Topo

ANÁLISE

Posse de Bola #161: Flamengo com jogos remarcados e Atlético-MG desafiante

Do UOL, em São Paulo

17/09/2021 12h08

O Flamengo teve seus jogos atrasados do Campeonato Brasileiro remarcados e o curto intervalo entre eles causou incômodo na diretoria do clube rubro-negro, com o vice de relações externas Luiz Eduardo Baptista, o BAP, e o vice jurídico Rodrigo Dunshee de Abranches se manifestando após o anúncio da CBF, tudo isso em meio às fases decisivas da Copa do Brasil e da Libertadores, ambas com o clube carioca na disputa, além da discussão sobre volta do público, que colocou os demais clubes da Série A em posição contrária ao atual bicampeão nacional.

No podcast Posse de Bola #161, os jornalistas Arnaldo Ribeiro, Eduardo Tironi, Juca Kfouri e Mauro Cezar Pereira debatem a remarcação dos jogos do Flamengo e se as reclamações dos dirigentes procedem, se há uma retaliação da CBF pela postura recente dos dirigentes em outras questões ou não.

Para Mauro Cezar Pereira, a diretoria atual do Flamengo tem uma série de posições questionáveis, mas está certa no momento em que entra em rota de colisão com a CBF e o seu calendário, no momento em que o clube se vê prejudicado.

"O Flamengo quis enfrentar a CBF. Eu tenho várias restrições a Rodolfo Landim e sua gestão, várias atitudes, mas eu acho que o Flamengo faz bem quando desafia a CBF, quando vai ao tribunal do esporte na Suíça protestar contra o calendário, quando reclama e fala 'eu não concordo com isso aqui, eu estou desfalcado na data Fifa', quando não cede o Pedro para a seleção olímpica, eu acho que aí o Landim está certo e o Flamengo está certo. Está errado em uma porrada de coisas, mas aí eu acho que está certo", diz Mauro.

"Alguém tem que enfrentar a CBF e a gente tem que lembrar que esse calendário existe por causa da CBF, que esse aperto de datas é responsabilidade da CBF e o Atlético-MG prefere compor, como os paulistas compõem, como topo mundo compõe. Como o São Paulo compôs no ano passado e ganhou de presente os jogos remarcados só depois que ele foi eliminado das competições de mata-mata", completa.

Arnaldo: Discurso de vítima da diretoria do Flamengo não cola

Arnaldo Ribeiro rebate a alegação de que o Flamengo terá quatro jogos em oito dias e afirma que a reclamação do Flamengo se dá antes mesmo de algumas definições que devem fazer com que o período desses quatro jogos seja de dez dias, não muito diferente do que passam outros clubes em relação ao intervalo entre um jogo e outro.

"O O Atlético-MG jogou na data Fifa e jogou desfalcado, o Flamengo preferiu não jogar. Agora, acho que antes que a gente entre nessa e é uma balela, não é verdade que o Flamengo jogará quatro jogos em oito dias, a cada 48 horas, ele não jogará, a única forma de encaixar os jogos remarcados do Flamengo no calendário atual sem estender o Brasileiro era colocar essas duas partidas nessa semana e eles vão puxar as partidas que ainda não foram marcadas para sábado e segunda-feira, de uma forma que o Flamengo jogue de três em três dias, como todos estão jogando", diz Arnaldo.

"O Flamengo não tem outra alternativa, a não ser, jogar as partidas do campeonato até a data de encerramento dele. A Copa do Brasil já vai ser depois do Brasileiro, não tem mais data e seria pior para o Flamengo estender o Brasileirão, porque o Flamengo pode estar no Mundial, pode invadir a temporada seguinte, não tem, então, esse discurso de vítima da diretoria do Flamengo por causa da remarcação de jogos ou de perseguição da CBF não cola", completa.

Mauro vê represália da CBF após briga por público

Mauro Cezar afirma que, ainda assim, é errado que a CBF já decida remarcar as datas sem esperar a hipótese de o Flamengo ser eliminado da Copa do Brasil antes pelo Athletico-PR, na semifinal, e enxerga a definição como represália da entidade a posturas adotadas fora de campo pela diretoria rubro-negra, em especial na tentativa de realizar seus jogos com público por meio de uma liminar, que foi derrubada na madrugada de ontem no STJD.

"De uma forma ou de outra, o que eles estão fazendo? É instantâneo, depois desse imbróglio todo, a CBF resolveu marcar os jogos. Claro, a CBF vai fazer isso por represália. Agora, quando um clube resolve enfrentar a CBF e criticar o calendário que a gente tanto critica, eu não posso criticar esse clube. Neste momento o Flamengo está certo, porque está peitando a CBF", diz Mauro.

"O Atlético-MG aceitou jogar? Sim, porque o Atlético-MG está compondo o tempo todo, chega a ter a desfaçatez de colocar milhares de torcedores no Mineirão para enfrentar o River Plate e depois vem com papo de fair play esportivo no Brasileiro, é uma postura altamente dissimulada. Entre o Flamengo e o Atlético-MG, a diferença aí é a seguinte, o Flamengo não está nem aí, os caras vão lá, 'somos assim mesmo, não gostou, dane-se', o Atlético-MG quer posar de bom moço, mas os argentinos jogaram sem público lá no estádio do River Plate", completa.

Por fim, Mauro afirma que o correto seria, se necessário, esticar o Brasileiro para não fazer com que o clube tivesse de jogar partidas com intervalo tão curto, além de criticar a postura dos clubes por se unirem para tentar o adiamento da rodada devido à liminar do Flamengo para ter público, mas não tomarem medida semelhante quando perdem jogadores para as seleções nas datas Fifa.

"Para mudar esse calendário só tem um jeito, é criar desconforto para a CBF, isso é uma guerra, tem que criar desconforto, empurra o calendário, joga o problema na mão da CBF e ela que se vire, como foi na pandemia, ou então a gente vai ficar a vida inteira falando 'que absurdo, o estadual tem quatro meses', e vamos sempre aceitar isso", diz Mauro.

"A união dos clubes para parar o campeonato agora nesse fim de semana por conta de o Flamengo ter torcida foi enorme, agora, união dos clubes para parar o campeonato na data-Fifa não existe. Ou seja, é uma postura subserviente e eu não posso concordar com isso", conclui.

O programa também analisa o momento dos clubes paulistas, com o São Paulo apenas com o Brasileirão a disputar e agora definitivamente sem Daniel Alves, o Santos também na briga para fugir das últimas posições, o Corinthians com reforços, mas dúvidas financeiras no horizonte e o Palmeiras em meio a oscilações e questionamentos ao trabalho do técnico Abel Ferreira. Além disso, o Vasco estreando Fernando Diniz na Série B e o Cruzeiro empatando mais uma com Vanderlei Luxemburgo expulso.

Posse de Bola: Quando e onde ouvir?

A gravação do Posse de Bola está marcada para segundas e sextas-feiras às 9h, sempre com transmissão ao vivo pela home do UOL ou nos perfis do UOL Esporte nas redes sociais (YouTube, Facebook e Twitter).

A partir de meio-dia, o Posse de Bola estará disponível nos principais agregadores de podcasts. Você pode ouvir, por exemplo, no Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts, Amazon Music e Youtube --neste último, também em vídeo. Outros podcasts do UOL estão disponíveis em uol.com.br/podcasts.