O técnico Abel Ferreira chamou a atenção com a entrevista coletiva dada depois da classificação do Palmeiras para a final da Libertadores, ao dizer que seu desabafo dentro de campo era para um vizinho chato, antes de falar sobre ter recusado propostas e exaltar os técnicos portugueses.
No podcast Posse de Bola #165, Mauro Cezar Pereira afirma que se o vizinho realmente existisse, ele teria razão em reclamar do técnico palmeirense depois de resultados da temporada atual, como do Mundial de Clubes, Recopa Sul-Americana, Supercopa do Brasil, Campeonato Paulista e Copa do Brasil.
"Esse vizinho teria motivos para reclamar? Claro que sim, porque nos últimos tempos um futebol pobre, de um técnico de repertório curto, o repertório dele basicamente é jogar dessa maneira, calçado na defesa, salvo raras exceções em que o time teve um comportamento aceitável, até bom, atuando de uma outra forma, e ganhou agora uma classificação que não foi uma coisa de que se classificou sem riscos", diz Mauro Cezar.
O jornalista afirma que a vinda de treinadores estrangeiros de diferentes estilos é positiva para o futebol brasileiro, mas considera que o discurso de Abel Ferreira, tal qual ocorria com Jorge Jesus, expõe a visão de colonizador em relação aos brasileiros.
"Desabafo raivoso, furioso, com vizinho, sem vizinho, sei lá o que e um discurso que eu acho que tem certa semelhança com alguns momentos também de Jorge Jesus, que não reagiu assim mais vezes porque o Jorge Jesus só era elogiado. Merecidamente, porque o que o Jorge Jesus fez foi completamente diferente do que faz o Abel Ferreira, mas se fosse criticado, certamente também reagiria assim, porque já chegou ao Brasil com essa fama, e aí eu vou usar a expressão do André Rocha, que é a visão do colonizador, eu diria que tem um discurso do colonizador ali", diz Mauro Cezar.
"Tem que vir português para cá, pode ser um retranqueiro como o Abel Ferreira, pode ser um cara mais ousado, criativo e inovador para o nosso futebol, como foi o Jorge Jesus, pode vir qualquer um para cá, legal, esse intercâmbio é ótimo, o Sampaoli, o Coudet, o Vojvoda, isso é excelente, precisamos deles aqui independentemente do perfil, esse intercâmbio tem que acontecer. Até para a gente saber que nem todo técnico português, achavam que era assim, traz de Portugal, é modelo Jesus", completa.
Mauro afirma que ao dizer que recusou propostas o treinador ainda se mostrou egocêntrico, como se estivesse fazendo um favor ao trabalhar no Palmeiras enquanto não aceita ofertas de outros clubes.
"É até bom que eles venham, agora, que o discurso é um discurso egocêntrico, para dizer o mínimo, isso é. 'Abri mão, recebi propostas e não fui'. Parece que está fazendo um favor trabalhar no Palmeiras. Recebeu três propostas e não foi, paciência, o Jesus foi. Proposta de quem, do PAOK? É de lá que ele veio, de um time que nem o maior da Grécia é, parece que o cara treinava o Barcelona. É autoestima nível Daniel Alves, 'tive três propostas e não fui', não foi porque você tem contrato com um dos maiores clubes do Brasil, que tem uma boa estrutura, que paga bem, que paga em dia, tem um ótimo elenco e todas as condições de trabalho", diz Mauro.
"Antes trabalhou no Braga, quarta força há algum tempo no futebol português, historicamente nem isso é, é um time menor, e depois treinou o PAOK, que é terceira ou quarta força do futebol grego. Aí o discurso parece que ele treinava o Real Madrid, o Barcelona, o Chelsea, o Manchester United, a Juventus, o Milan, o PSG novo rico, não, ele treinava um time absolutamente periférico no cenário europeu e a grande oportunidade da carreira desse rapaz, foi o Palmeiras, o Palmeiras é muito maior do que esses times que ele treinou, não tem comparação", conclui.
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