Topo

Gabigol, ame ou odeie. Ele virou herói do Fla e pode custar até R$ 100 mi

Gabriel Barbosa, o Gabigol, atacante do Flamengo. Jogador escreveu seu nome na história do clube - Thiago Ribeiro/AGIF
Gabriel Barbosa, o Gabigol, atacante do Flamengo. Jogador escreveu seu nome na história do clube Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

Leo Burlá

Do UOL, em Lima (PER)

23/11/2019 18h57Atualizada em 23/11/2019 21h24

No elenco estelar do Flamengo bicampeão da Libertadores, nenhum jogador sintetiza tanto a relação de amor com a arquibancada do que o atacante Gabigol, herói da conquista neste sábado, em Lima, com dois gols no finalzinho, para uma virada antológica: 2 a 1 sobre o River Plate.

Nos braços da torcida, o artilheiro da Libertadores com nove gols —e também do Brasileirão— é o sonho de consumo da direção rubro-negra, que planeja superar a barreira dos 20 milhões de euros (R$ 92 milhões) e gastar até R$ 100 milhões para comprar 80% de seus direitos econômicos, que são da Internazionale de Milão (ITA). Se essa transação for selada, ele supera Arrascaeta (cerca de R$ 80 milhões) como o mais caro de todos os tempos no Fla.

"Ele é um grande jogador. A torcida adora ele, ele adora a torcida. Em lugar nenhum acho que ele vai ser feliz como é aqui no Flamengo. Espero que no final do ano acabe em final feliz e ele continue no Flamengo", afirmou Rodolfo Landim, presidente do clube.

Com a taça na mão, a negociação será ainda mais complicada. Ainda mais depois de sua participação decisiva. Disposto a voltar para a Europa, o camisa 9 balança entre a idolatria no Rio e o sonho de triunfar no Velho Continente. Seja lá qual for a decisão, o atacante cravou seu nome na história rubro-negra.

Além das bolas na rede, a relação de amor com os torcedores foi construída com a comemoração característica e provocações aos rivais. Na vitória contra o Botafogo, marcou e fez o gesto do "chororô". À medida que o casamento com o Fla crescia, aumentava na mesma proporção a antipatia dos adversários, que elegeram o artilheiro como o vilão preferido.

"Eu acho que poderia falar qualquer coisa, mas primeiro agradecer a Deus por esse momento especial, momento histórico para todos nós flamenguistas, brasileiros. Agradecer muito a minha família, ao staff, aos jogadores e à nação que invadiu o Peru. Nesse momento quero só agradecer, porque é um momento realmente histórico. Agora eu fiz história", declarou o jogador à "TV Globo".

A postura que por vezes é tratada como soberba é um "zagueiro" que sempre tem de ser driblado pelo atleta, que não esconde certo inconformismo com a fama. Expulso contra o Grêmio, se dirigiu aos gremistas com uma "mão cheia", gesto alusivo ao 5 a 0 da semi da Libertadores. Após o jogo, desabafou: "Eu pedalo, eu sou marrento. Faço gol, sou marrento". O River Plate agora sabe que ele faz gols, mesmo.

Os cartões, aliás, são um capítulo à parte nesta trajetória no clube. Em jogos, ele colecionou 20 amarelos e dois vermelhos. O temperamento explosivo em campo já foi alvo até de comentários públicos de Jorge Jesus.

"Ainda não consegui fazer dele emocionalmente um grande jogador como é tecnicamente e taticamente. Do ponto de vista emocional tem muitos problemas. Mas é jovem, ainda tem tempo para mudar. Ele que siga o exemplo de Messi, de Ronaldo, de todos os grandes jogadores, pois não têm este tipo de postura", disparou o português.

Entre gols, suspensões e taças, o jovem de 23 anos precisou de menos de um ano para conseguir o que poucos atingiram. Na galeria de ídolos do Rubro-Negro, ele desperta amor e ódio, mas é impossível ser indiferente a ele.