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Marketing ostensivo transforma luta livre em tradição familiar nos EUA

Torcedor Craig Sullivan e seus filhos posam para foto com lutadora antes do WrestleMania 29 - Rodrigo Farah/UOL Esporte
Torcedor Craig Sullivan e seus filhos posam para foto com lutadora antes do WrestleMania 29 Imagem: Rodrigo Farah/UOL Esporte

Rodrigo Farah

Do UOL, em Nova York (EUA)*

09/04/2013 16h00

Com estádios lotados e lucros milionários, a liga de luta livre profissional WWE ostenta números cada vez mais próximos das principais modalidades dos Estados Unidos, como beisebol, basquete e futebol americano. Mas como esporte movido por resultados “armados” e lutas encenadas consegue atingir tamanho sucesso no país? A resposta é simples: um trabalho de marketing maciço, que se esforça para estabelecer uma imagem de entretenimento familiar ideal para o público do país.

Além de realizar o maior evento de lutas da década no último domingo (WrestleMania 29, com a presença de 80.676 pessoas), o WWE já se estabeleceu há algumas décadas como a liga de combates que mais atrai os torcedores. Em 2012, por exemplo, a empresa promoveu 87 shows ao vivo (30 fora dos EUA) com mais de 615 mil ingressos vendidos.

Mas o que realmente movimenta a empresa é o número de pay-per-views comercializados. Neste quesito, o WWE está bem à frente de qualquer outra liga esportiva, com mais de cinco milhões de pacotes vendidos por ano. Se somadas as audiências dos programas regulares na televisão que o WWE possui, como o Raw e o SmackDown, a franquia chega a um total de 600 milhões de lares ao redor do mundo.

Um dos segredos do sucesso do WWE está na fidelidade de seus fãs. A paixão pela luta livre é algo que passa de pai para filho, principalmente nos Estados Unidos. Não são muitos os aficionados que vão aos shows da modalidade sem outros membros da família.

E isso acontece por um motivo simples. A empresa oferece uma série de outros atrativos, além das lutas em si, para agradar a todos. Em um show do WWE, por exemplo é possível comprar mais de uma centena de produtos, como chaveiros, livros, vídeos, bonecos e camisetas, que vão desde US$ 5 a US$ 1000 (entre R$ 10 e R$ 2000).

Mas além de comprar os produtos, é possível realizar uma série de outras atividades nos eventos de luta livre. O torcedor pode conhecer e tirar fotos com os atletas, realizar atividades interativas, como gincanas e jogos de videogame, e até comer alimentos que são “exclusivos” de seus lutadores favoritos.  

“Temos uma estratégia ousada para convencer o público de que não existe entretenimento melhor para a família. Nós nos preocupamos com tudo, não só com o aspecto da luta em si. Os pais podem trazer seus filhos, que todos vão gostar. Temos divertimentos para os mais novos e para os mais velhos”, ressaltou Jimmy Hart, veterano do WWE, que já foi manager de atletas como Hulk Hogan.

Foi assim que Craig Sullivan repassou a paixão pela luta livre para seus filhos Jake e Eddie, de seis e quatro anos. De acordo com o aficionado, ele continua viajando para os eventos do WWE justamente pela variedade de opções de diversão para si próprio e para outros membros da família.

Enquanto conversava com a reportagem do UOL Esporte, seus filhos se jogavam em uma piscina de espuma com formato de ringue. Pouco depois, eles se dirigiram à área de fotos históricas, onde ele falou aos meninos sobre o passado da modalidade.

“Fui com meu pai ao WrestleMania 3 nunca mais parei de acompanhar. Lembro-me de assistir à luta entre Hulk Hogan e André, o Gigante, como se fosse ontem. Foi algo que ficou na minha cabeça e não conseguia mais parar. Eles sempre nos mostram coisas que remetem às lutas do passado e mais gostamos. Meus filhos também podem fazer uma série de atividades, além de aprender mais sobre o esporte”, declarou Craig, relembrando um dos principais eventos do WWE da história, realizado em 1987.

Outro fanático de longa data do WWE, Frank Smith teve a sorte de conhecer sua ex-mulher na fila de autógrafos do veterano Undertaker, ainda nos anos 90. Mas segundo o torcedor, a paixão em comum pela luta livre profissional não foi suficiente para assegurar uma união matrimonial muito feliz.  

“Tudo parecia perfeito, pois os dois eram amantes da luta livre. O problema foi depois, quando passamos a morar juntos. Só faltou darmos os golpes um no outro de tantos problemas que tivemos no casamento”, comentou Frank, lembrando com bom humor do divórcio.

*O repórter viaja a convite da organização