Pride, reviravoltas e 'prisão': veja a trajetória de Hunt até o UFC 160

Mark Hunt tem 39 anos e poderia já ter deixado o MMA há tempos para escapulir da desgastante rotina de treinos e lutas. Ainda mais quando se olha para seu cartel recente, quando teve nada menos que seis derrotas consecutivas entre 2006 e 2010. Neste sábado, ele entra no octógono do UFC 160 em momento oposto: está embalado por quatro vitórias - sendo três nocautes - e, se passar por Júnior Cigano, terá a chance de lutar pelo cinturão.

A jornada do neozelandês foi cheia de tortuosidades até chegar a esta luta. No seu período de baixa, apenas uma cláusula do extinto Pride o segurou no UFC. Ele ainda teve de contar com o corte de Alistair Overeem, rival original de Cigano, e quase perdeu o combate por uma pendência legal em seu país, que o impedia de voar a Las Vegas para competir.

“Foi uma longa jornada para chegar até aqui”, disse Hunt, em uma entrevista antiga, em 2011. Mas serviria bem para este momento.

Mark Hunt foi um astro do torneio de trocação K-1, em que foi campeão em 2001. Em 2004, ele resolveu tomar uma trajetória diferente e apostar no MMA. Perdeu sua primeira luta, pelo Pride, mas se manteve na organização japonesa, que pagava muito bem seus lutadores. Em seguida, emendou vitórias sobre astros: venceu por pontos Wanderlei Silva e Mirko Cro Cop.

Mas a partir de 2006 sua sorte mudou. Hunt não perdeu para lutadores quaisquer, mas a série de derrotas foi daquelas que aposenta um lutador: foi finalizado por Josh Barnett, Fedor Emelianenko e Alistair Overeem, foi nocauteado por Melvin Manhoef e finalizado por Gegard Mousasi, lutando pelo Dream.

Mesmo com cinco reveses, ganhou uma chance no UFC, fruto do contrato que ainda tinha em vigor com o Pride - que foi comprado pelo Ultimate. “Quando adquirimos o Pride, ele veio como parte do negócio”, contou o presidente Dana White. “Eu simplesmente falei: ‘bom, vamos pagar sua parte’. Mas ele disse: ‘não, quero ir para o UFC, quero lutar’.”

Redenção? Ainda não... Hunt foi derrotado pelo fraco Sean McCorkle no UFC 119, tomando uma chave de braço. Foi só em 2011, quando ganhou mais uma chance e bateu Chris Tuchscherer com o nocaute da noite do UFC 127 que finalmente ele mandou a “zica” embora.

“Esse cara tem muito coração e respeito muito isso. É por isso que demos a chance de ele vir, lutar. Sou orgulhoso do que ele conseguiu dentro do UFC”, elogiou Dana White, que recentemente confirmou que, caso ele passe por Cigano, encara quem estiver com o cinturão dos pesados após o UFC 160: Cain Velásquez ou Antonio Silva.

Prisão quase tirou Hunt do UFC 160

Um último susto quase fez com que o rival de Cigano tivesse de mudar novamente. Mark Hunt foi barrado de viajar da Nova Zelândia para os Estados Unidos, bem quando embarcaria para o combate.

Hunt explicou em seu Twitter que uma pendência legal de 2002 o impedia de viajar, para responder sobre uma ocasião em que foi preso - as circunstâncias não foram divulgadas.

O lutador teve de aguardar pela solução do problema e, tendo chances de não aparecer em Las Vegas, o UFC até definiu Roy Nelson como substituto oficial. Mas o peso pesado foi liberado e já está na cidade dos cassinos: "Obrigado pelo meu visto, Pai", tuitou ele.

Contra Cigano, Hunt vem na maior série de vitória de um peso pesado no UFC atualmente, com quatro, sendo três por nocaute. O último combate do neozelandês teve desfecho assustador. Além de nocautear, ele fraturou a mandíbula do gigante holandês Stefan Struve, que por sinal é 30 cm mais alto que ele.