Posse de Bola #147: Queda da seleção abre debate sobre futebol feminino
Passada a primeira semana das oitavas da Copa do Brasil, as atenções estavam voltadas aos clássicos entre São Paulo x Palmeiras e Corinthians x Flamengo, pela 14ª rodada do Brasileirão. Porém, a eliminação da seleção brasileira feminina nos Jogos Olímpicos de Tóquio atraiu o foco dos torcedores e trouxe um clima de frustração à véspera do fim de semana após a queda perante o Canadá, nos pênaltis.
No podcast Posse de Bola #147, os jornalistas Arnaldo Ribeiro, Eduardo Tironi, Juca Kfouri e Mauro Cezar Pereira analisam a eliminação da equipe comandada pela técnica sueca Pia Sundhage nas Olimpíadas e afirmam que já passou do momento de as jogadoras e a comissão técnica aceitarem as críticas em relação ao desempenho após o alto investimento realizado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) neste ciclo olímpico.
Para Juca Kfouri, o desempenho do Brasil no confronto que valia vaga nas semifinais foi abaixo do esperado. A queda veio na decisão de pênaltis (4 a 3 para as canadenses) de empate em 0 a 0 no tempo normal e na prorrogação.
"Assisti ao jogo das mulheres, que foi muito ruim, muito monótono, muito nervoso, os dois times com muito medo de atacar", analisou o jornalista, que também criticou a treinadora Pia Sundhage, apontada como uma das melhores do mundo, pelo posicionamento de Marta em campo e a ausência da atacante Cristiane no grupo convocado aos Jogos.
"Foi uma decepção, também pelo fato da Pia, que estranhamente... Não vou entrar no mérito da decisão de cortar a Cristiane, maior goleadora em Jogos Olímpicos de toda a história, que estava comentando o jogo na TV Globo, enquanto a seleção brasileira não tinha uma centroavante de referência dentro da área. Hoje, por exemplo, a Debinha perdeu um gol, que se está no pé da Cristiane, por tudo que a Cristiane fez, certamente ela teria feito", comentou.
"Mais do que isso, a Pia matou a Marta. A Marta, que era aquilo tudo que sempre foi de preocupar todas as defesas que ela enfrentou no mundo a fora e por ter presença de área, foi jogar lá atrás. Com a idade que tem [35 anos], ia e vinha, ia e vinha, ao fim do primeiro tempo já estava com a língua de fora. Isto eu não entendi. Mais do que criticar, vou externar uma preocupação. Eu temo que esta eliminação, para o que se sonhava, acabou sendo precoce, isto possa ter um peso enorme no futuro do futebol feminino no Brasil", acrescentou.
Já Arnaldo Ribeiro declarou que a queda diante do Canadá foi a sua maior decepção desde que acompanha o futebol feminino nas Olimpíadas.
"Foi uma baita decepção, a gente não tem que esconder isso por tudo o que aconteceu nos últimos quatro anos, quatro anos e meio, cinco anos, no último ciclo olímpico envolvendo a seleção brasileira e o futebol feminino. Eram duas coisas desconectadas. A seleção brasileira na Olimpíada era uma coisa, o futebol feminino no Brasil não existia. Hoje o futebol feminino no Brasil existe, tem calendário", declarou.
Para Mauro Cezar Pereira, é preciso parar de fazer comparações em relação à atenção e ao investimento que é feito com os homens para que o futebol feminino evolua ainda mais no país.
"É muito complicado falar sobre futebol feminino no Brasil justamente porque se estabeleceu uma situação de constante vitimização das atletas porque nem sempre é compatível com a realidade. Se estabelece um paralelo, uma comparação com o futebol masculino. Só que o futebol masculino, além de ser disputado há mais tempo, movimenta mais dinheiro, atrai uma atenção muito maior das pessoas, dos torcedores, da mídia e, consequentemente, os jogadores homens ganham muito mais, são estrelas mais conhecidas. Perde-se muito tempo com discussões do tipo: 'temos que ter igualdade, olha que absurdo, a Marta ganha X e o Pará, lateral do Santos, ganha mais do que ela, ou igual. São raias diferentes", analisou.
"Ao mesmo tempo que você quer apoio, você tem que saber conviver com as críticas, desde que não sejam exageradas, não sejam injustas, não sejam cruéis, sejam críticas pertinentes. Por exemplo, imagino não ser nenhum problema alguém dizer, como o Juca falou, que a técnica foi mal, que a jogadora X não foi bem, que a craque do time foi mal aproveitada. Por que não pode ter esse comentário? É normal, é do jogo. É preciso evitar o máximo, até uma palavra um pouco forte, o coitadismo. Isso é muito ruim para o futebol feminino", completou.
Posse de Bola: Quando e onde ouvir?
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