado com Espanha após derrota

Do UOL, em São Paulo

09/10/2014 20h23

Mais do que um tropeço, a Espanha parece ter despertado todos os seus fantasmas ao perder da Eslováquia por 2 a 1, fora de casa, pelas Eliminatórias da Euro. A reação à derrota na imprensa local foi quase unânime: de Madri a Barcelona, jornalistas pegaram pesado ao avaliar o vacilo dos atuais bicampeões continentais.

“Espanha se acostuma a perder”, disse o AS. “Espanha de mal a pior”, manchetou o El Pais. “Iker canta [expressão usada no sentido de ‘vacila’] e Espanha não se levanta”, disse o Sport.

A derrota em si não é tão traumática. A Eslováquia agora lidera o Grupo C com seis pontos, contra três da Espanha. Só que como dois avançam para a Eurocopa de 2016, que será disputada na França, a classificação não está nem de longe ameaçada, ainda mais em um grupo com Ucrânia, Luxemburgo, Macedônia e Belarus.

O problema é o medo de que a Espanha tenha deixado para trás, de uma vez, seus tempos de gigante. Desde o bi europeu em 2012, a Fúria tem acumulado resultados frustrantes, como a perda da Copa das Confederações para o Brasil, em 2013, e a eliminação precoce e vexatória na primeira fase da Copa neste ano.

Nomes como Xavi, Xabi Alonso e Villa deixaram a seleção. Líderes do time como Casillas, Iniesta e Piqué hoje estão mais velhos, e a geração seguinte de David Silva, Fabregas e Diego Costa (já nem tão novos assim) ainda não se encaixou. “Nem no Brasil, nem na Eslováquia. A Espanha não explode, gripada desde o Mundial. Perdeu todo seu encanto, afunda no seu próprio brilho e isso é muito pouco. O time perdeu as peças e deriva”, disse o El Pais.

“A seleção não foi pior que a Eslováquia, mas perdeu esse porte de infalibilidade que a acompanhou nos últimos tempos, quando sempre aparecia uma solução. Agora, aprendeu a cair”, escreveu o AS.

Os dois jornais foram os mais críticos à atuação, mas não os únicos. Na mídia de Barcelona, tradicionalmente menos empolgada com a equipe, a fase foi chamada de “Síndrome pós-Mundial” pelo Mundo Deportivo, que acrescentou que a derrota “expôs todas as vergonhas de uma seleção que precisa melhorar muito”.

Quem pegou mais leve foi o Marca, de Madri, que ainda assim não pode esconder a decepção. “Espanha vacila de novo”, estampou o jornal em sua versão online. “Dúvidas, muitas dúvidas antes do jogo contra Luxemburgo”, disse o jornalista que relatou o confronto na Eslováquia, quase esperançoso para o jogo do próximo fim de semana.

Reprodução da chamada do El Pais, que criticou a seleção espanhola após derrota para Eslováquia - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Foi a primeira derrota da Espanha em um jogo de Eliminatórias para a Euro desde 2006 – eram 18 partidas de invencibilidade e 14 vitórias consecutivas. O time que furava qualquer retranca hoje sofre para impor seu estilo. Mais que isso, para encontrar seu estilo.

Nesta quinta, abusou das bolas aéreas e parou na alta defesa eslovaca. Diferença brutal para o time que foi campeão do mundo tocando a bola, envolvendo, desmontando o rival sem forçar. Hoje, uma das armas da Espanha é Diego Costa, o centroavante rompedor que ainda não marcou pelo país que decidiu defender.

“Diego Costa, um atacante mais poderoso que intuitivo, esteve mergulhado em um purê de defesas bem armados”, disse o AS, em uma duvidosa analogia culinária.

“Aquela equipe de seda há não muito tempo hoje é um tiro no ar. O sintoma é Iker Casillas. Iker com minúsculas”, escreveu o E l Pais, implicando um papel de protagonista ao goleiro do Real Madrid, campeão da Copa em 2010, que vem falhando com frequência – contra a Eslováquia, espalmou um chute de longe e ajudou os rivais a abrirem o placar.