Sucesso da mulher faz campeão mundial pelo SP se dar bem no ramo gospel
Gilmar Santos brilhou nos campos pelo mundo como zagueiro. Foi campeão mundial pelo São Paulo em 1992 e 1993 e também conquistou títulos em outros clubes como Palmeiras e Flamengo. Hoje, continua tendo sucesso na vida profissional, mas em um ramo bem diferente. Ele é empresário musical e agencia a carreira da mulher, a estrela gospel Aline Barros.
Quase quinze anos depois de pendurar as chuteiras, Gilmar não tem mais compromissos com concentrações, viagens, treinos e jogos. Mas suas atribulações são ainda maiores. Hoje, ele é pastor e administra a empresa de eventos AB Produções. A empresa se divide em três braços para abranger tudo o que envolve a carreira de Aline, que é vencedora de seis Grammys Latinos e já vendeu milhões de cópias tendo conquistado discos de ouro, platina e diamante.
Entre as atribuições de Gilmar estão organizar a logística da cantora, planejar agenda de shows, cuidar de redes sociais, patrocínios, licenciamentos. “Temos o escritório e tenho que estar muito perto de tudo. Fazemos muitas reuniões, fazemos o planejamento do mês, organizamos turnês, gravação de DVD, ver onde a turnê vai passar, por onde vamos ficar, pegar os parceiros locais. Envolve muitas coisas, a carreira dela exige muito”.
Quando começou a trabalhar no ramo, Gilmar ainda jogava e não conhecia nada da área. Aprendeu muito com o sogro. “Nessa época eu não era pastor ainda, não conhecia nada, comecei a ficar atrás nos bastidores e ver o quanto poderia ser útil na produção. A Aline começou a ser muito requisitada, nessa hora eu entrei junto com a família. Nos unimos muito e fiquei completamente envolvido, fazendo de tudo, aprendendo, crescendo, ajudando. Meu sogro foi músico do Tim Maia, conhecia muito de música e ele foi me orientando. E fomos crescendo, conquistamos discos de ouro, diamante, foi realmente as mãos de Deus nos respaldando”.
Gilmar entrou de cabeça nos negócios depois que se aposentou em 2002 depois de defender o Botafogo. Quando eles começaram a namorar, ele jogava no Cruzeiro e logo foi para o futebol espanhol, onde atuou no Real Zaragoza e no Rayo Vallecano. Quando voltou ao Brasil, ainda jogou no Palmeiras e no Flamengo, antes de chegar ao Botafogo.
Ele lembra que decidiu parar depois de sofrer um baque. Gilmar e Aline foram vítimas de um sequestro relâmpago. Na época, o episódio foi traumático e fez o atleta abrir os olhos sobre a importância de se dedicar mais à família.
“Eles ficaram mais de 20 minutos rodando com a gente, depois eles levaram tudo, tiraram tudo da gente. Nos deixaram em um lugar muito simples, humilde, e nesse lugar encontrei uma mulher em uma barraquinha de cachorro quente. Ela nos reconheceu e prestou socorro. Ela era evangélica e quando eu estava indo embora, ele me abraçou e disse: ‘olha, queria te dizer uma coisa da parte de Deus. Tudo o que você queria ele te deu, todos os seus sonhos ele realizou. Está na hora de você viver o sonho de Deus, de você cuidar melhor da sua esposa’. Isso foi muito importante, tomei a decisão de parar e de me dedicar 100% à minha família”.
Hoje, Gilmar se dedica integralmente à Aline e aos filhos Nicolas, de doze anos, e Maria Catherine, de quatro. E também valoriza todas as conquistas depois de ter uma infância muito humilde na periferia de São Paulo e de chegar a catar papelão e latinha para ajudar em casa. Quando começou no futebol, dividia pão com banana, a única refeição que tinha, com o amigo Cafu.
Já no São Paulo, virou discípulo de Telê Santana e até hoje usa os ensinamentos do mestre. Foi nessa época, bem no início da carreira, que ele iniciou sua formação cristã. Gilmar passou a fazer parte dos Atletas de Cristo por influência de Silas e foi um dos primeiros evangélicos do futebol brasileiro.
O apego à religião se tornou até um problema no início por causa do preconceito sofrido. “Tive um encontro com Deus muito jovem na época dos juniores, eu via os amigos indo para a balada e eu ia para a Igreja ou para a reunião dos Atletas de Cristo. Tive muitas dificuldades, os colegas falavam que eu estava perdendo tempo, que era bobão, que não gostava de mulher, que era o ‘Bíblia, o padre, o pastor’. Eu me sentia um peixe fora d’água. Me sentia diferente, até um pouco constrangido. Eu pensava: ‘será que esse é o caminho?’. Você começa a fazer vários questionamentos”.
Gilmar viu que estava certo ao se deparar com um dos momentos mais difíceis da sua vida ao perder o seu melhor amigo Dener, que na época jogava no Vasco, e Alexandre, goleiro do São Paulo, ambos em um acidente que carro. “Quando vi que perdi o Dener, um dos meus melhores amigos vi que estava no caminho certo. Foi muito difícil assimilar, a gente estudava juntos, jogamos juntos no colégio, éramos muito próximos. Ele despontou muito rápido, era o Neymar da época, só que mais completo. O Dener era acima da média e não tinha Twitter, Facebook, Instagram. Ele era um gênio. A perda do Alexandre também foi muito difícil. Depois daquilo, o Telê nunca mais foi o mesmo”, relembra ele com a certeza de que teve muito mais momentos bons que ruins.
Uma prova disso é que no fim do ano, ele participou da despedida de Rogério Ceni no Morumbi e pôde rever os amigos e ainda relembrar como é jogar no Morumbi lotado. “Foi uma emoção única, escutar a torcida gritar teu nome e rever os amigos, alguns eu não via havia 15 anos. É muito alegre relembrar as cobranças do Telê, os títulos, as glórias e o mais legal de tudo é que, mesmo com os anos se passando, quando nos encontramos, vemos a mesma amizade e a mesma alegria, uma coisa ímpar”.
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