Como a ditadura fez o modesto Real Madrid se transformar num gigante?
Existe uma discussão sem fim no futebol espanhol: o Real Madrid só é tão grande por ter recebido ajuda da ditadura de Franco? Um documentário recente defende essa ideia e levanta a polêmica relação do ditador com o time de Cristiano Ronaldo. A influência na contratação de Di Stéfano, a construção do estádio Santiago Bernabéu, o uso do clube como propaganda internacional e favores dos árbitros são a base do filme de cerca de uma hora.
O documentário se chama “O Madrid real. A lenda negra da glória branca” e é de autoria de Carles Torras. Ex-dirigentes, Di Stéfano e até o neto de Francisco Franco dão depoimentos. O filme defende a ideia de que o Real seria um time modesto não fosse a ditadura franquista.
Di Stéfano é um dos grandes pivôs da disputa que alimenta até hoje a rivalidade entre Real e Barcelona. Lenda entre os torcedores merengues, o argentino chegou à Espanha para assinar com o Barça. No entanto, havia um imbróglio entre River Plate e Millonarios-COL sobre o dono de seus direitos.
O Barça fechou com o River, enquanto o Real tratou com os colombianos (durante um tempo não reconhecidos pela Fifa). A decisão da federação espanhola foi que Di Stéfano atuasse uma temporada em cada time durante quatro anos. A equipe catalã considerou o negócio absurdo e desistiu. Segundo o filme, a posição da federação foi resultado da influência de Franco.
Naquela época, o Barcelona, símbolo da Catalunha, tinha um time poderoso comandado pelo húngaro Ladislao Kubala, estrela do momento, e Franco queria fortalecer o Real Madrid para usar sua imagem na propaganda internacional de seu regime. Não à toa, alega o documentário, um amigo de Franco, Raimundo Saporta, entrou no clube e assumiu a responsabilidade de exportar a marca Real Madrid.
O filme também defende que o estádio Santiago Bernabéu foi construído com dinheiro público num surpreendente intervalo inferior a três anos, mesmo em um período no qual o país ainda se recuperava da Guerra Civil e o clube andava mal das pernas financeiramente. O presidente do Real na época era Santiago Bernabéu, ex-jogador do clube e soldado das tropas de Franco durante a guerra.
O último grande argumento do documentário é a íntima e suspeita relação do clube com a comissão de arbitragem da época. Presentes eram enviados às mulheres dos árbitros. “Tínhamos o costume de mandar presentes para as esposas, como ramos de flores”, declarou um ex-dirigente do Real.
O fato é que, durante a ditadura liderada por Franco, o Real Madrid encerrou um jejum de duas décadas sem ganhar o Espanhol e faturou 14 troféus, além de suas primeiras seis copas europeias. Um salto e tanto.
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