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Diretor que desistiu do voo na última hora deve herdar comando da Chape

"Eu estava na relação para ir com eles, mas na última hora desisti", diz Ivan Tozzo - Bruno Freitas/UOL
'Eu estava na relação para ir com eles, mas na última hora desisti', diz Ivan Tozzo Imagem: Bruno Freitas/UOL

Bruno Freitas, Felipe Vita e Luiza Oliveira

Do UOL, em Chapecó (SC)

30/11/2016 06h00

Coube a Ivan Tozzo a árdua missão de receber familiares de jogadores da Chapecoense e também agir como um porta-voz do time na terça-feira de luto, na Arena Condá. Vice-presidente do clube, o cartola desistiu de embarcar no voo que levaria a delegação pouco antes da viagem para a Colômbia. Agora, ao mesmo tempo em que assimila a tragédia, deve colocar seus esforços a favor do futuro da equipe catarinense.

A tendência é que Tozzo lidere uma administração de transição na Chapecoense, após a morte do presidente Sandro Pallaoro, de 50 anos, que estava no avião que caiu na Colômbia.

Na terça, Tozzo atendeu familiares de jogadores e jornalistas com paciência, mas em alguns momentos chegou a se apoiar numa grade, tamanha a consternação. O vice-presidente parecia perto do esgotamento físico e emocional – muito abatido e com lágrimas nos olhos. Mesmo assim, falou sobre ter escapado da tragédia e da consternação da cidade de Chapecó.

"A gente costumava viajar com os atletas para dar apoio. Eu estava na relação para ir com eles, mas na última hora desisti. Ficamos poucos aqui, o resto de toda a nossa comissão estava lá. É uma tristeza muito grande saber que todos os nossos jogadores, nossos colegas, estavam no voo. A Chapecoense é motivo de alegria para toda a nossa região. O povo todo está triste. Estou agora no nosso estádio. Estão chegando as famílias dos jogadores, muita gente desmaiando. É muito triste, eu não sei nem o que falar", afirmou Tozzo.

De acordo com o dirigente, os esforços da cúpula da Chapecoense devem priorizar a realização de um velório coletivo na Arena Condá. No entanto, Tozzo admite que o clube precisará em breve agir para viabilizar a continuidade de sua existência na elite do futebol brasileiro.

“Primeiro a gente tem que pensar em dar conforto aos familiares, para depois começar a pensar na estrutura do clube. A Chapecoense fica. Em algum momento vou me reunir com outros diretores que não foram na viagem para começar a conversar sobre futuro”, declarou.

“Recebemos muitas formas de apoio. Vários clubes do país têm demonstrado apoio, mas a gente vai começar do zero. A Chapecoense recebe menos recursos que outros clubes do país. Temos que conversar sobre isso com a CBF e os clubes, ver como sobreviver, como contratar novos jogadores”, acrescentou.

A delegação da Chapecoense sofreu um acidente aéreo no final da noite de segunda (horário colombiano), quando chegava a Medellín, palco do jogo de ida da final da Copa Sul-Americana, contra o Atlético Nacional. Segundo as autoridades locais, 71 pessoas morreram na tragédia, entre jogadores, comissão técnica, diretoria e jornalistas. Três atletas sobrevieram e estão sob cuidados médicos (o zagueiro Neto, o lateral Alan Ruschel e o goleiro Jackson Follmann).