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CBF diz ter entregue documentos a procuradores, e faz lobby no Congresso

Rodrigo Mattos

Do UOL, no Rio de Janeiro

28/05/2015 18h23

Em dias tensos, a diretoria CBF informou ter entregue contratos para o Ministério Público Federal com o objetivo de ajudar na provável investigação da entidade por subornos apontados pelo Departamento de Justiça dos EUA. Foi o que disse o secretário-geral da confederação, Walter Feldman. Os acordos disponibilizados são relacionados à Copa do Brasil e ao patrocínio da Nike, nos quais houve pagamento de propinas segundo investigação norte-americana. O cartola fez lobby no Congresso contra intervenção na entidade.

"Já entregamos para o MPF contratos. Tudo o que não for sigiloso, nós entregamos", afirmou o dirigente, que desconhecia a volta de Marco Polo Del Nero da Suíça antes da eleição da Fifa. Sobre a CPI, ele fez um comentário genérico: "Estava ouvindo isso quando estive lá (no Congresso). É uma manifestação do Congresso."

A CBF também afirmou através de nota que apoia "toda e qualquer investigação": “A Confederação Brasileira de Futebol apresentou hoje, de forma espontânea, na sede do Ministério Público Federal, no Rio de Janeiro, os contratos firmados pela entidade em gestões anteriores e que foram objeto de ampla divulgação pela mídia no dia 27 de maio de 2015. O documento foi protocolado e endereçado ao Procurador Chefe do MPF do Rio de Janeiro. A CBF manifestou o seu apoio integral a toda e qualquer investigação e se colocou à inteira disposição para esclarecimentos adicionais que se façam necessários”.

Ainda não há procuradores designados para investigar a CBF. Mas o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, pediu à procuradoria geral da república que analise se foram cometidos crimes enquadrados pelas leis brasileiras. Se isso for confirmado, serão abertos inquéritos para apuração dos casos.

Feldman tem pregado que a entidade tem uma nova gestão transparente, tentando dissociá-la do vice e ex-presidente José Maria Marin. O problema é que os documentos do Departamento de Justiça dos EUA indicam que o atual presidente da confederação também está envolvido em propinas relacionadas à Copa do Brasil. Ele não é citado, mas a descrição do personagem só se encaixa em seu perfil.

O secretário-geral foi à Brasília para discutir a MP do Futebol, a qual a CBF se opõe por ver uma interferência do governo em sua gestão. A questão é que o governo federal se aproveitará da fragilidade atual da confederação para forçar a imposição da medida em negociação no Congresso. Feldman afirmou ter sido bem-recebido por líderes do PT no Senado ao expor suas posições.