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St-Pierre detalha planos de voltar ao MMA e explica briga com Dana White

Do UOL, em São Paulo

30/11/2015 18h41

Georges St-Pierre ainda não decidiu qual será o destino de sua carreira. Após abandonar o UFC em 2013, quando derrotou Johny Hendricks na disputa pelo cinturão dos meio-médios, o atleta canadense segue avaliando as melhores opções para sua carreira.

Em entrevista ao site MMA Fighting, Georges explicou um pouco do momento atual que atravessa. Após afirmar em diversas oportunidades que deixou de lutar por não se sentir mais feliz, o canadense afirmou que, atualmente, vive seu melhor momento, tanto no aspecto físico, quanto mental.

“Eu me sinto melhor, mais inteligente e mais em forma do que nunca estive. Eu estou treinando melhor do que sempre treinei quando estava competindo. Estou no meu melhor. Eu me divirto, estou mais feliz e mais faminto. Mas a razão pela qual falamos em fazer um camp sem lutar é que você pode ficar letárgico ao entrar em um camp, você fica cansado, sem a fome necessária para lutar. Então, eu acredito que seria inteligente, caso eu planeje voltar, realizar um camp sem contar pra ninguém. Eu farei um camp em segredo e verei como irei me sair. Isso vai depender do que acontecer no UFC, do que as pessoas vão dizer, isso envolve muita coisa”, avaliou Georges St-Pierre.

Ainda de acordo com o ex-campeão, a possibilidade só será aventada a partir de 2016. Georges afirma que sempre gostou de competir, mas que ele teria mais a perder do que ganhar caso voltasse a lutar. Mas, ao avaliar a situação, o canadense afirma que não se arrepende da decisão de ter deixado o UFC e rebateu a declaração do presidente do UFC, Dana White, de que ele não teria mais a “fome” necessária para lutar pela organização.

“Tem muitas coisas que me arrependo na vida, sendo que a maior parte delas são coisas que não fiz. Mas esta não é uma delas. Existem diferentes formas de se estar faminto. Eu tenho muito a perder e não quero por ser orgulhoso. O orgulho é minha maior força, eu sou muito orgulhoso. Não quero voltar e parecer tolo. Por ter tanto a perder, talvez seja isso que me deixasse faminto e motivado a ser melhor que todos. Existem diferentes formas de ser faminto e eu vejo por esta perspectiva”, ressaltou Georges.

Briga com Dana White

Georges St-Pierre sempre teve uma boa relação com o presidente do UFC, Dana White. Porém, o relacionamento começou a se deteriorar quando Georges anunciou seu plano de deixar o UFC com o cinturão da organização. De acordo com o ex-campeão, não é interessante para a organização que um atleta deixasse seu posto sem ter perdido o cinturão. Por conta disso, quando St-Pierre anunciou para Dana que não iria mais lutar após o duro duelo contra Hendricks, o mandatário do UFC se revoltou com o lutador e o proibiu de comparecer à coletiva de imprensa pós luta.

“Ele me disse que eu não precisava ir, mas ele não queria que eu fosse. Ele disse que eu não estava autorizado a ir. Não sei por que ele disse isso, não sei exatamente o que aconteceu. Nós tivemos discrepâncias sobre minha última luta. Eu não vendi como deveria. Eu entendo que aquela foi uma luta dura, eu acho que venci, meu corner me disse que venci o primeiro, quarto e quinto rounds. Eu não sabia exatamente o que estava acontecendo quando ele disse que eu não poderia ir, mas no fim acabei indo e todos me olharam com uma cara estranha”, detalhou o lutador, que só depois teria descoberto que Dana tinha declarado aos jornalistas presentes que ele tinha sido encaminhado para o hospital e que por isso não compareceria.

Após anunciar que não iria mais lutar, Dana White quis retirar imediatamente o cinturão que Georges St-Pierre havia acabado de ganhar por derrotar Johny Hendricks.

“Sim, ele veio para retirar o cinturão. Eu não me preocupo, sempre que eu ganhava um novo cinturão (após as vitórias), eu dava para uma pessoa que me ajudou. O primeiro eu dei para minha mãe e o segundo eu coloquei na minha academia, mas todos os outros eu dava para alguém, como meus treinadores, patrocinadores e amigos próximos. Mas tudo bem, é só um material, nada pode tirar isso de mim”, explicou o ex-campeão, referindo-se especialmente aos títulos que conquistou.

Nova política antidoping no UFC

St-Pierre sempre foi um dos maiores críticos ao programa antidoping utilizado pelo UFC. Após as mudanças propostas pela organização no controle das substâncias proibidas, Georges viu uma melhoria, mas não algo relevante que motivasse a voltar a lutar. Para o campeão, as mudanças já poderiam ter ocorrido muito antes, bastava que os responsáveis pelo UFC tivessem levado suas recomendações adiante.

“Eu não vou dar nomes, mas eu estava muito irritado, porque eles não me apoiavam nas questões antidoping. Porque eles não me suportavam nisso e não entendiam, porque muitas pessoas estão roubando, o que é uma coisa ridícula, e eu ficava bem irritado com isso. Eu sempre quis mudar o sistema e eu ficava bem irritado. Eu não sou estupido, sei que é um esporte. Ai você gasta muito dinheiro para promover uma luta e o lutador é pego (no doping), isso não é interessante. Eles perderiam dinheiro porque a luta seria cancelada. Eu disse que talvez eles perdessem dinheiro por um ano, pois muitas pessoas iriam cair no doping, e isso iria manchar a imagem do esporte. Mas depois o tempo passaria e tudo ficaria bem. Mas eles não me ouviram. Eles não encaravam isso como uma questão”, salientou Georges St-Pierre.

Possível adversário no retorno ao octógono

Mesmo deixando claro que ainda não tem planos de voltar ao esporte, Georges St-Pierre explicou por que não quis voltar a competir no último evento realizado pelo UFC em Montreal.

“Na verdade, foi apenas uma mensagem de texto de Dana perguntando se eu queria voltar e eu disse que não, mas não chegamos a falar em lutadores. Ele perguntou se eu queria lutar em Montreal, mas não me interessava quem seria o lutador, eu apenas não estava pronto para voltar a lutar. Quando você vai lutar, você precisa se colocar em um estado mental que eu não estava pronto”, pontuou o canadense, que ainda acrescentou não ter um interesse específico entre superlutas ou uma nova caminhada pelo cinturão.

“Eu não sei se eu queria o cinturão ou apenas superlutas. As coisas estão mudando muito e tem alguns caras que sei com certeza que nunca lutaria, nem por dinheiro, nem por integridade, nem por amizade. Nunca lutaria com Rory McDonald, com Rashad Evans. Eles são como da família, somos amigos, e com caras assim eu nunca lutaria. Mesmo que eles me oferecessem 10 milhões de dólares, nunca lutaria com eles”, concluiu o ex-campeão.