Se convencionou a tratar no futebol brasileiro de 12 clubes grandes no país, com Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco no Rio de Janeiro, Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo entre os paulistas, os gaúchos Grêmio e Internacional, além dos mineiros Cruzeiro e Atlético-MG. Hoje, três clubes desta lista estão na Série B, outros três brigam para não cair, enquanto a Copa do Brasil tem mais uma vez na final o Athletico-PR, que também decide a Copa Sul-Americana contra o Red Bull Bragantino, outro que está em ascensão. No caso do rubro-negro do Paraná, o histórico recente é de conquista nas duas competições. Há uma nova ordem no futebol brasileiro?
No podcast Posse de Bola #173, os jornalistas Arnaldo Ribeiro, Eduardo Tironi, Juca Kfouri e Mauro Cezar Pereira analisam o momento do futebol brasileiro e tentam responder a esta questão, com a mudança no formato de gestão dos clubes considerados menores, mas que ganharam ou estão ganhando espaço, enquanto os apontados como grandes passam por dificuldades.
Para Juca Kfouri, o histórico do futebol brasileiro não permite acreditar que este cenário seja tão duradouro, mas os clubes que estão em alta podem indicar um caminho para os mais tradicionais de que a salvação é a mudança para uma gestão mais profissional e empresarial do que se acostumou em meio a clubes com administrações mais políticas.
"Eu tendo sempre a achar que no Brasil essas coisas são passageiras porque na verdade estamos acostumados a perceber que os nossos clubes têm muita dificuldade de auto-sustentabilidade, então, certas coisas aparecem e desaparecem com a mesma rapidez. Agora, o que tem aparentemente é uma nova forma de gestão, representada pelo Bragantino, representada pelo Athletico-PR, embora diferentes, mas com o Ahtletico-PR abrindo as suas portas também para se transformar em um clube-empresa", diz Juca.
"Tomara que esses clubes sirvam pelo menos para que os gigantes do futebol brasileiro, principalmente aqueles que estão decadentes, se deem conta de que é necessário fazer esta mudança, porque não é um resultado circunstancial que leva você a uma nova maneira de encarar o futebol", completa.
Para o jornalista, o sucesso de clubes como Athletico-PR e Red Bull Bragantino, tal qual tem ocorrido em grandes centros do futebol mundial, com clubes mais empresariais, aponta um caminho de que quem não se organizar de forma semelhante, ficará para trás.
"Ou você estabelece um modelo de gestão que seja contemporâneo do século 21 ou você vai ver esses altos e baixos permanentes dos nossos clubes. E aqueles que estão enveredando por um caminho mais profissional e empresarial, tendem a dar certo, a se dar melhor do que estão se dando hoje aqueles que insistem com o modelo do século passado, eu vejo assim", diz Juca.
Arnaldo Ribeiro tem uma opinião parecida, citando também que os clubes que sobem da Série B hoje têm chegado à elite do futebol brasileiros mais estruturados, caso do Cuiabá, enquanto há exemplos dos considerados grandes que caíram e vivem grande dificuldade na segunda divisão, como o Cruzeiro, que deve permanecer mais uma temporada.
"Os mais tradicionais, os mais populares que não se ajeitarem minimamente vão estar disputando para não cair e vão estar disputando a Série B, isso está meio claro para essa nova conjuntura. A Chapecoense, que já teve um ciclo mais sólido e tem toda a questão, teve um abalo histórico que justifica essa instabilidade, mas estava em um caminho consistente. Cada vez mais vão ser menos inconsistentes na Série A e aí os tradicionais vão ficar cada vez mais ameaçados na parte debaixo, desde a primeira rodada, desde a largada, é o que a gente está vendo nesse Brasileirão 2021", diz Arnaldo.
Já Mauro Cezar Pereira aponta entre os diferenciais o fato de o Red Bull Bragantino ser um clube-empresa, enquanto o Athletico-PR tem hoje apenas o clube de futebol, sem esportes olímpicos ou área social, como têm Flamengo, Fluminense, Botafogo, Vasco, Palmeiras, Corinthians, São Paulo, Santos, Atlético-MG, Cruzeiro, Grêmio e Internacional. Tudo isso somado à pressão menor por não serem clubes tão populares.
"O Athletico hoje não tem clube social, não quadra de tênis, não tem quadra de ping-pong, não tem piscina, não tem churrasqueira, não tem nada disso. Só tem o CT, no CT você encontra toda a área administrativa, e no estádio, que é um CNPJ diferente, você tem ali a administração da Arena da Baixada, que realiza eventos além de jogos de futebol. É um clube que não tem nada disso", diz Mauro.
"Existem atletas, a própria Rebeca, ela não cita o Flamengo nem no seu perfil do Instagram, e ela é atleta do Flamengo. Isso dá força inclusive para que pessoas que são favoráveis que clubes como o Flamengo tenham essa mesma postura, defendam essa tese, acaba com o esporte olímpico, mantém só o remo, porque é estatutário, talvez o basquete porque consegue patrocínio, e acaba com tudo, bota só escolinha aí e bota o dinheiro todo no futebol, porque nos grandes clubes o futebol ainda banca outras modalidades e até a área social", conclui.
O programa também analisa o confronto entre Flamengo e Atlético-MG pelo Brasileirão, com o clube rubro-negro em momento de pressão depois da eliminação na Copa do Brasil, o Corinthians em dificuldade para renovar com Gabriel Pereira, os problemas da gestão do São Paulo, o Santos voltando a vencer e o Cruzeiro mais um ano na Série B.
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