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Buscapé 'pula' TUF e chega ao UFC após guardar carros e falhar no futebol

Leandro Silva foi derrotado na preliminar do TUF Brasil 2, mas acabou escalado para o UFC de Fortaleza - Divulgação/UFC
Leandro Silva foi derrotado na preliminar do TUF Brasil 2, mas acabou escalado para o UFC de Fortaleza Imagem: Divulgação/UFC

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

02/06/2013 06h00

O TUF Brasil é o caminho preferido de qualquer lutador para entrar no UFC, com duras disputas no octógono em meio a um reality show transmitido em rede nacional. Mas Leandro Buscapé contornou o programa e mesmo assim estará no evento da final, em Fortaleza, no próximo sábado. O paulista de 26 anos até tentou entrar na mansão do reality, foi derrotado na fase preliminar, e ainda assim acabou sendo chamado em cima da hora, em vaga de substituto para enfrentar Ildemar Marajó na capital cearense.

Buscapé penou muito antes da estreia no MMA. Foi guardador de carros para ganhar seus trocados e jogou em diversos times de futebol, buscando o sonho de tantos brasileiros de ter sucesso nos gramados. O chamado surpresa do Ultimate aparece para coroar esta luta e começar a escrever um novo capítulo, de olho no cinturão dos meio-médios. “Estou amarradão. Acho que essa chance foi coisa de Deus”, festeja ele.

Como é tradicional no TUF, a primeira fase de seleção foi marcada por 14 lutas, com 28 concorrentes à vaga na casa do reality show. Os vencedores avançaram, mas não foi o caso de Leandro: ele encarou David Vieira e perdeu em decisão apertada. A reclamação contra a derrota por pontos persiste e, para ele, pode ter motivado sua entrada no Ultimate.

“Quem estava lá viu como foi aquela luta. Apesar de ter passado na TV apenas três minutos, deu para perceber que foi uma decisão meio tendenciosa. Talvez  [os dirigentes do UFC] tenham visto o que aconteceu. Mas, sinceramente, não sei o motivo de terem me contratado, o que importa é estar dentro do UFC”, diz ele, que seria peso médio no reality, mas desceu uma categoria agora.

Leandro não considera que seu caminho foi tão mais fácil do que quem passou pelo confinamento, e aposta que estaria no UFC de Fortaleza de qualquer maneira. “Não faz muita diferença. Aqui fora eu lutei com um cara duríssimo, o Chris Wilson, e venci. Esta chance não poderia ter vindo em melhor hora. Estou mentalmente e fisicamente muito bem. Não desmerecendo ninguém, mas se eu estivesse no TUF, acho que iria para as cabeças”.

O paulista tem inclusive uma luta em seu cartel contra o semifinalista Viscardi Andrade, e ganhou. O duelo marcou a estreia de Buscapé, em 2008, pelo Beach Fight Festival, em São Vicente (SP), e ele venceu por pontos. Desde então, foram mais dez triunfos e um empate na carreira invicta - cartel que certamente chamou a atenção do UFC. São sete finalizações para o faixa-preta e campeão mundial de jiu-jítsu.

Guardador de carros e jogador do Corinthians

“Eu tinha aquele sonho de moleque de periferia e quase fui profissional como jogador de futebol. Depois, não deu certo, até fiquei meio mal de cabeça e acabei indo trabalhar”. Foi no sonho de ser boleiro que o meio-campista Leandro Silva tentou investir, mas sem sucesso. Tentou a sorte por Portuguesa, São Caetano, Nacional, Marília e passou no teste no Corinthians, onde ficou um pouco mais de tempo.

Fora dos gramados, ele acabou tendo de se virar como podia. Nascido no extremo Sul de São Paulo, Leandro cresceu sem conhecer o pai no Grajaú e Vila Rubi e acabou tendo de cuidar de carros para ganhar seus trocados. O paulistano acabou tendo a chance de treinar jiu-jítsu e, por sorte, o esporte agiu como meio de afastá-lo do caminho de muitos amigos, que se envolveram com drogas e crimes.

“Aos 13 anos eu cuidava de carros na rua e aos 16 comecei a trabalhar com carteira assinada. Eu fui segurança, trabalhava 12 horas e ainda treinava. Foi uma época muito cruel. Tinha vezes que ia para os torneios de jiu-jítsu e às vezes chegava na final, mas tinha que ir embora para trabalhar”, relembra ele.

A virada foi quando começou a treinar com o ex-UFC Jorge Patino, o Macaco, investindo no MMA e alternando seus focos de atenção com o jiu-jítsu.

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Agora, a atenção está voltada apenas às artes marciais mistas, preparado para uma batalha contra Ildemar Marajó. O paraense enfrentaria Jason High, que foi remanejado no card para enfrentar Erick Silva e abriu espaço a Buscapé.

“Para essa luta espero uma batalha, realmente. Ildemar é muito bom, muito duro. Não é à toa que foi campeão do Jungle Fight. Eu o respeito muito, mas confio no meu treinamento. Estava pronto para enfrentar o Eduardo Pamplona [no Max Fight], e só precisei modificar a estratégia”, analisou o estreante, confiante em se manter invicto em sua entrada no Ultimate.