Mirandinha lembra brigas e amores com Viola e a chance de jogar no rival
Mirandinha sempre será lembrado pela torcida do Corinthians por seu estilo folclórico e pela sina de sempre marcar contra o Palmeiras. As provocações e a fama de carrasco diante do maior rival foram tão marcantes que o jogador recebeu uma proposta de atuar pelo time alviverde, mas desistiu por causa das ameaças que sofreu da torcida palestrina. Em entrevista ao UOL Esporte, ele também recordou sua relação com Viola, que teve brigas e - depois - amizade.
A história com o Palmeiras aconteceu no fim da década de 90. Mirandinha deixou o Corinthians e teve o passe comprado pela Parmalat. Como a empresa era a patrocinadora do Palmeiras, ele podia atuar pelo time. Mas a torcida se revoltou, colocou faixas no centro de treinamento contra a chegada do atacante e até fez ameaças.
Mirandinha, de fato, fazia jus à fama de carrasco. Em sua passagem pelo Corinthians, o atacante disputou 13 clássicos e balançou as redes dez vezes. Não satisfeito, fazia questão de provocar com uma comemoração diferente em cada jogo.
Veja abaixo os trechos da entrevista. O ex-atacante fala sobre o episódio, como foi a sua saída do Corinthians quando brigou com o técnico Oswaldo de Oliveira e ainda sobre uma grande polêmica com o ex-atacante Viola.
Por que quase jogou no Palmeiras e desistiu?
“Eu fui para o Juventude, que era da Parmalat, e os caras da torcida do Palmeiras colocaram uma faixa no CT da Barra Funda. Saiu no jornal O Lance que eu ia fazer uma ponte do Juventude para o Palmeiras. Por causa disso eu fui ameaçado, a minha família foi ameaçada, colocaram faixas e mais faixas no CT do Palmeiras: ‘fora Mirandinha’. E eu sou louco? Deus me livre, não tinha como eu ir não, eu preferi não ir de jeito nenhum. Todo mundo sabe onde jogador mora, todo mundo sabe onde jogador frequenta, em que restaurante vai. Tinha nascido a minha filha, aí eu dei uma pipocada. Mas quem não gostaria de jogar no Corinthians e no Palmeiras? Time grande é time grande, seja lá em qual for você tem que ir. Mas neste caso eu não tinha condições de ir com as ameaças. E outro detalhe: em marquei muitos gols no Palmeiras e todos foram comemorados de forma diferente. Isso é o que a torcida não aceita. Mas você trabalha a semana toda, chega na hora do jogo, você faz gol e não tem o direito de comemorar? Eu comemoraria de novo do mesmo jeito ou ainda pior.”
Saída do Corinthians
“Eu saí do Corinthians por causa do Oswaldo de Oliveira. Eu tive duas discussões com ele, uma no Maracanã e a outra no Morumbi. Eu era bad boy e também faltou gente para orientar a minha cabeça. Eu discuti feio com o Oswaldo de Oliveira no vestiário, perdi a minha cabeça. E a Parmalat, na época, estava comprando jogadores com muita força e comprou o meu passe junto ao Corinthians.”
Por que discutiu com o técnico Osvaldo de Oliveira
“Por causa de substituições. Eu estava jogando bem e em um jogo contra o Flamengo no Maracanã o Oswaldo me substituiu, eu achei injusto e falei coisas típicas de quando o jogador está de cabeça quente. O Oswaldo aproveitou a oportunidade porque ele já queria me escantear de verdade e aí me tirou. Depois eu fui para a Arábia Saudita e fiquei dois anos, voltei, joguei no América-MG. Fui bem, joguei contra o Oswaldo e ficou nisso mesmo, ele lá e eu aqui. Ele faz o trabalho dele lá e eu aqui”.
Briga com Viola na década de 90
“É o seguinte: o Viola me chamou de inculto, nordestino inculto, disse que nordestinos são incultos e que iam para São Paulo para fazer besteira. E tinha em São Paulo uma associação de nordestinos que foram para cima dele e processaram ele. Eu fiquei com raiva e em um jogo eu provoquei o Viola também, provoquei ele demais, não era para eu ter feito isso. Mas as provocações que eu fazia eram de coração, não eram de raiva. Mas entenderam errado. Ele começou a falar coisas e a falar besteiras que eu não falei, aí eu fiquei com um pouquinho de raiva dele. Mas depois nos encontramos, tomamos uma gelada e morreu ali.”
Como provocou Viola no clássico e fez as pazes
“Ele me chamou e falou que eu falava as coisas sem pensar, eu não gostei. Aí ele ofendeu os nordestinos para me ofender, ofendeu um monte de nordestinos e num jogo Palmeiras x Corinthians, no Morumbi, em 1997, eu fiz um dos gols no Veloso e fingi que estava tocando a viola. Eu disse ao vivo na Globo que aquele gol era para ele (Viola) e para família dele, era para ele respeitar as pessoas. Aquilo no vestiário deu uma polêmica, depois deu um processo dos nordestinos contra ele e eu tive que intervir para não acontecer nada com o matador Viola. Aquele negão sempre foi gente boa, sempre foi brincalhão, mas isso acontece no futebol. Eu o ajudei porque ele é um cara pai de família, aí eu pedi à associação dos nordestinos para que tirasse o processo. Eu ajudei o cara e hoje está tudo bem.”
Como provocou rival e ‘tocou’ uma viola em campo
“A gente tinha discutido no meio de campo, ele se machucou e foi substituído. E quando ele ia saindo, eu falei para ele perto do túnel: ‘vai embora, mas fique no estádio que você vai assistir ao gol que eu vou fazer em homenagem a você’. Aí ele se irritou e aconteceu exatamente aquilo. O André Luiz, lateral esquerdo, cruzou, eu entrei no meio e fiz o gol quase de carrinho no Veloso. Aí eu toquei a viola e falei mais um pouco, eu estava com raiva”
Amizade duradoura com Viola
“Mais ou menos há um mês eu estava como treinador na cidade de Santa Cruz da Paraíba, uma cidade pequena perto da capital de João Pessoa, e teve um jogo do Zico contra o Viola. E eu fui convidado pelo Viola e fiz ataque com ele, fizemos gols, foi uma correria danada eu e ele. O Viola é um cara igual a mim, gente boa, tem um coração tão bom, pessoas assim a gente tem que compreender quando erram. Hoje em dia está muito sério o futebol. Se a gente comemora de um jeito, os caras fazem uma polêmica danada. Futebol tem que ser brincadeira, não ofendendo ou magoando ninguém, mas tem que ser do jeito que você gosta, jogar, fazer gol e comemorar do jeito que você quiser e falar mesmo as coisas. Senão o futebol se torna a mesmice.”
Pé de meia e situação financeira
“Eu estudei, tirei a carteirinha para ser treinador, eu tenho escolinha no meu nome, tenho a minha mulher que toma conta das minhas coisas e da minha vida. Estou vivendo bem, graças a Deus eu moro bem, estou tranquilo. Estou negociando propostas para o ano que vem, mas só se for perto do Recife senão eu não vou, não tem mais necessidade de eu estar viajando mais, eu estou tranquilo. O Corinthians me deu isso, eu não sou um cara rico, eu sou um cara equilibrado que tem algumas coisinhas, tenho minha casa de praia para lazer, é muito grande e bonita. Tenho meu apartamento, meu carro bonito, dá para pagar as minhas contas todo mês sem encher a cabeça de ninguém. Tenho uma companheira há 25 anos que soube segurar bem os dois.”
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