Gre-Nal da Libertadores completa três meses e vira marco do 'velho futebol'
Resumo da notícia
- Grêmio e Internacional fizeram, em 12 de março, último jogo da Libertadores com público
- Mais de 53 mil pessoas foram à Arena do Grêmio assistir primeiro clássico da história na Libertadores
- Festa antes, durante e depois do Gre-Nal remonta a cenário impossível atualmente e para próximos meses
- Gre-Nal 424 terminou sem gols, com oito expulsos e já com lobby para jogos com portões fechados
- Grêmio e Inter voltarão a jogar, ainda em data a ser confirmada, justamente com Gre-Nal. No Beira-Rio
O Gre-Nal 424, primeiro da história realizado pela Copa Libertadores, completa três meses hoje e já com status de última partida com público do torneio de 2020. O clássico sem gols entre Grêmio e Internacional, mas com oito expulsões e casa cheia, mesmo após decreto de pandemia do novo coronavírus por parte da OMS (Organização Mundial da Saúde), também se torna marco do 'velho futebol'.
Na quinta-feira, 12 de março, a Libertadores teve outros dois jogos: Nacional-URU 1 x 0 Estudiantes de Mérida-VEN e Racing-ARG 1 x 0 Alianza Lima-PER. Mas o Gre-Nal terminou mais tarde. Ou seja, foi o último jogo com torcida mesmo.
Uma informação já basta para o rótulo de antigo jeito de fazer futebol: 53.389 pessoas estiveram na Arena do Grêmio naquela noite. Atualmente, não existe previsão alguma para que estádios do mundo inteiro recebam público próximo a esse.
Nem o Rio de Janeiro cogita liberar todos setores nos estádios espalhados pelo território fluminense. O plano estadual é, no máximo, autorizar uso de parte das arquibancadas.
Na noite anterior ao jogo, Grêmio e Internacional confraternizaram em jantar fechado para dirigentes. O ato cordial acabou, nas semanas seguintes, sendo tratado pelos dois lados como marco zero da contaminação de diretores. Além dos dois presidentes, Romildo Bolzan Jr. e Marcelo Medeiros, outros integrantes das diretorias contrariam Covid-19. Funcionários encorparam a lista, mas várias não tiveram o quadro clínico confirmado oficialmente.
No dia da partida, a Arena do Grêmio viu o entorno do estádio ficar cheio desde o final da manhã. A circulação de público, típica de grandes partidas, não foi restringida pela Prefeitura de Porto Alegre e nem mesmo governo do Estado do Rio Grande do Sul. Naquela semana, questionados mais de uma vez, tanto o prefeito Nelson Marchezan Jr. quanto o governador Eduardo Leite, mantiveram aval para o clássico histórico.
Durante à tarde de 12 de março, a Conmebol informou a suspensão da Libertadores nas redes sociais. O memorando deu aval para realização das três partidas que fechavam a segunda rodada da fase de grupos.
Em campo, Grêmio e Inter fizeram um jogo de controle alternado. Cada time teve seus momentos, mas no final uma discussão entre Moisés e Pepê se transformou em confusão generalizada com direito a troca de chutes no vazio, socos e agarramento pelo pescoço. Quatro jogadores de cada lado foram expulsos. Não houve registro de bate-boca nos vestiários, mas sim um discurso dos dois lados para minimizar as cenas.
Ainda no pós-jogo, os rivais já trabalhavam com a informação de que a rodada do final de semana do Gauchão seria com portões fechados. Sem torcida. E assim foi.
No domingo, Renato Gaúcho e os jogadores do Grêmio entraram em campo de máscaras e venceram o São Luiz-RS por 3 a 2. Depois da partida, o treinador ameaçou liderar greve se o futebol não fosse suspenso. O Inter, horas depois, ganhou do São José-POA fora de casa também sem testemunhas nas arquibancadas.
"Não foi legal, a gente quer superar isso e olhar para frente. Não tem mais nada e seria se os jogadores adotassem uma linha de apaziguar e acredito que isso é que vai acontecer", disse Marcelo Lomba, goleiro do Internacional, sobre a confusão. "Estamos nos preparando e sabemos que na Libertadores tem Gre-Nal, Gauchão tem Gre-Nal", acrescentou.
E de fato. O primeiro jogo previsto para Grêmio e Internacional é um novo clássico. O duelo, válido pela fase de classificação do returno do Campeonato Gaúcho, será no Beira-Rio sem torcida. Muito provavelmente em 19 de julho. O Gre-Nal que fechou o antigo jeito de fazer futebol também vai iniciar a nova era do esporte no Rio Grande do Sul.
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