Filosofia e faculdade: como o 'inimigo de Neymar' virou um novo homem
Joey Barton já chamou Neymar de ‘supervalorizado’, desdenhou de seus gols e comparou o brasileiro a Justin Bieber – os dois seriam ‘brilhantes no YouTube, mas uma porcaria na vida real’. Mas, ao que tudo indica, o meio-campista britânico é um novo homem.
Aos 32 anos, Barton está sem clube desde o fim da temporada 2014/2015, quando deixou o Queens Park Rangers. Longe do discurso provocador, ele agora é um sujeito que busca tranquilidade na universidade e na religião. Olhando para o passado, ele encontra uma raiz para seu comportamento agressivo e debochado.
“Comecei a frequentar um curso na Universidade de Roehampton no ano passado. Vou a palestras às terças e quintas durante o semestre e fiz amizade com Raj (Seghal), o palestrante. Não estou dizendo que sou superinteligente, mas não há nada que o impeça de expandir sua mente se você tem foco e disciplina. Você pode aprender muito sobre o mundo e, mais importante, sobre si mesmo”, disse Barton, em entrevista ao jornal The Times.
Em fevereiro de 2015, ao jornal The Independent, o jogador provocou polêmica ao propor uma privatização das religiões entre os britânicos. “Se eu fosse primeiro ministro, eu privatizaria a religião. O dinheiro público precisa se manter afastado da religião”, declarou na ocasião.
O tema foi novamente abordado na entrevista deste final de semana. Desta vez, com base nos estudos e um novo foco sobre a questão, Barton pediu que as religiões ajudem a esclarecer as mentes dos fiéis.
“Eu não gosto da maneira que a religião faz as pessoas pararem de pensar por si. Eu realmente acredito que a filosofia deveria substituir o ensino religioso nos currículos escolares. As pessoas deveriam receber as ferramentas para tentar entenderem quem são, ao invés de simplesmente confiarem nas palavras de uma autoridade”, analisou.
Criado em Huyton, um subúrbio de Liverpool “onde a violência é parte de seu crescimento”, Barton mostrou acreditar que sua infância foi responsável por seu temperamento. Segundo ele, “isso é inevitável”.
“De onde eu vim, a violência era a regra. Isso era respeitado. Mostrava que você era durão e não permitiria que alguém passasse por cima de você. Onde eu cresci, reina a lei da selva”, contou. “Quando eu era pequeno, um menino apanhou na escola. Ele foi para casa e contou a seu pai. Seu pai deu a ele então um bastão de beisebol. ‘Vai lá e pegue ele. Se você não o pegá-lo, vou te dar uma surra. A menos que você brigue, que você acerte ele, você nunca vai chegar a lugar nenhum nesta vida’”, contou.
Barton ganhou justamente no futebol a chance de deixar a vizinhança violenta. Aceito nas categorias de base de Everton e Liverpool durante a adolescência, o meio-campista profissionalizou-se pelo Manchester City.
“O futebol não foi apenas uma maneira de ganhar a vida. Foi também a oportunidade que recebi de deixar o passado para trás”, contou ele, explicando ter convivido desde sempre com discursos abusivos ao longo da vida.
“Onde eu cresci, homofobia era normal. Havia muito racismo também. As pessoas eram ameaçadas por qualquer um por serem um pouco diferente. Mas joguei com atletas negros, e conheci gays. O futebol derrubou barreiras para mim. Isso me ajudou a ver que as ideias de minha infância não eram a verdade absoluta. Há outras maneiras de pensar no mundo. O futebol, se você preferir, tem derrubado tabus na minha vida”, afirmou.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.