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Pioneiro do base jump no Brasil dispara contra "moda perigosa" do esporte

O Cristo Redentor tem sido um dos locais para prática de base jump - Acervo Pessoal
O Cristo Redentor tem sido um dos locais para prática de base jump Imagem: Acervo Pessoal

Paulo Anshowinhas

Do UOL, em São Paulo

01/10/2013 06h00

Prédios, antenas, pontes e penhascos. O que para alguns serve apenas como pontos de referência, para outros é uma sigla de alerta para um dos esportes radicais mais perigosos do planeta: o base jump.

Em tradução livre, o “salto da base” nada mais é que saltar de Buildings (prédios), Antennas (antenas), Spans (arcadas, pontes) e Earth (terra, penhascos) em queda livre com o auxílio inevitável de um ou mais paraquedas.

Apesar do sangue frio obrigatório e de uma técnica refinada, o base jump está virando moda entre os praticantes de skydive e, ao mesmo tempo, se tornando um esporte cada vez mais letal.

“Infelizmente é uma moda perigosa”, alerta Luiz Henrique Tapajós Antunes dos Santos, o Sabiá, cinegrafista aéreo e um dos precursores do esporte no país.

“Hoje em dia o base jump evoluiu muito, mas existem pessoas com pouca experiência se arriscando a saltar, o que eu sou literalmente contra”, afirma o especialista, que prossegue. “Uma pessoa deve ter no mínimo 500 saltos de paraquedismo antes de se aventurar no base. Só nesse ano foram 21 acidentes fatais”, avalia.

E Sabiá sabe o que está falando. Desde que parou de praticar bicicross (BMX), aos 14 anos, começou a saltar de paraquedas e nunca mais parou. Nascido em São Paulo, mora no Rio de Janeiro há 13 anos e se considera um cidadão do mundo, de tanto viajar de avião. Quantidade tão imensa que, segundo ele, “seria impossível contabilizar tantas saltos e horas de voo”.


Sabiá é uma das poucas pessoas que pode afirmar que dinheiro cai do céu. Afinal, seu ganha pão, em trabalhos para televisão, publicidade, instrução e saltos duplos, depende dos seus voos.

Atualmente ele salta de paraquedas e base jump, voa de paragliders, pilota ultraleve e aeronaves experimentais, além de voar de asa delta, graças também a diversos patrocínios.

Sabiá prefere não comentar sobre os seus saltos mais arriscados, e nem mesmo se passou por grandes apuros. “Passei por muitos e de alto grau de risco”, confessa.

Apesar de ter treinado sky surf (surfe aéreo) e base jump no exterior (Estados Unidos e Europa), onde morou por vários anos, Sabiá diz acreditar que as competições de surfe aéreo acabaram. Algo que não é difícil de compreender devido ao grande número de acidentes já ocorridos.