Arnaldo: Desgaste que Abel alimenta o fará ter vida curta no Palmeiras

O Palmeiras se classificou para a sua segunda final consecutiva de Libertadores sob o comando do técnico português Abel Ferreira, único europeu a atingir este feito na competição sul-americana. Depois do empate com o Atlético-MG que garantiu a vaga para tentar o bicampeonato, o treinador desabafou e depois explicou que era o recado para um vizinho.

No podcast Posse de Bola #165, Arnaldo Ribeiro afirma que ninguém deixa de reconhecer os méritos pelo que Abel Ferreira alcançou com sua segunda final, mas destaca que o discurso do português agrada apenas os palmeirenses, ao mesmo tempo em que joga contra o próprio treinador ao alimentar conflitos.

"Um cara que chega por dois anos consecutivos na final da Libertadores, coalhada de times brasileiros e adversários, tem virtudes, tem méritos. Ninguém nunca, aqui ou em qualquer outro lugar, no vizinho, está de olhos fechados para os méritos e as virtudes do Abel. Porém, tem várias questões para debate, para críticas e para ponderações e o tipo de jogo, aquele 'contra todos'. O discurso, as entrevistas dele acabam sendo muito boas porque elas geram debate e talvez elas turbinem as críticas também", diz Arnaldo.

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"Tem um monte de xenofobia, tem uma certa arrogância colonizadora, tem um monte de coisas quando ele fala, não só de campo, de bola, de futebol. Esse discurso do nós contra todos mobiliza boa parte ou quase a totalidade dos palmeirenses, mas não consegue, por exemplo, como o outro português marcante na época recente do futebol brasileiro, o Jorge Jesus, cativar a todos. O Jorge Jesus também nas entrevistas tinha muitas questões discutíveis, mas era um outro tempo, era que a entrevista também tinha o cara a cara, tinha a presença, o Abel é um fenômeno da pandemia, o Jorge Jesus era um fenômeno do público no estádio", completa.

Arnaldo afirma que, não apenas no discurso, mas principalmente pela forma de jogar, Abel Ferreira não consegue cativar da forma como Jorge Jesus quando comandou o time do Flamengo, entre 2019 e 2020.

"Sobretudo no campo, as diferenças entre Jorge Jesus e Abel Ferreira são gigantes. O time do Jorge Jesus encantava e até quem não era rubro-negro gostava, porque era inevitável, a gente botava na televisão porque era um futebol encantador, que o Flamengo ainda por vezes replica, consegue ainda. O Palmeiras é uma coisa mais para consumo interno", diz o jornalista.

Com a declaração pública de Abel Ferreira que o seu exemplo é o compatriota José Mourinho, Arnaldo afirma que esta escolha do treinador do Palmeiras por procurar o conflito deverá fazer com que ele não permaneça por muito tempo no atual campeão da Libertadores.

"Me dá a impressão que esse desgaste que o Abel alimenta no dia a dia, partida a partida, fará com que a vida dele no Palmeiras seja curta, curta estou dizendo, já são quase duas temporadas e no futebol brasileiro é um feito, curta eu estou dizendo, eu acho que vai acabar em breve esse casamento por conta dele, ele não consegue suportar", diz Arnaldo.

"É uma profissão difícil, é desgastante, é alvo de críticas, tem treinador que consegue levar isso mais leve, tem treinador que consegue levar isso indo a uma praia, treinador que consegue levar isso de uma outra situação, sendo mais simpático com os vizinhos, inclusive, tem treinador que consegue levar essa vida difícil de uma forma mais suave, ele prefere o confronto desde o início, como o mentor intelectual, o Mourinho, que ele cita sempre faz, continua fazendo", conclui.

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