Mauro sobre saída de Fábio do Cruzeiro: 'Bem-vindo ao mundo corporativo'

Com anúncio de renovação de contrato no fim do ano passado e com o objetivo de atingir a marca de mil jogos com a camisa do Cruzeiro, o goleiro Fábio se despediu do clube na última quarta-feira (5) pela falta de acordo, já que seu contrato foi revisto pela nova gestão, sob o comando de Ronaldo, o que deixou insatisfeitos muitos torcedores cruzeirenses.

No podcast Posse de Bola #191, Mauro Cezar Pereira afirma que o caso demonstra como funciona o mundo empresarial e lembra como foi festejada a compra do Cruzeiro por Ronaldo como se fosse uma garantia de salvação, sem saber como ele tentaria reorganizar as finanças de um clube que passa por sérios problemas, indo para o terceiro ano na Série B e com dívidas a sanar.

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"Surge o investidor e isso é festejado de uma forma precipitada por parte da mídia e por boa parte da torcida, chegou o Ronaldo, agora o Ronaldo vai salvar o clube'. Não tem mágica, se você coloca a mentalidade empresarial, qualquer funcionário de qualquer empresa é número, toma pé na bunda sim, sai, é demitido, os caras não estão nem aí, não importa serviço prestado, não importa dedicação, pontualidade, se você é funcionário padrão, se você tem aquele quadrinho de funcionário do mês ou do ano", diz Mauro Cezar.

"O jogador de futebol em uma empresa S/A é um funcionário. Ele tem não sei quantos anos de casa, dane-se. É assim que funciona, não estou aqui a defender os 'passaralhistas militantes', como diria o Odorico Paraguaçu, o que eu estou dizendo é que funciona desse jeito no chamado mundo corporativo, no chamado mundo empresarial", completa.

O jornalista chama a atenção para o fato de haver surpresa quando um investidor chega no clube fazendo cortes, sendo que é preciso recuperar a situação financeira do clube e que isso tem um custo, ainda que a forma como os gestores do Cruzeiro conduziram a negociação com Fábio não seja vista como exemplar.

"Em uma situação em que alguém adquire uma empresa em dificuldades financeiras, a primeira coisa que um empresário faz, demite, corta altos salários, demite, corta custos para tentar adequar à sua realidade, é o que está acontecendo no Cruzeiro. É muito engraçado, o pessoal pensa 'temos agora o futebol empresa, temos investidores'. Legal, mas acha que não vai ter custo nenhum isso, não vai ter um preço?", diz Mauro.

"Acho também que faltou tato, poderiam ter lidado de outra forma, o futebol tem de fato peculiaridades, mas não dá para o pessoal querer investidor, mentalidade empresarial, clube S/A e ao mesmo tempo aquela velha relação de que com esses jogadores você não pode mexer. Os caras vão passar o cerol e vão mandar embora. (…) Você acha que alguém em uma situação dessas, com a dívida que tem, vai se preocupar com o Fábio? Não vai, porque é assim que funciona no mundo real, então bem-vindo ao mundo corporativo", conclui.

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