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ANÁLISE

Mauro: "O Flamengo está refém de 2019. Se usar aquela régua, está ferrado"

Do UOL, em São Paulo

25/01/2021 19h15

Campeão com larga margem para os rivais em 2019, o Flamengo de Jorge Jesus acostumou o torcedor a um futebol que não se repetiu após a saída do técnico português e, a cada nova derrota do time, há reclamações e pedidos pela demissão de Rogério Ceni nas redes sociais, da mesma forma como ocorreu com o antecessor Domènec Torrent, enquanto o time vai perdendo terreno na disputa do Campeonato Brasileiro liderado pelo Internacional de Abel Braga.

No podcast Posse de Bola #94, Mauro Cezar Pereira aponta erros cometidos por Rogério Ceni, mas critica as comparações feitas por torcedores com a esperança de que o time volte a ser o de Jorge Jesus em 2019, o que considera muito difícil de ocorrer nas circunstâncias atuais, com a pandemia e o calendário que não dá tempo para a preparação de um time como o português teve antes de estrear.

"Imagine o Flamengo jogar como se pretende jogar, como a torcida quer, usando sempre como referência 2019, que, aliás, o Flamengo está ficando refém de 2019. Não vai conseguir jogar como em 2019, ainda mais nessa temporada. Não há como e também sem o Jesus. Esqueçam, tem que encontrar outras maneiras de jogar futebol de forma competitiva, mas se usar sempre aquela régua, está ferrado, porque é difícil voltar para aquilo ali, ainda mais nessa temporada", afirma Mauro Cezar.

Mauro cita o período no qual o Domènec Torrent sofria as mesmas críticas e que apenas uma mudança de técnico não vai mudar a situação atual do Flamengo, lembrando que o próprio Jorge Jesus enfrenta problemas atualmente no comando do Benfica, em Portugal.

"As pessoas simplificam muito a questão, como se fosse só trocar o técnico, não vai ser assim. Ele tem uma parcela de responsabilidade, isso é óbvio, ele é o treinador, ele é muito teimoso em algumas coisas, essa é uma delas, agora, não é tão simples assim. Acho que o torcedor do Flamengo na rede social, grande parte, ele acha que é só mexer no comando técnico que vai resolver", diz o jornalista.

"Antes era o estagiário do Guardiola, o cara era até desrespeitado, como se fosse um sujeito que estivesse passando na calçada e fosse contratado sem nunca ter visto uma bola de futebol, e o cara foi auxiliar do Guardiola por uma década. Agora também não pode, quer dizer, ninguém serve? Quem é que serve? Quem a torcida do Flamengo quer como comandante, como técnico? O Jorge Jesus não dá e ele está mal para caramba lá em Portugal também, está tomando pancada na cabeça o tempo todo", completa.

Uma das reclamações por parte dos torcedores foi em relação ao jogo com o Athletico-PR, quando Ceni tirou Gabigol para colocar Pedro no time, em vez de deixar os dois jogando juntos, o que o técnico não considera fazer por perder na marcação mas depois optou pela entrada de Rodrigo Muniz, decisão que Mauro também acha que foi errada do técnico, mas com ressalvas também sobre usar Pedro e Gabigol juntos.

"Pedro e Gabigol juntos, perdeu a bola, quem volta? Quem marca? Quem que trabalha sem a bola? Nenhum dos dois tem essa característica e o Gabigol preso na direita, voltamos ao Abel Braga. O Bruno Henrique jogava pelo centro do ataque muitas vezes e o Gabigol tinha que marcar o lateral. O Gabigol não ficava à vontade, não rendia. O Jesus conseguiu um funcionamento com muita movimentação dos jogadores", explica Mauro.

"Para retomar aquilo, ainda mais agora, não vai acontecer com técnico nenhum. Em pouco tempo, sem treinamento, com covid no meio, com temporada atípica, não vai acontecer. Então eu até entendo que Pedro e Gabigol juntos é algo difícil para determinados momentos de jogo, em outros é possível. Ontem, eu acho que se ele tira o Gabriel, coloca o Pedro e depois põe o Rodrigo Muniz, então não faz sentido. Para jogar 15 minutos, 20, o Pedro pode fechar um pouquinho, marcar, acompanhar um jogador, o Gabriel pode vir também, é uma situação de jogo, então deixa os dois melhores atacantes e não o Rodrigo Muniz", conclui.

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